sábado, 1 de janeiro de 2011

Terapia Focada na Solução

Terapia Focada na Solução - (Capítulo 12)


Construção sobre sucessos passados

A terapia focada na solução (T.F.S) traz na sua formação a simplicidade e a clareza do modelo do MRI, todavia reorienta seu foco de forma diferente. "Enquanto uma abordagem visa ajudar os clientes a repetirem menos o que não funciona, a outra promove mais realização do que funciona".

A TFS ouve a queixa trazida pelos clientes e busca as situações de exceção, situações nas quais o problema não acontece.

Enquanto o modelo do MRI se detém no comportamento a TFS enfatiza a solução, vez que entende que as pessoas que procuram o processo terapêutico têm capacidade e eficiência, contudo, estão naquele momento, paralisados em seus problemas. Desta forma, procura realçar as experiências nas quais os clientes se saíram vitoriosos.

Para os clientes os problemas são vistos como primários e as exceções como secundárias. A TFS, inverte essa ordem. As exceções são mais valorizadas e precisam ser incorporadas, ampliadas, ao repertório familiar.

A TFS originou-se de um trabalho de um grupo de estudiosos (1979), no qual Steve de Shazer aparece como principal criador, e, Insoo Kim Berg como uma grande orientadora da prática dessa abordagem.

A TFS direciona o olhar para o futuro, pois acredita que é lá que os problemas podem ser resolvidos. Seus terapeutas não aceitam a ideia que as dificuldades tenham motivações ocultas. Reforçam que os clientes querem realmente mudar.

A abordagem voltada à solução foi influenciada por Erickson que defendia a capacidade das pessoas, e, que só era preciso alterar um pouco suas perspectivas para liberar os seus potenciais.

O contrutivismo fala que a linguagem molda a realidade. A TFS vai além, pois afirma que a linguagem cria a realidade.

Partindo dessa premissa, a abordagem desenvolve um diálogo terapêutico que passa da "fala problema" para a "fala solução".

O objetivo da TFS é procurar resolver as queixas trazidas pelos clientes, auxiliando-os a pensarem e fazerem algo diferente, em busca de se sentirem mais satisfeitos. Para tal, reforçam que a pessoa já tem dentro de si capacidade e habilidades para resolver suas dificuldades, mas não percebem, vez que estão prisioneiros dos seus entraves.

Então o terapeuta trabalha junto aos clientes na criação de objetivos claros e exequíveis, fazendo-os falar sobre os seus desejos para o futuro: O que chamamos de construção colaborativa de narrativas orientada para a solução.

O terapeuta focado na solução não procura entender como os problemas se desenvolveram, nem também acerca dos padrões de comportamento. O foco é no padrão de comportamento quando NÃO existia o problema( exceção).

Algumas perguntas essenciais na TFS:

Na sua opinião qual é o problema agora?

Como voce saberia que o problema foi resolvido?

Como voce saberá que não precisa vir mais aqui? Quais serão os sinais ?

O que terá que ser diferente para que isso aconteça em termos do seu comportamento, sentimento e pensamentos?

O que voce perceberá que está diferente nas outras pessoas envolvidas na situação?

Quais são as mais loucas fantasias sobre o que voce quer que aconteça?

Em relação às Técnicas terapêuticas, o processo se desenvolve em tres estágios:

1- O terapeuta redimensiona o problema sob uma ótica positiva e funcional. Tece elogios à  perseverança e capacidade do cliente;

2- O terapeuta trabalha voltado à compreensão no sentido que o cliente perceba o vínculo lógico que ele criou para si mesmo, que o aprisiona.

3- Associa uma diretiva do tipo hipnótico a um sinal inevitável de sucesso e progresso.

obs: Na página 329 são descritas importantes sugestões utilizadas na TFS.

No final de cada sessão o terapeuta reforça o processo através de uma mensagem- resumo, falada nos últimos cinco minutos da sessão. Essa mensagem- resumo acontece da seguinte maneira:

1- Resumo do que foi falado;

2- Elogios pelas ações positivas;

3- Enquadre para contextualizar a situação difícil do cliente, fazendo um reforço na normalidade da situação;

4- Orientação de tarefa para ser realizada durante a semana.

Importante ressaltar o valor dado às tarefas denominadas de "tarefas de fórmula". Em uma dessas tarefas, já na primeira sessão, o terapeuta pede a todos que observem o que na vida deles gostariam de manter. Esse direcionamento leva o olhar para a criação de pontos de vistas mais otimistas, em vez de ficar buscando as causas dos problemas repetitivos.

"Assim uma solução é um produto conjunto da conversa, entre terapeuta e cliente sobre tudo que o problema/queixa NAO é".

Perguntas de manejo visam auxiliar os clientes a perceberem que têm mais recursos que imaginam. Por exemplo: O que voce fez para evitar piorar? Quais as estratégias que usou para melhorar a situação?

Nos casos mais resistentes onde os clientes não identificam suas vitórias passadas, é importante que o terapeuta se volte para situações de sucesso futuro, lançando mão de questões de milagre, fazendo as seguintes indagações:

Suponha que em uma noite que voce estivesse dormindo acontecesse um milagre e sua dificuldade maior fosse resolvida. Como voce saberia que o problema acabou? O que estaria mais acontecendo?

