terça-feira, 28 de agosto de 2012

Só e Bem Acompanhado




Somos por natureza animais gregários e dependentes do relacionamento com o outro.
Ao nascermos, precisamos do cuidado de alguém, sem o qual não sobreviveríamos.


.Assim sendo, vamos percebendo, pouco a pouco, como nossa vida pode ganhar um colorido mais limpo e mais pesado, dependendo do nosso relacionamento com as pessoas, sejam essas familiares, e demais pessoas que fazem parte do nosso ciclo de relações. Sim, preciso do outro, da mesma forma que ele precisa de mim.
Estava pensando nessa caminhada compartilhada, quando não sei porque, me lembrei de um programa de t.v., no qual os entrevistados falavam sobre o seguinte tema: Só e Bem Acompanhado
Eram pessoas, adultas, mais ou menos na faixa entre os 45 a 60 anos, que optaram por viver sós ( apenas um vivia com a esposa).
Escolheram viver sozinhas longe do barulho das grandes cidades e de todo o burburinho que essas cidades trazem.Os motivos dessa opção eram os mais variados: espirituais, profissionais, existenciais..
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Interessante perceber que todos os entrevistados, naquele momento, não pareciam amargurados com o passado, revoltados, magoados nem queriam convencer o público sobre as suas escolhas. Meu sentimento, de maneira geral, é que todos tinham uma sutil energia no olhar: uma sensção de liberdade. Falavam uma língua comum sobra a forma de viver sozinhos sem sentirem solidão. Explicavam, cada um do seu modo, que tinham aprendido a viver no presente e aceitar as condições que a vida os ofereciam.( Penso eu: acomodação? medo? egoísmo? desapego? sabedoria?)
Ao contrário do que os outros pensavam, no meu perceber, eles eram preenchidos por uma sensação de paz e completude.
Um deles falou  que entendia que sentir-se só,  tem principalmente, relação com o eu interior e com as nossas carências, do que com a falta de alguém ao nosso lado.
Ao término do programa fiquei cheia de indagações.
Como, ao meu modo, poderia ampliar o sentido de solidão na minha vida? Avalio que seria bom se eu refletisse mais um pouco sobre a parte conceitual da solidão falada pelos entrevistados e não na parte prática. Não desejo me isolar e viver sem as pessoas queridas por perto.
Penso que primeiramente, precise olhar para a emoção da solidão de uma forma mais relativa, mas principalmente compreender, de frente, quando responsabilizo,somente o outro, pela minha solidão.
Afinal quais as minhas carências que precisam ser preenchidas para que eu fique comigo mesma e em boa companhia?
Reflexão:
Quais os momentos que voce se sente só?
Qual a emoção que vem junto?
Como voce responderia o último parágrafo?

                          Lígia Oliveira - Terapeuta de familia e casal

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

E a Sua Conversa Com Voce Mesmo ?



     E A SUA CONVERSA COM VOCÊ  MESMO?     www.terapiacasalefamilia.blogspot.com

Quantas vezes já ouvimos a afirmação: Somos aquilo que pensamos.

 Seguindo nessa linha,  poderíamos acrescentar como consequência dos nossos pensamentos: Somos aquilo que escolhemos, permitimos, alimentamos...

Nos construimos racional e emocionalmente, mediante a combinação dos nossos pensamentos e afetos com as nossas ações. Desta forma, aos poucos, escolhemos caminhos e deixamos outros, sem percorre-los. Incorporamos valores, expectativas, crenças, prêmios,vazios, muros, amores, muitos dos quais apreendidos pelas heranças familiares, como ainda, reconstruídos por cada um de nós, através de novos olhares, que vamos reeditando pelo caminho.

Paremos para refletir:
Como ando conversando comigo mesmo?
Quais as minhas falas que são centrais no meu diálogo interior que funcionam como base na forma como construo a minha vida?
Como está a sintonia do diálogo que "cobro" do outro com a minha conversa interior?
Alguns poderão dizer: Sei lá... Para que complicar? Todavia, avalio que se voce parou e leu o texto até essa parte,tem interesse em reforçar esse olhar.

Nessa parada é essencial que observemos melhor sobre o que queremos, onde pretendemos chegar, responsabilidades, expectativas,  prioridades, compreendendo as  condições e os contextos.
É frequente, em todos nós, a prática de pensamentos que chamamos de "automáticos". São pensamentos que vem à nossa mente e não refletimos, nem questionamos sobre eles. Simplesmente, os repetimos e os aceitamos como verdadeiros.

Uma conversa atenciosa conosco, trará luz  a essa automatização, pois nos ajudará a definir aqueles pensamentos que  nos prejudicam, carregados de negatividade, culpas, recriminações, medos , submissões, mágoas, arrogância... daqueles pensamentos que nos trazem experiência de crescimento individual e relacional.


E aí?  Qual a conversa interior que você vai querer começar?

                      Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal /Família e Psicanalistista

sábado, 18 de agosto de 2012

- Terapia de Casal- Aprendendo a Ser Casal- Parte II






Em relação aos tres níveis de programas voltados ao do casal focando a aprendizagem e o exercício de condições mais saudáveis, observamos que o mesmos apresentam uma caractéristica comum: A prevenção.
Os programas tem como pilar de sustentação, o trabalho direcionado aos cônjuges, para que os mesmos aprendam a resolver,  de forma funcional, os possíveis conflitos e diferenças que serão trazidos pela passagem dos diversos ciclos da vida em comum.

