quarta-feira, 25 de junho de 2014

As Ondas da Gentileza








Na sociedade atual onde o excesso de competição, a vida agitada e as pessoas tão voltadas para si, a gentileza, quando sincera e desinteressada, aparece como um sopro de ajuda e leveza que traz ao relacionamento serenidade e aproximação.

Porque assinalo o item acima da sinceridade e do desinteresse? Para diferenciar o sentimento nobre da gentileza de atos onde a intencionalidade do "ser gentil" é obter favores, privilégios...
Avalio que a gentileza se diferencia um pouco da educação. Desenvolver atos baseados em regras sociais, sem dúvida auxiliam o relacionamento, mas em alguns momentos esses atos são mecânicos e pouco gratificam a alma.

É importante falar que não saber dá um não de forma firme e adequada, balançar sempre afirmativamente a cabeça para situações e pessoas, ser submisso, não saber se posicionar, tendo como base o receio de  magoar ou se indispor com o outro, não são passos  que possam ser identificados como de uma gentileza genuína.

O que seria então um ato de gentileza sincero? Reflito que seja aquele ato onde a pessoa traz de dentro de si a postura da solidariedade, amabilidade, e, na maioria das vezes são ações "pequenas" que tem um efeito multiplicador recíproco . Ações tais como: Responder com atenção e bom humor a um bom dia, segurar a porta do elevador para o outro que ainda está chegando, ouvir de forma mais atenciosa, ser breve quando perceber que alguém está com pressa, segurar a mão de alguém querido na percepção de situações delicadas, saber o momento oportuno de interromper o outro, não acender a luz do quarto quando o outro já está dormindo, ajudar alguém quando meio perdido, dizer não de forma mais amável...

Quando nos lembrarmos de pessoas gentis na nossa vida, podemos perceber como seus pequenos atos criaram ondas que "contaminaram" com atitudes de proximidade e gratidão os relacionamentos.
Não defendo aqui o que denominamos de uma postura sempre boazinha, em um constante esforço  do "ter que se comportar" de uma determinada forma, trazendo peso na convivência interna e externa.

Observamos que a motivação para alimentar mais a gentileza nas nossas vidas requer um olhar empático, vontade de fazer a vida ficar mais leve e prazerosa para si e para o outro. Dar e receber gentilezas facilita a convivência, melhora os diálogos, ajuda nas conciliações e amplia ondas de afetividade  e bem estar. A vida agradece.

Reflexão:

Como percebe a gentileza na sua vida  pessoal, familiar e conjugal?
Traga agora, uma lembrança gentil que possa ter feito a diferença na forma de voce
viver a vida.
A quem voce agradece a gentileza que voce aprendeu na vida?

                  Lígia Oliveira- terapeuta de família e casal

sábado, 21 de junho de 2014

Viciado em Infelicidade








Muitas pessoas levam a vida com um olhar sem brilho, descrentes nos dias que virão: Estão, continuadamente, infelizes.
Fico pensando na quantidade de ocasiões nas quais nós escolhemos ficar nessa frequência vibracional menor.
Eckhart Tolle, escritor  alemão, fala o seguinte sobre infelicidade:
"A causa principal da infelicidade não é a situação, mas os pensamentos sobre ela".
Fala ainda, sobre como acumulamos, cada vez mais, material nocivo dentro da gente. Ficamos prisioneiros do nosso próprio inferno, alimentando mais sofrimento, ou seja, adubando nosso "corpo de dor".
O que seria então esse tal de "corpo de dor?
Segundo Tolle, seria  nosso" campo energético de emoções mais antigas que subsiste em todos os seres humanos". Explicando melhor:  "Sobras de dor deixadas para trás a cada forte emoção negativa que não é enfrentada, aceita e depois abandonada, de forma plena, juntam-se formando um campo energético que vive em cada uma das células do corpo".
Quando ainda não estamos conscientes do nosso corpo de dor, vivenciamos caminhos que buscam mais sofrimento, como se estivéssemos, inconscientemente, viciados em infelicidade.
Fala o escritor que nossos corpos de dor reforçam e vibram numa frequência de pensamentos negativos dos mais variados.
O corpo de dor atua na pessoa levando-a do presente para o passado emocional, o qual está refém da identificação com o sofrimento, o ressentimento, a raiva...

Tolle fala sobre a importância de um trabalho voltado à permanência no momento presente, na vida como ela se apresenta agora.   Esse trabalho nos conscientiza da necessidade de comprensão do nosso estágio emocional presente, como também ajuda a nos afastarmos dessa voz repetitiva do nosso corpo de dor, despertando-nos para uma dimensão maior que é a vibração e a energia vital direcionada à aceitação do momento presente.