Como voce e sua família estariam se sentindo? ATFS entende que essas e mais perguntas similares despertam nos clientes motivação e ação para criação de objetivos, como ainda alternativas de solução.

É também essencial que os clientes ativem sua capacidade de solução até mesmo quando os problemas ainda não foram resolvidos, mediante postura positiva, voltada à força.

"Como qualquer outra terapia, a abordagem voltada à solução provavelmente não será muito efetiva se o terapeuta na pressa de chegar aos seus próprios objetivos, deixar de escutar os clientes e de fazer com que eles se sintam compreendidos".

Algumas críticas à TFS dizem respeito ao seu olhar não circular, pois o foco é no positivo e o negativo é desconsiderado.

Quais as garantias que o cliente pode ter em relação ao todo do seu processo, uma vez que não foi validado na sua escuta mais ampla, quando precisou se deter no seu sofrimento?

Como ser verdadeiro com os resultados terapêuticos, uma vez que o terapeuta trabalha mais voltado à vitória?

Sabemos do significado de um olhar voltado à capacidade e ao otimismo, todavia os clientes têm suas histórias, narrativas doloridas, fracassadas, as quais precisam ser faladas, acolhidas, exploradas e ressignificadas.

Base de leitura do resumo: Terapia Familiar: conceitos e métodos / Michael P. Nichols, Richard C . Schwartz;  tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese.-7ed.- Porto Alegre: Atemed, 2007

Terapia Familiar Narrativa

Terapia Familiar Narrativa- ( Capítulo 13 )


Re- historiando vidas

A terapia familiar narrativa tem o seu modelo baseado no Construcionismo Social. Os significados dados aos fatos pelas pessoas é o seu principal alvo.

Michael White juntamente com David Epston, na década de 1970 foram os pioneiros da visão construcionista social da terapia familiar.

Harlene Anderson e Harry Goolishian entre os anos de 1980 a 1990, trabalharam seguindo a linha construtivista, dentro de uma forma que facilitou uma postura mais democrática entre terapeuta e cliente. Juntamente com Lyn Hoffman e outros formaram um grupo de terapeutas narrativos, o qual reforçava uma visão pós- moderna da terapia, que tinha como principal objetivo o cuidar .

Foi desenvolvida ainda uma visão mais cooperativa e horizontal do papel do terapeuta, desmistificando a sua postura de perito, de especialista.

Outro profissional muito importante na democratização do processo terapêutico foi o psiquiatra norueguês Tom Andersen, criador da equipe reflexiva.

Nessa abordagem narrativa, além do terapeuta e do co- terapeuta na sala de terapia, uma equipe de terapeutas observa a terapia por trás de um espelho, em uma sala específica. Esses observadores, quando chamados pelo terapeuta, e com a devida autorização dos clientes, vão até a sala e fazem suas observações acerca do processo, mas sem interagir com os clientes, que somente voltam a falar depois que a equipe reflexiva se retira.O terapeuta explica aos familiares que se quiserem podem falar acerca do que foi dito pela equipe.

A função da equipe reflexiva, como bem fala o nome, é fazer os familiares refletirem sobre algum assunto, considerado significativo pela equipe, que não ficou claro, ou não foi muito explorado, ou apenas silenciado...A função da equipe reflexiva é principalmente tocar os clientes naqueles significados que são essenciais à uma melhor compreensão dos sentimentos, pensamentos, vivências...

"Esse processo cria um ambiente aberto em que a família se sente parte da equipe, e os terapeutas sentem mais empatia pela família".

É necessário que na abordagem colaborativa, o terapeuta possa adotar uma legítima posição do não saber ( não ter a verdade que os clientes tanto pedem), e procurar desenvolver genuína curiosidade pelos processos familiares.

Um outro grande colaborador à psicologia pós- moderna foi o psicólogo social Knneth Gergen( 1985) construtivista, que reforçou o poder das interações sociais na criação dos significados das pessoas. Os terapeutas colaborativos se baseiam em Gergen ao explicar o self como um fenômeno socialmente construído.

O Construcionismo Social afirma que não existe o monopólio da verdade, vez que as verdades são construções sociais. Sendo o processo terapêutico um local de diálogo, os terapeutas e clientes, colaborativamente, podem trabalhar conversando sobre os diversos significados mediante respeito e flexibilidade, investindo juntamente com o grupo familiar à construção de novas leituras.

A terapia narrativa afirma que os problemas não estão nas pessoas ( visão psicanalítica) ou nos relacionamentos ( teoria sistêmica) e sim nos pontos de vista, nos significados relativos as pessoas e suas interações. Uma função terapêutica essencial é fazer os clientes reverem e reavaliarem os seus pontos de vista.

" Importante observar que as explicações e histórias que contamos a nós mesmos, organizam a nossa experiência e moldam nosso comportamento".

Essa histórias são valiosas: Determinaram nosso passado, constrem nosso presente e podem criar o nosso futuro. Por esse motivo a necessidade de um olhar mais atencioso às histórias que precisam ser mantidas e àquelas que necessitam de transformação nos seus significados, para a melhoria do clima familiar.

