terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Avós, Pais e Netos: Parceria na Educação-Parte Um






O nascimento de um neto inicia entre a família de origem e a família nuclear um novo tipo de relacionamento.
Raquel de Queiroz quando fala sobre os netos reforça: "Netos são como heranças. Você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhes caem do céu. É como dizem os ingleses, um ato de Deus".
De maneira geral,  quando os pais se tornam  avós, têm mais disponibilidade de tempo, são detentores de maiores experiências de vida e aprenderam a desenvolver comportamento mais paciente / sábio, diante das necessidades da vida.
A grande maioria dos avós fica feliz em desenvolver seus laços afetivos com seus netos em atitudes de carinho, cumplicidade e mimos.
É essencial que dentro dessa prazerosa vivência os avós se voltem à  uma continua e atenciosa auto- leitura em relação aos seus papéis na avosidade..
Em entrevista, a psicoterapeuta Olga Inês Tessari sinaliza  três importantes fatores no que se refere à educação entre avós e netos, apresentando-os mediante as seguintes indagações:
    
      1- Os avós educam ou deseducam?
      2- Como ficam os avós quando têm que tomar para si o cuidado e a educação dos
           netos?
      3- Quais os requisitos necessários para que a ação educativa dos avós aconteça?
A psicologia reforça o que  o bom senso sempre falou: A responsabilidade dos filhos é tarefa dos pais. Os avós participam desse processo através de um claro papel de apoio. Nesse cuidadoso processo deverá estar claro as fronteiras e limites dessa participação .
Esse aspecto  é muito bem definido por Olga quando faz a seguinte observação, diante dessa parceria entre pais, avós e netos:
A atuação dos avós  deverá se apoiar "entre o mimo razoável que deixará o neto feliz sem nenhuma complicação, e o mimo que pode ser prejudicial". 
Para que as crianças possam compreender os caminhos que têm maior flexibilidade e os que precisam serem seguidos à risca, os avós e os pais precisam investir em conversas claras, dentro de um clima respeitoso, o qual reforça um acordo sadio de convivência. Sem conversar, cada um faz do seu modo, cria arestas entre eles, situações de conflitos de lealdade entre pais, filhos e netos e problemas de autoridade.
A psicoterapeuta também fala na entrevista que para os avós a vivência de um clima desenvolvido com atitudes carinhosas aos netos, traz influências positivas recíprocas. Existem casos nos quais os avós fazem uma releitura do seu papel de pais, se vêm muito rígidos e querem projetar nos netos, talvez, os pais mais próximos que poderiam ter sido. Caso a medida não seja adequada, abrem muito a guarda e criam netos invasivos e desobedientes.

Poderá ocorrer ao contrário. Os avós por terem sido permissivos, enquanto pais, ou até mesmo por terem a rigidez como norte, podem querer desenvolver atitudes com os netos de forma mais inflexível( exagerada) e com essa atitude estimular comportamentos  ressentidos, medrosos, dissimulados, com pouca autonomia...
Essencial aos avós poderem olhar, verdadeiramente, para os seus papéis e compreenderem a quais necessidades esses papéis respondem.
Muito necessário saber que as primeiras prioridades a serem observadas são as do neto, vez que como seres em formação,  precisam de um ambiete saudável para um desenvolvimento mais integral.
As famílias nas quais é repassado aos avós os cuidados como os netos, em função da ausência constante dos pais,( aqui não falo de morte ou abandono definitivo) é natural que aconteça uma influência maior dos avós. Poderá ocorrer conflitos por conta dos netos  se verem diante de orientações duplas e ambivalentes, uma vez  que a fala dos pais e a dos avós não seguem padrões similares.
Nessa condição, as crianças experenciam clima de jogo de poder, fazendo confusão em relação aos comandos que precisam seguir. Pode ocorrer que as crianças mais maduras ou mais perceptivas, usem esse jogo de poder entre avós e pais como estratégia à desobediência, dizer que não entendeu, mentir...
Por essa razão é sempre útil que os avós e os  pais procurem desenvolver e manter ações concretas voltadas à saudáveis regras de convivência. Um caminho nem sempre fácil, todavia, possível quando o que se está em foco é a harmonia da dinâmica familiar que exige de todos os adultos envolvidos esforço e perseverança.
Nesse percurso, seguir um roteiro de mão dupla  e ter a compreensão que a educação é compartilhada entre pais e avós, mas, salvo em raras exceções, nunca delegada a esse últimos..
   