Importante falar que grande parte dos casais vão em busca de ajuda com o clima conjugal muito contaminado por aspectos negativos. Caso essas dificuldades fossem trabalhadas, preventivamente,teriam mais  chances de serem melhor resolvidas.
Os programas de educação conjugal trabalham os padrões de comunicação do par, através do treino de uma escuta mais atenciosa, formas menos agressivas e reativas, maneiras mais  eficazes de negociação e acordos.

Mediante dinâmicas, são colocados à luz, os fatores de risco e proteção relacional, com a atenção também voltada aos contextos, ou seja, aos extressores internos e externos.
Os principais fatores trabalhados nesses programas se dividem em dois: fatores estáticos e fatores diâmicos( Halford, Markman, Hline e Stanley, 2003).
Os estáticos são aqueles que não podem ser mudados como: família de origem, idade dos cônjuges, fase do ciclo de vida, filhos e uniões anteriores,casamento prematuro, pais, divórcios dentre outros.
Os dinâmicos são os fatores que podem ser modificados como: expectativas sobre o casamento, padrões de comportamento,capacidade de adaptação, habilidades para resolver conflitos, falta de comprometimento para com a união conjugal, crenças, atitudes...

Os programas que estão no nível educativo/assessoramento tem como objetivo a orientação aos casais voltados à compreeensão de dinâmicas preventivas, antes dos sintomas se fortalecerem. Nesses programas, são utilizados questionários com perguntas estratégicas, como primeiro instrumento de estudo, partindo-se da realidade dos casais. Em seguida os temas são discutidos para uma maior clareza das dúvidas, negociações e acordos a seguir.

Em se falando de Brasil, observamos poucos programas voltados à área preventiva da administração dos conflitos conjugais. Vemos algumas iniciativas de instituições religiosas. Contudo, no segmento terapêutico, percebemos uma cultura maior da procura por ajuda quando as relações já estão adoecidas.
Em relação aos grupos terapêuticos que visualizam a educação conjugal, esses utilizam dinâmicas e técnicas voltadas ao comportamento do par onde os casais possam compreender e melhorar seus processos de comunicação, resolução de confitos, afetividade, diferenças e semelhanças, intimidade afetiva...
"Cabe ressaltar que, na proposta de educação conjugal, todas as técnicas utilizadas vão servir como modelos externos aos casais, proporcionando a eles uma referência para outras possibilidades de interação". ( Osório, 2011)

                               Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Famili

Obs- Base de leitura para o texto: Manual de Terapia Familiar, vol. II, cap.21, Luiz Osório, Elizabeth do Valle e colaboradores,Porto Alegre, 2011 . 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Terapia de Casal- Aprendendo a Ser Casal- Parte I







 É muito importante  que o olhar terapêutico voltado`a conjugalidade, nos trabalhos direcionados à dinâmica conjugal, não se fixe com mais atenção à parte "doente" da relação. É essencial ser dado igual valor às potencialidades e aos recursos do par. A busca não pára na "patologia conjugal": Nós terapeutas sistêmicos, precisamos também, vivenciar junto ao par, seus recursos de força, humor e resiliência, muitas vezes esquecidos, em função do olhar paralisado na dor e na "culpa" do outro.
Observamos o crescimento, em alguns espaços religiosos e também terapêuticos, de grupos de casais participando de estudos e vivências com objetivos  motivados à aprendizagem de habilidades que favoreçam condições de bem estar, no dia a dia.


Nos espaços terapêuticos, os casais com a facilitação de um terapeuta, revisitam suas dificuldade emocionais, ao mesmo tempo que visualizam quais os recursos para que essa "dança" entre no compasso e no rítmo.
Sabemos que nesse bailado é natural  que os casais saiam do rítmo, errem os passos, relembrem quais os passos que os ajudam e quais os que os paralisam, tenham vontade de fazer piruetas, e sintam desejo de dançar abraçadinhos.

Voltando para uma linguagem menos metafórica, a educação voltada à melhoria conjugal, procura adequar a compreensão dos fatores de risco e proteção da conjugalidade às condições do par. Nessa perspectiva, o casal, passo a passo, poderá ir construindo e exercitando habilidades de comunicação e convivência de forma afetiva e efetiva.


" A educação conjugal está definida teoricamente como um treinameento preventivo/educativo. 
 A intervenção visa a engajar os membros do casal em um processo de aprendizagem, reflexão, conscientização e treinamento de habilidades  no intuito de que estabeleçam relações com melhores níveis de saúde e estabilidade "( Osório, 2011).
As participaçãoes dos facilitadores que atuam com objetivo direcionados à educação para a conjugalidade podem ser divididas em tres níveis( Ríos Gonzáles, 1994):

                         1- educativo
                         2- assessoramento/ aconselhamento
                         3- terapêutico
                       
 No próximo texto faremos a complementação dos programas que trabalham a aprendizagem da melhoria da conjugalidade.                    

                              Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Família.

Obs- Base de leitura para o artigo: Educar para a Conjugalidade. Que a Vida Não Nos Separe.
          Adriana Wagner e Clarisse P. Mosmann. Manual de Terapia número ,II, 2011