Com essa visão o terapeuta narrativo trabalha junto com os clientes para que possam compreender e transformar suas histórias problemáticas em significados mais construtivos, através de uma visão desconstrutiva das suas histórias atuais. Utilizam para tal várias técnicas, dentre as quais ressalto a Externalização. Essa técnica leva ao cliente a olhar o problema fora da sua pessoa. O problema passa a ter "vida própria", para que a pessoa possa analisar os pressupostos incapacitantes que apóiam a dificuldade.

Por exemplo: Um homem se identifica como depressivo e tenderá a ver o mundo através dessa lente.

Se o homem for levado a refletir que a sua depressão está levando a melhor, então talvez consiga se lembrar de situações de eficácia, nos quais não foi vencido por uma atitude deprimida.Nesse momento, reforça-se sua eficácia e vitória.

Michael White não aceitava que as pessoas ficassem reféns das suas histórias derrotistas. Procurava mostrar que as pessoas não são os seus problemas, reforçando, como estratégia terapêutica, em situações pertinentes, confiança crescente nos seus clientes.

Outra técnica muito eficiente é o mapeamento da influência do problema sobre a família. O terapeuta propicia uma exploração, ouvindo cada um dos familiares, acerca dos significados que as dificuldades tem para eles e para a família como um todo.

A etapa seguinte é o mapeamento dos recursos da famíla, ou seja, as influências da família sobre o problema.

Na maioria do processo terapêutico as intervenções são mediante perguntas. Raramente se faz interpretações, ou afirmações.

Investindo-se, continuadamente em perguntas reflexivas, o terapeuta vai realizando o que denominamos de perguntas de influência relativa. Perguntas tais como: Quando dona agressividade consegui te dominar? Qual a atitude que dona agressividade mais faz voce fazer? Quando os seus ataques de fúria viram que já não tinham mais força sobre você? Quando Maria conseguiu reagir a tremenda pressão que o alcoolismo exerce nela?

As estratégias da terapia narrativas seguem tres estágios:

1- Estágio narrativo do problema: reformular o problema como uma aflição ( externalizar) ao focar seus efeitos em vez das suas causas;

2- Encontro de exceções: achar triunfos parciais sobre o problema e exemplos de ação efetiva;

3- Recrutamento de apoio

Abaixo relacionamos os principais tipos de perguntas que são usadas, com mais frequente, na terapia narrativa:

Perguntas de desconstrução:-Externalização do problema.

Ex:O que a sua ansiedade faz voce fazer?

Perguntas para abrir espaço: -Descobrir resultados positivos.

Ex : Cite um momento onde a ansiedade poderia ter assumido o seu controle mas voce não permitu.
   

Perguntas de preferência: -Saber se os resultados positivos representam experiências preferidas.

Ex: Essa forma de lidar com a ansiedade foi melhor ou pior para voce?

Perguntas sobre o desenvolvimento da história- Criação de uma história a partir de um resultado positivo.

Ex :Quem seria a primeira pessoa a perceber essa mudança positiva em você?

Perguntas sobre significados- Desafiar modelos negativos de si e enfatizar o positivo.

Ex: O que essa forma mais positiva de lidar com as situações diz de você?

Perguntas para estender a história para o futuro- Apoiar a atitude de mudança e reforçar a capacidade.

Ex :Diante desse seu progresso, como voce se ver no próximo ano?

"A abordagem familiar narrativa baseia-se em duas metáforas organizadas: narrativa pessoal e construção social... os terapeutas narrativos quebram os grilhões das histórias prejudiciais ao externalizar os problemas e criam espaços de flexibilidade e esperança".

Lígia Oliveira-terapeuta de família/casal e psicanalista.

Base de leitura para o resumo : Terapia familiar: conceitos e métodos/Michael P.Nicchols, Richard C.
Schwartz; tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese-7ed.-Porto Alegre : Artmed, 2007

Terapia Familiar Estrutural

Terapia Familiar Estrutural- ( Capítulo 7 )


A organização subjacente da vida familiar

Quando se fala em terapia familiar estrutural o primeiro nome que vem na nossa lembrança é o de Salvador Minuchin. Nascido na Argentina mudou-se para os Estados Unidos, país no qual desenvolveu sua vida científica e profissional ( década de 1950). Lá conheceu Jay Haley,e, essa amizade contribuiu, positivamente, ao campo científico nas áreas da Psiquiatria e Terapia Familiar.

A terapia familiar estrutural tem um foco mais direcionado à estruturação dos comportamentos familiares.

A terapia estrutural facilita o conhecimento familiar mediante a criação de um esquema para análise dos processos interacionais.

São tres os fatores principais ditados pela terapia familiar estrutural para o entendimento da organização da estrutura das famílias:

Estrutura- formas apreendidas de se comportar;

Subsistemas- família de origem, casal, filhos, irmãos...

Fronteiras - triangulações,coalizões,alianças, sistema hierárquico sistema de

autoridade...

.

Estrutura: Padrão de comportamento através do qual os familiares interagem: repetições de atitudes, padrões mais duradouros, regras, expectativas que tendem a se prepetuar...