                    Lígia Oliveira- Terapeuta de Família e Casal

obs-    Continua no próximo texto
          Sugiro a leitura sobre esse tema e outros similares no site: www.olgatessari.com

sábado, 12 de janeiro de 2013

Infidelidade e Terapia de Casal- Parte Dois


Após a vivência dos momentos mais conflituosos, quando da descobrerta da infidelidade, e, parte das emoções mais fortes terem sido exploradas, reconhecidas e compartilhadas, as ações terapêuticas caminham para um ciclo mais focado na elaboração da situação conjugal.
Nesse período, terapeuta e casal, procuram falar sobre o contexto conjugal antes da infidelidade acontecer, explorando os múltiplos fatores e suas interrelações, como ainda reavaliando a compreensão de cada um acerca da sua contribuição em relação à infidelidade.
 
É essencial o desenvolvimento de um olhar mais profundo ao clima relacional, mediante a compreensão de indicadores como conversa entre os parceiros, intimidade, proximidade afetiva, projetos comuns, vida individual, companheirismo, respeito...
 
É necessário a abordagem terapêutica levar os parceiros a ampliarem o entendimento  do sentido da infidelidade, mediante a compreensão  de que a mesma aconteceu na relação. Assim sendo, o  olhar  conjugal deverá entender que a infidelidade não é responsabilidade apenas do parceiro participante.
Dentro dessa ótica, o  companheiro magoado poderá estudar também seus momentos e atitudes que tenham contribuído ao afastamento conjugal
 
Em relação ao parceiro infiel, esse deverá falar com clareza acerca da sua participação, mediante avaliação das suas experiências, valores, heranças familiares, modelos relacionais.... Esse trajeto poderá trazer à tona, sentimentos e falas nunca antes revelados tais como: abusos, sentimentos de abandono, desvalia... os quais poderão auxiliar à leitura do quadro relacional.
 
"Quanto ao terceiro parceiro participante, é importante que o casal tenha uma atitude firme e decidida de procedimento e estabeleça limites claros em relação a ele, para manter o parceiro afastado... Quando se mostrar muito insistente pode ser que precise de atitudes mais drásticas como buscar medidas judiciais, exigir o afastamento, mudar de bairro..."( Prado, 2012)
 
Trabalhados os diversos aspectos da infidelidade, a terapia deverá se encaminhar para a fase do processo de escolha e decisão dos cônjuges: Se  a decisão é separar ou continuar o vínculo conjugal.
Caso a escolha recáia sobre continuarem juntos, deverão ser conversadas e acordadas as principais mudanças que irão beneficiar o contexto e vivência da vida a dois.
 
Sendo a decisão  voltada à separação, é função do terapeuta ajudar aos ex-cônjuges  na  compreensão de que também podem andar por esse caminho, de uma forma mais construtiva.

       Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Família

obs- Os texto sobre o tema da Infidelidade tiveram como base de leitura o livro: As Múltiplas Faces da Infidelidade Conjugal, Luiz Carlos Prado,pág,69 a 96,Porto Alegre, 2012

Infidelidade e Terapia de Casal- Parte Um



David Baucon (2009), terapeuta de casal e pesquisador do tema Infidelidade, reforça a necessidade de compreensão aos clientes, quando em Terapia de Casal, trazendo como demanda a traição afetiva, que o processo terapêutico poderá acontecer dentro de um período mais amplo, vez que as diversas fases do tratamento precisam ser bem exploradas e compreendidas.


Segundo Baucon a terapia voltada à compreensão da infidelidade conjugal pode ser dividida em tres momentos:
 1- Fase na qual o casal precisa absorver o impacto da descoberta. 2- Fase onde se trabalha a elaboração da vivência traumática: Nesse ciclo o casal vai em busca de sentido para a infidelidade, estabelecendo novas responsabilidades e propósitos de vida. 3-  Fase  da vivência com o casal sobre o significado de levar a vida em frente, seja pela continuidade da vida conjugal, ou a separação.
  
                
Observamos, tanto na teoria quanto na prática clínica, que a fase da descoberta, caracteriza-se por ser de uma crise intensa, na qual estão presentes sentimentos e comportamentos que se alternam como: mágoa, raiva, culpa, surpresa, medo, desejo de vingança...
 