"Seja qual for o padrão escolhido pela família ele tende a se autoperpetuar. Embora existam alternativas, as famílias provavelmente não as considerarão, até que uma mudança nas circunstâncias produza estresse no sistema".

A estrutura de uma família é singular, assim como a personalidade de cada indivíduo.
É essencial o olhar atento do terapeuta para compreender e diferenciar, na dinâmica familiar as estruturas dominantes e as subordinadas.

As estruturas dominantes são aquelas nas quais as ações familiares se baseiam.
As estruturas subordinadas são menos solicitadas , todavia essenciais à família.

 Ex: Quando uma mãe é a responsável maior pela educação dos seus filhos e o pai como auxiliar dessa função, conversam juntos sobre o processo educativo; o mesmo está construindo uma estrutura subordinada.

O terapeuta necessita ter um foco atencioso nas interações concretas dos familiares, para um bom entendimento da estrutura familiar.

Subsistemas: A família é formada por diversos subsistemas e diferencia-se a partir deles: sistema conjugal, sistema parental, sistema filial, sistema fraterno.

Nesses diversos subsistemas cada pessoa tem seus papéis e funções.

Fronteiras: Os indivíduos, os grupos de subsistemas, a família como um todo são demarcados por fronteiras interpessoais, invisíveis, as quais têm a função de colocar limites no contato uns com os outros.

As famílias que não "trabalham" adequadamente as fronteiras dos seus subsistemas aumentam as suas possibilidades de terem problemas relacionais futuros.

Nas famílias funcionais as fronteiras são delimitadas de forma clara, tendo como objetivo propiciar a autonomia e a independência dos seus membros, mas também reforça a afetividade e a ajuda mútua.

De maneira geral , as fronteiras familiares poderão se apresentar das seguintes formas:

                               Rígidas-     Flexíveis  -    Difusas-   Emaranhadas.

Rígidas- Apresentam comportamento de fechamento às mudanças. É comum observarmos, nessas famílias distanciamento afetivo entre seus membros por excesso de apego às idéias, razões, crenças...

Flexíveis- Vivência de abertura ao diálogo, posturas com mais flexibilidade à escuta, sentimento de pertencimento familiar, papéis bem definidos.

Difusas- fronteiras frouxas, comportamentos ambivalentes, distanciamento afetivo emocional.

Emaranhadas- Não se diferenciam os papéis individuais dos familiares e conjugais. As pessoas são tão misturadas que uma parece ser parte da outra.

Um comportamento que também  aparece quando estudamos as fronteiras familiares é o que chamamos de violação das funções de fronteiras.

     Ex: Um filho desenvolvendo a função de pai, esposo...

Outras vivências da família importantes à compreensão do processo terapêutico são as alianças, triangulações e coalizões.

Em relação às alianças o terapeuta precisa focar a formação dessas alianças, temporárias e estáveis, entre os membros familiares, principalmente no que concerne aos objetivos das alianças. Ou seja, se estão a serviço da mudança positiva, ou se reforçam e mantém o sintoma.

Triangulações- Ocorrem quando cada membro familiar elege um terceiro, de modo que esse se ver obrigado a cooperar um momento com um e outro momento com o outro.

Coalizão- Membros da família determinam um terceiro como fonte do problema.

Em relação às fronteiras conjugais essas são delimitadas de forma saudável quando o casal aprende a acomodar as necessidades mútuas e os estilos de interação. As trocas são equilibradas, e ambos procuram aprender a dar e receber mediante conversas e acordos de convivência.

Quando chegam os filhos, o sistema conjugal precisa criar fronteiras que separe, positivamente, os sistemas parental e conjugal. Essa postura é essencial pois permite também aos filhos interagir com o subsistema parental, respeitando o espaço do casal.

"Os sistema familiares precisam ser suficientemente estáveis para garantir a continuidade, mas suficientemente flexíveis para se acomodar às mudanças na estrutura".

As dificuldades na família têm origem na não adaptação dos seus membros às condições internas e externas. Assim sendo, surgem as disfunções, por conta do estresse mal administrado.

A terapia estrutural procura junto aos familiares redefinir conteúdos e formas que possam alterar, positivamente, sua estrutura disfuncional. É função do terapeuta ativar as estruturas adaptativas latentes que já fazem parte do repertório familiar. Trabalho que acontece através de vários encontros com toda a família, nos quais os seus membros buscam alternativas de solução à melhoria da dinâmica familiar.

Em um primeiro momento, o terapeuta procura compreender a leitura que os familiares tem acerca do problema e facilita interações à criação de padrões alternativos capazes de trazer transformação à estrutura familiar. Para tal se utiliza de várias técnicas( aprofundar com a leitura completa do capítulo ), entre as quais a encenação. Nessa técnica o terapeuta pede aos familiares mostrar, mediante uma dramatização, como a família se comporta diante de uma situação específica. Depois o terapeuta faz observações sobre a encenação, trazendo reflexões e soluções que podem melhorar a organização da família.

No seu livro Família e Terapia Familiar, Minuchin apresenta as tres fases, em relação ao terapeuta, que se sobrepõe ao processo de terapia familiar. São elas:

Reúne de toda a família com o terapeuta em posição de liderança;

Mapeia a estrutura familiar subjacente;

Intervém para transformar essa estrutura.

obs- Essa sequência pode parecer simples, mas complica em função das múltiplas variedades de padrões familiares.

É essencial saber que o profissional após vasto estudo sobre os aspectos técnicos da terapia estrutural precisa, atenciosamente, entender o momento e a dinâmica adequada de utilização.

Importante lembrar que no início terapêutico o terapeuta necessita fazer uma adequação entre o seu fazer profissional e a estrutura possível da família.

Vai, aos poucos, investindo na confiança da relação, e passo a passo, sai um pouco dessa posição central, para que os familiares se apropriem da sua autonomia e possam criar condições à mudança da sua desorganização estrutural.

Os resultados dessa dinâmica relacional são, conjuntamente, enquadrados dentro dos subsistemas e suas fronteiras, para serem utilizados na busca dos caminhos mais funcionais.

"O modelo estrutural orienta o olhar além do conteúdo dos problemas, e, até além da dinâmica da interação, para a organização subjacente, que sustenta e limita essa interações.

Muita coisa mudou desde de 1974, mas o modelo estrutural continua sendo a maneira mais ampla utilizada de se compreender o que acontece com a família nuclear".

Lígia Oliveira- Terapeuta de família/casal e psicanalista

Base de leitura para o resumo: Terapia familiar : conceitos e métodos/ Michael P. Nichols, Richard C.
Schwartz; tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese.-7ed.- Porto Alegre : Artmed, 2007

Terapia Familiar Estratégica

Terapia Familiar Estratégica- ( Resumo do capítulo 6 )


Terapia de soluções de problemas

A terapia familiar estratégica teve seu apogeu entre os anos de 1970 a 1980. Os nomes mais citados dessa abordagem são: Jay Haley, John Weakland, Mara Silvini, Bateson, Miltom Erickson, Boscolo, Cecchin.

Conhecida como a abordagem mais voltada à resolução de problemas, recebeu, posteriormente, inúmeras críticas, em função de ter um caráter "manipulador, vez que o cliente era "levado à mudança com ou sem colaboração".

Críticas à parte, a terapia estratégica, deu significativa contribuição ao processo terapêutico familiar, pela utilização de poderosos insigts. Pontua a abordagem que os membros familiares, frequentemente, perpetuam seus problemas por repetições de soluções mal direcionadas e que diretrizes terapêuticas adaptadas às necessidades específicas de cada família, podem muita vezes produzir mudanças súbitas e decisivas.

A terapia estratégica teve sua origem na Teoria da Comunicação desenvolvida por Bateson , no seu projeto de estudo acerca da esquizofrenia e evoluiu em tres modelos diferentes: Terapia do M.R.I., terapia estratégica de Haley e Madames e modelo sistêmico de Milão. Todos os tres modelos nasceram no Mental Research Institute.

A terapia estratégica teve influência dos estudos Milton Erickson( famoso hipnoterapeuta) o qual afirmava que as pessoas podiam mudar subitamente, mediante suas experiências com a hipnose. Erickson transformou a terapia estratégica em um processo muito breve.

No contexto familiar as mensagens são padronizadas como regras que têm como objetivo preservar a homeostase familiar.

Na terapia estratégica são analisadas as respostas dos membros familiares às regras e estudados os padrões de comportamento. Nesse processo, avalia-se os feedbacks familiares que investem na homeostase da família, e rejeitam a mudança, e os que favorecem à transformação.

O objetivo é focar as interações que perpetuam a dificuldade que podem ser modificados, em vez de se aprofundar nas causas subjacentes, as quais, segundo a visão estratégica, nem sempre são sensíveis à mudança.

Haley também foca o olhar na estrutura de hierarquia familiar e diz:"A perturbação de um indivíduo está em proporção direta com o número de hierarquias defeituosas nas quais ele se insere".

Tanto Haley como Silvini pontuam que os terapeutas familiares precisam ficar atentos aos jogos de poder das interações familiares como ainda, observarem bem a função protetora dos sintomas para toda a família.

A terapia familiar estratégica apresenta tres explicações básicas de como os problemas se originam:

1- As dificuldades são transformados em problemas crônicos, em função de soluções ineficientes;

2- Os problemas são consequências de hierarquias incongruentes;

3- As dificuldades acontecem quando os familiares tentam esconder ou negar a função do sintoma , para o grupo familiar como um todo.


Os terapeutas familiares estratégicos, de foco breve, trabalham para que seus clientes estabelecam seus próprios objetivos, tendo como meta imediata mudar as respostas comportamentais dos familiares aos seus problemas. Nesse período eram enfáticos em atribuir a responsabilidade da mudança do cliente somente ao terapeuta.

Mais adiante, Boscolo e Cecchin desenvolveram uma terapia estratégica afastando-se das diretivas e manipulações, passando a se interessarem mais pelo processo, histórias e significados familiares.

O modelo do Mental Research Institute traz na sua abordagem estratégica os seguintes passos ao processo terapêutico:

- Introdução à organização do tratamento;

- Investigação e definição do problema;

- Apreciação do comportamento que mantem o problema;

- Estabelecimento de objetivos de tratamento;

- Seleção e execução de intervenções comportamentais;

- Término.