As emoções são muito fortes como também ambivalentes. Ao mesmo tempo que se sente raiva, mágoa, pode vir o medo  da separação, da destruição do vínculo afetivo.
Torna-se difícil ao terapeuta caminhar buscando menos reatividade, defesas, vez que as visões dos cônjuges estão tumultuadas pela intensa carga afetivo- emocional, pela qual essa primeira fase está passando.
 
 Prado no seu livro As Múltiplas Faces da Infidelidade Conjugal (2012), diz o seguinte:
 
" Em um primeiro  momento o terapeuta deve funcionar como um bombeiro que precisa apagar um incêndio... Tirar  de perto as pessoas que não estão ajudando e trabalhar para apagar o fogo rapidamente".
 
É importante que o terapeuta fique atento e administre bem as sessões, entendendo que muitas delas poderão ser mais longas e frequentes, por se tratar de um período crítico.
Assim sendo, investe para que as conversas sejam objetivas e claras como por exemplo: se os parceiro poderão ficar ou não morando juntos, trabalhar para que o terceiro participante fique fora da relação afetiva enquanto o processo terapêutico acontecer, serem acordadas regras de conviência possíveis, objetivando a recriação do clima de confiança relacional..
 
Outro fator essencial nessa primeira fase é a compreensão do desenvolvimento de uma escuta e de um falar respeitoso, atuando o terapeuta nesse estágio, de forma mais diretiva, fazendo intervenções para que o casal saia do padrão de falas e atitudes destrutivas, da reatividade e defensividade.
Poderá haver a necessidade de encaminhamento dos cônjuges, ou de algum deles, para especialista, quando é avaliada a necessidade de estratégia medicamentosa.
 
Existem casos( menos comuns) nos quais o cônjuge infiel não opta por abandonar a terceira pessoa. Pouquíssimos são os casais que aceitam essa situação. O terapeuta precisa trabalhar com o parceiro infiel no sentido de que esse resolva a situação, em um tempo mais breve possível, pois a situação do segredo será danosa e poderá comprometer a confiança do processo..
 
Na grande maioria do processo terapêutico, essa primeira fase da terapia é permeada por ondas de descontrole, que exigem do profissional postura acolhedora, mas também mais firme, um olhar mais atento  para aprender a administrar  atitudes de agressividade, silêncios, revolta...

     Continua no próximo texto.    Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Família
 
 
 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Uma Homenagem à Minha Avó Izabel





Ultimamente, venho tendo um "olho comprido" para com os temas que falam acerca da avosidade. Reflito que essa minha curiosidade tenha um QUÊ de legislar em causa própria.
Com a chegada do meu primeiro neto, nosso querido Artur, venho descobrindo, ou melhor vamos descobrindo, eu e o maridão, que ser avós é uma experiência rica em afeto, alegria e muitos outros sentimentos de gosto doce e olhar de ternura.
Tive o privilégio de conviver com minha avó Izabel mãe do meu pai. Minha avó Zeneida, mãe da minha mãe, faleceu antes dos netos chegarem.
Vovó Izabel era bonita por dentro e por fora.Tinha no rosto e no sorriso a presença da generosidade.
Sempre atenta aos netos, à sua religião Católica, e ao seu crochet, nos ensinava, principalmente, com suas ações o valor da caridade, simplicidade e  solidariedade.
Hoje, vejo que muitos aprenderam com vó Izabel o valor da aceitação e da disponibilidade amorosa, na administração dos momentos difíceis. Nesses momentos, trazia como colo a fé e a esperança para todos.
Vó Bel tinha na mente um computador de 1000 de memória. As datas de todos os aniversários eram na ponta da língua. Lembro, agora, seu sorriso largo, quando a  perguntávamos sobre essas importantes datas. Sabia da nossa intenção da provocação, esperando que ela, pelo menos uma vez, as trocasse. Que nada! Suas lembranças traziam uma sequência de fatos passados, como se esses estivessem acontecendo no momento presente. Aos 90 anos, dizia o nome e os aniversários de todos os filhos, nora, genros, netos e netas com muito orgulho.
Hoje, olho para minhas lembranças sobre vovó Izabel e vejo que  tinha como principais senhas para sua vida feliz: a entrega baseada na amorosidade e a oração.
Constantemente, de bom humor, outro traço forte de vó Bel, estava ali disponível para ajudar a fazer a vida ficar mais alegre, solidária e leve.
Muito bom ter uma herança como você vó Izabel!
A você  meu amor,  minha gratidão e a minha saudade. Bjs , Lígia, sua neta.
                       
                                    Lígia Oliveira- Terapeuta de família e casal