São várias as técnicas utilizadas que ainda hoje fazem parte do instrumental da terapia estratégica, tais como conotação positiva e vivência de rituais.

Haley avaliava que para um processo terapêutico ter sucesso, precisava começar bem. Assim sendo, direcionava muita atenção ao processo inicial do tratamento. Independentemente de quem era apresentado como o paciente identificado, entrevistava todos os familiares. Esse estudo inicial obedecia aos seguintes estágios: estágio social,estágio do problema, estágio de interação e estágio de estabelecimento de objetivos.

A partir de 1990 modelos terapêuticos mais colaborativos, se distanciaram um pouco da terapia familiar estratégica. Todavia é essencial que não desmerecemos os fatores valiosos dessa abordagem, tais como:"Ter um objetivo terapêutico claro, antecipar como os familiares reagirão às intervenções, compreender e não perder de vista as sequências de interações e utilizar diretivas criativamente".

Lígia Oliveira- Terapeuta de família/casal e psicanalista.

Base de leitura para o resumo: Terapia familiar : conceitos e métodos /Michael P. Nichols, Richard C. Schwartz; tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese. -7ed.- Porto Alegre : Artmed, 2007

Terapia Sistêmica de Bowen

Terapia Sistêmica de Bowen -( Resumo Capítulo 5 )


Uma abordagem intergeracional à terapia familiar

Murray Bowen, psiquiatra, um dos principais fundadores da T.F.(1940), teve seu interesse mais voltado às famílias quando trabalhava com seus clientes portadores de esquizofrenia e suas respectivas mães. Bowen ampliou seu estudo e prática para dentro dos relacionamentos familiares.

De acordo com Bowen o relacionamento humano é estimulado por duas forças que se equilibram: a individualidade e a proximidade. A dificuldade acontece quando a família fica polarizada em um desses fatores.

O sucesso em conciliar esses dois polos, a aprendizagem para vivenciar, adequadamente, as emoções, Bowen denomina de : Diferenciação do self.

Segundo Bowen todas as famílias passam por estágios de fusão e diferenciação.

"A diferenciação do self é a capacidade de pensar e refletir, de não responder automaticamente a pressões emocionais internas e externas. É a capacidades de ser flexível e agir sabiamente mesmo diante da ansiedade".

Quando existe a indiferenciação as pessoas são, facilmente, levadas à atitudes carregadas de emotividade. A marca principal desse comportamento é a reatividade, que pode acontecer mediante comportamento submisso, ou desafiador. As pessoas indiferenciadas se comportam ou através de uma atitude de concordância cega, ou de ser contrário a tudo. Têm dificuldades em desenvolver uma autonomia familiar em relação à crenças, atitudes...

"Libertar-se envolve analisar o próprio papel como um participante ativo no sistema relacional em vez de culpar todo o mundo, exceto a si mesmo pelos problemas"

obs: A terapia Familiar de Bowen se detém sobre o estudo de formulações teóricas, as quais poderão ser aprofundadas mediante interesse do leitor no capítulo já mencionado anteriormente.

São observados no processo terapêutico fatores tais como : diferenciação do self ( um pouco já falado acima), triângulos emocionais( os quais Bowen deu bastante atenção e também reforça o cuidado ao terapeuta para não ser triangulado pela família), processo emocional da família nuclear, processo de projeção familiar, processo de transmissão multigeracional, posição do nascimento dos irmãos, rompimento emocional e processo emocional societário.

Os fatores acima favorecem a leitura do padrão de comportamento familiar e como as influências dos referidos aspectos participam ao desenvolvimento mais funcional ou disfuncional da família .

Na T.F. boweniana podemos dizer, que um dos seus principais objetivos gerais é trazer a oportunidade às pessoas de aprenderem mais sobre si mesmas e seus relacionamentos para que possam assumir as responsabilidades pelos seus atos. Desta forma, é necessário muito atenção ao processo e a estrutura familiar. Ou seja: os processos dizem respeito aos padrões de reatividade emocional e a estrutura à rede interligada de triângulos.

Mais especificamente, na terapia de casal, os objetivos centrais tem como base melhorar o foco no self, diminuir a reatividade emocional e modificar os padrões disfuncionais.

A Terapia Familiar de Bowen auxilia os familiares e cônjuges a enfrentarem seus limites e possibilidades, avaliando-os mediante perguntas reflexivas, investindo em instrumental técnico como o uso do genograma. ( Bowen valoriza as heranças familiares e as suas influências na família).

As técnicas mais utilizadas por Bowen incluem, o genograma,( já citado acima), perguntas que envolvem o processo, experiências de relacionamento, destriangulação, treinamento, tomada de "posição-eu, e histórias de deslocamentos.. Vale salientar que o próprio Bowen falava para que o terapeuta tivesse cuidado na aplicação das técnicas, pois a compreensão do funcionamento familiar é mais importante de que qualquer instrumental técnico.

"Se houvesse uma pílula màgica na terapia boweniana- uma técnica essencial-, ela seria a " pergunta de processo". Perguntas de processo são indagações destinadas a explorar o que acontece dentro das pessoas e entre elas".

obs:Explicação das técnicas:páginas 153 e 154 do capítulo 05.

A terapia boweniana trabalha no sentido de diminuir o foco nos sintomas e aprofundar a dinâmica processual familiar. Uma função significativa terapêutica é favorecer os familiares a valorizar o caminho da auto- descoberta.

" Murray Bowen fez imensas contribuições ao nosso entendimento de como funcionamos como indivíduos, como nos relacionamos com nossas famílias e como esses dois aspectos estão relacionados".

obs: Bowen teve um colaborador Guerin, que produziu alguns livros muito importantes da Terapia Familiar.

Lígia Oliveira- Terapeuta de família/ casal e psicanalista.

 Bse de leitura para o resumo: Terapia familiar: conceitos e métodos/ Michael P. Nichols,
 Richard C.Schwartz; tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese-7ed.-Porto Alegre:
 Artmed, 2007

Breve resumo e histórico da Terapia Familiar

AS ESCOLAS CLÁSSICAS DA TERAPIA FAMILIAR- Breve resumo- Lígia Oliveira
 

    www.terapiacasalefamilia.blogspot.com

Antes de começar os resumos das várias abordagens em Terapia Familiar avalio como importante falar acerca desse meu trabalho.

Sei que é essencial um olhar mais aprofundado acerca desse tema, a todos os profissionais que vivenciam a Terapia Familiar. Todavia, sinto, em algumas situações, a vontade de rever, conceitos, experiências, interações, trocas, avanços, relatos de casos, de forma mais breve, das diversas escolas de Terapia Familiar Sistêmica.

Desenvolver esse olhar mais integrativo e poder, sistemicamente, nos "apropriar" desses conteúdos teóricos e práticos, poderá muito nos auxiliar tanto no nosso ser pessoa, como no nosso fazer profissional.

É dentro desse olhar que desenvolvo esse trabalho.

obs: Os referidos resumos têm como base de estudo o livro (o qual recomendo para aprofundamento) Terapia Familiar, Conceitos e Métodos de Michael P.Nichols e Richard C. Schwartz,7 ed. Porto Alegre: Artmed,2007

Em cada resumo identifico o número do capítulo do referido livro.

TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL- Breve histórico

A Terapia Familiar teve seu início na década de 1950. Muitos foram os seus colaboradores, dos quais podemos citar Gregory Bateson e Nathan Ackerman, os quais aparecem como pioneiros nos Estados Unidos.

Já nesse período, a T. F.( Terapia Familiar) tinha a compreensão da família dentro de uma abordagem na qual o grupo familiar era estudado como um grande sistema.

Mais na frente, de 1960 a 1970, mediante o desenvolvimento da T.F. a mesma assumiu várias modalidades de nomes, de acordo com as suas mais diversas escolas, dentre as quais destaco: Sistêmica, Estrutural, Estratégica, Boweniana, Experencial. Esses modelos, juntos, rejeitavam o modelo psicanalítico e se uniram em torno do modelo sistêmico.

Aos poucos, a abertura e o desenvolvimento da T.F. proporcionaram a integração de várias correntes tais como a T.F. Psicanalítica, Cognitivo Comportamental, Narrativa, Focada na Solução, como ainda modelos integrativos.

Muitos são os estudiosos da T.F. dentre os quais podemos citar: Bateson, Ackerman, Salvador Minuchin, Jay Haley, Virgínia Satir, Murray Bowen, Tom Andersen, Monica McGoldrick, Harlene Anderson...

No Brasil podemos ressaltar como grandes nomes da T.F. dentre outros: Marilene Grandesso, Maria José Esteves, Terezinha Féres, Rosa Macedo, Sandra Fedulo, Roberto Faustino( Recife), Rosana Rapizzo, Luiz Carlos Prado...

Antes da T.F. a pessoa era vista como o foco principal do problema, e, o objetivo central terapêutico recaía sobre o "portador" do problema, ou seja o"paciente identificado".

Atualmente, uma dificuldade apresentada por um "filho problemático", faz o processo terapêutico buscar também como alvo de estudo o seu contexto relacional, e suas influências recíprocas, ou seja a circularidade das influências familiares no indivíduo e da pessoa no sistema familiar .

Entendemos que o sistema familiar vivencia interações que vão repercurtir no seu desempenho, tanto no seu ambiente interno como externo. Asim sendo, como já mencionada anteriormente, vemos a compreensão da circularidade como um dos principais pilares da T.F. Estuda-se, atenciosamente, as sequências interacionais dos familiares, para um olhar mais aprofundado acerca dos fatores que estão "segurando"o padrão comportamental familiar.

Sabe-se que todo sistema faz parte de um sistema maior, por esse motivo, a necessidade de se relacionar a família, observando-se sua rede de subsistemas, mediante a leitura de contextos mais amplos, ou seja: indivíduo, grupo, comunidade, sistema de crenças, cultural, político...

A família é compreendida como um sistema aberto, e, dependendo de como "administra" suas relações, poderá "trabalhar" para diante de um desafio, problema, continuar na sua zona de conforto e não propiciar a mudança, ficando na homeostase. Pode também "trabalhar" no favorecimento da mudança buscando condições de superação e novos significados.

É importante ressaltar que a T.F. dos dias atuais, tem seus paradigmas baseados na Ciência Pós Moderna e se apóia nos seguintes conceitos:

Complexidade- Não existe só uma realidade: base no multiverso;há diferentes olhares, múltiplos significados acerca de um mesmo fato.
A T.F procura facilitar a compreensão desses saberes, investindo em uma leitura ampliada da realidade;

Imprevisibilidade -Compreender que as imprevisibilidades existem, pois muitos fatos  não estão sob o nosso controle;

Intersubjetividade- Influências recíprocas entre o observador e a realidade observada: negação da neutralidade.Ou seja, enquanto participante do processo terapêutico, o terapeuta, também, coloca nesse percurso suas vivências.

obs- Aos que quiserem aprofundar o assunto, sugiro a leitura do livro Terapia Familiar Sistêmica- Bases Cibernéticas- Maria José Esteves, 1995.

A Teoria Sistêmica nos ensina a olhar como a vida das pessoas é moldada pelas interações tanto com seus familiares como pelos contextos nos quais estão inseridos.

O contexto familiar é compreendido de forma menos objetiva, mais complexa, na qual se vai em busca dos diversos significados dos membro familiares e da família como um todo.

O terapeuta familiar deverá atuar como um facilitador, ajudando nesse processo de curar feridas e também de mobilizar talentos e recursos.

Para tal é preciso que ao trabalhar no processo terapêutico familiar, o terapeuta possa se aprofundar nos seguintes pontos significativos:

Contexto relacional;

Circularidade dos comportamentos: individual e familiar,emocional,afetivo, cognitivo...

Padrão de comportamento familiar-Abertura /fechamento à mudança;

Estrutura familiar: subsistemas, fronteiras, triângulos,alianças, coalizões, hierarquia, papéis;

Heranças familiares e suas influências : Proximidade e diferenciação, sentimento de pertencer à família através dos seus valores e aprendizados, mas também se trabalhar em busca de um sentido de autoria própria: autonomia.
Esse olhar familiar é transgeracional focando a família de origem e a família nuclear.Muitas vezes, trabalhamos com a compreensão de tres gerações.

Processos dc Comunicação;

Crenças, valores, significados;

Ciclos de vida familiar;

Função do sintoma na familia;

obs- Os ítens acima são frutos da minha prática clínica, podendo, dependendo da singularidade de cada caso, serem complementados, modificados...

O terapeuta familiar sistêmico procura desenvolver uma epistemologia voltada à atenção de como evolui na sua forma de conhecer, atuar, mediante a observação atenta dos seus valores, sua visão de mundo, e a forma através da qual faz a integração desses fatores ao contexto terapêutico.

Seu olhar é, continuadamente, voltado ao contextual, ao relacional, sem esquecer também o valor do fator individual em cada sistema familiar, refletindo o terapeuta, que ao mesmo tempo que é parte integrante do sistema, haverá momentos nos quais precisará desse sistema tomar uma cautelosa distância.

Contextualizando uma visão pós- moderna, sistêmico- si - cibernética, dentro do conceito da Terapia  familiar , 1980, ( Maria José Esteves) é importante reforçar os seguintes pontos:

 Entender que  a família é um sistema aberto e que o terapeuta não estar a serviço de reparar ou consertar a disfunção. Importante o trabalho cooperativo entre família e terapeuta voltando o olhar à família também como recurso e não só dificuldade.

A  intersubjetividade do terapeuta deverá ser compreendida e incluída no contexto do sistema: o terapeuta deverá, ao mesmo tempo que faz parte do sistema, dele tomar distância para refletir conteúdos que são seus e das famílias.

Sabendo que não existe apenas uma realidade, o terapeuta precisa estar consciente das suas ideias que tem acerca das patologias, estruturas disfuncionais, seus preconceitos, das suas demandas, para que colocando tudo isso em parênteses, possa estar aberto para visões alternativas.

Essencial que o terapeuta aja como facilitador da autonomia do cliente, vez que ele  tem a função de "arquiteto do dialogo", que incentiva condições e facilita a abertura para a criação do espaço dialógico.

O terapeuta deverá compreender que adotar o pensamento circular não significa anular o pensamento linear, que faz parte da sobrevivência de todos nós. Importante é focalizar idéias, sentimentos e ações,compreendendo como esses se entrelaçam e contribuem ao sentido de autoria das famílias, olhando também as condições de interdependência dessas situações.

Fundamental ao terapeuta pós moderno é investir, continuadamente, no exercício de aprender sobre terapia familiar, aprender como fazer terapia familiar e aprender como ser um terapeuta de família.

Termino esse breve resumo citando Maria José Esteves na sua fala sobre a atuação do terapeuta familiar:

"Trabalhando adequadamente as reações que a família provoca nele, o terapeuta familiar, terá em mãos mais um poderoso fator de mudança da família em si próprio."

Lígia Oliveira - Resumo dos livros acima citados.

Lígia Oliveira- Terapeuta de família/casal e psicanalista