Em alguns momentos, a vivência de um corpo de dor muito forte, poderá agir como uma função positiva, ou seja, um alerta .A pessoa não consegue viver de forma tão infeliz. Pode ser o momento do despertar.
Quando percebemos que estamos, constantemente nos identificando com nosso corpo de dor, primeiro precisamos reconhecer essa realidade. Em seguida poderemos investir na busca de um movimento interior que nos proporcionará a libertação gradativa do nosso corpo de dor, o que poderá contribuir para o desenvolvimento continuado do nosso estado de presença .
 Reflexão:
Olhe para seu corpo de dor. O que descobriu? O que mais gostaria de trabalhar? Para que?

Obs: Para um melhor entendimento indico o livro abaixo, o qual leva o leitor a   compreender as diversas fases do caminho a ser percorrido:
                      Um Novo Mundo- O Despertar de Uma Nova Consciência- Ekhart Tolle-
                      Editora Sextante..

                       Lígia Oliveira - Terapeuta Familiar e de Casal

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Nossa Coleção de Apegos




   NOSSA COLEÇÃO DE APEGOS
Nossa forma de amar traz, na sua bagagem, a vivência das condições pelas quais aprendemos sobre o amor. Alguns falam que esse "inventário amoroso" tem a sua origem na infância; outros, que até antes.
Bowlby, estudioso dos fatores psicológicos, criou uma teoria acerca do como desenvolvemos nossos apegos: A Teoria do Apego.
Claro que aqui vou apenas citá-la como fonte de estudo para quem quiser, depois, aprofundar-se sobre o tema.
Bowlby revela a importância de observarmos nossso primeiros modelos relacionais e as "marcas" que trazemos da infância, mediante esse aprendizado do amar. Classificou os apegos na sua Teoria da seguinte forma:
    - Apego Seguro: Quando a criança sente confiança no vínculo afetivo em relação a sua figura cuidadora, que na grande maioria das vezes é a mãe.A pessoa tem na figura dos seus pais modelos de segurança e intimidade, que estão disponíveis à ajuda em momentos decisivos da criança. Reforça-se a postura positiva de enfrentamento às dificuldades e a curiosidade para explorar o mundo, sem se desenvolver por parte da criança sentimento de abandono.
     - Apego Ansioso: Quando a criança sente dúvidas, ambivalência, em relação ao vínculo  afetivo da sua figura cuidadora. A pessoa sente-se incerta quanto à forma dos pais terem a disponibilidade para ajudá-la e amá-la, apresentando comportamento ansioso, temendo a vivência da separação.
      -  Apego Ansioso com Evitação: Quando a criança sente-se rejeitada pela sua figura cuidadora.Caracteriza-se pelo apego onde o indivíduo não tem confiança nos pais, temendo sempre a rejeição por parte deles.Os que vivenciam esse apego, em grau elevado, podem superar a insegurança tornando-se  auto-suficientes.. Esse modelo resulta de um comportamento repetitivo de rejeição materna, experenciado pelo filho.

Observamos que nossa forma de amar,  responde psicológica, afetiva e emocialmente as nossas primeiras figuras de apoio, cuidado e amorosidade.. Bom seria se todos tivessem a vivência de um apego seguro. Contudo não é dessa forma que a vida acontece.

À medida que vamos seguindo nos ciclos da vida, dependendo das nossas experiências e das formas pelas quais as compreendemos, teremos mais chances, ou não, de irmos olhando as nossas heranças e transformá-las em conceitos e atitudes próprias. Nesse movimento de crescimento, poderemos querer ver, nossas atitudes mensageiras de comportamentos que nos limitam e as  que nos ampliam, a fim de desenvolvermos clareza sobre onde queremos investir .
 Em relação ao nosso apego, precisamos ficar atentos, vez que a luzinha do desconforto, da ansiedade, do medo... nos informa a diferença de quando esse apego é apenas cuidado, proteção,ou quando o comportamento fica refém de sentimentos que nos empobrecem.
O apego emocional excessivo é algo que nos aprisiona,  nos tira a paz e a espontaneidade.
O que seria então o apego excessivo? Penso que ele acontece quando damos exagerdo valor a pessoas, objetos, pensamentos, situações, princípios, rotinas... Comportamentos esses que nos deixam presos dentro de um sentimento de posse e controle do "objeto amado". Nesse caminhar, muitas vezes, sentimos sintomas que nos colocam lado a lado com a ansiedade, desconfiança, dependência, controle... os quais poderão  propiciar, mais na frente,  doenças psicossomáticas.
Então qual seria o caminho para o desapego? Reflito que antes de tudo, não seja o de demonizar  aqueles  que são muito apegados, e, também não ficar com o dedo apontado, dentro de uma postura crítica.

Que tal  começarmos pela lista dos nossos apegos? Ir colocando, devagarinho o controle pela vida, aos filhos, ao marido, namorado, amigos, idéias, verdades...

Sim, mas não vale achar que está desapegado, quando esse movimento é vaidoso e esconde a vontade de mostrar para o outro a nossa "superioridade". Mera exposição do ego.

 Volto,agora,o foco para mim. Percebo como  preciso me abrir mais às relações humanas e fazer a "tradução" sobre  o que estar falando  a minha coleção de apegos. Importante dá uma chance à uma vida com menos peso, me olhar de forma menos exigente, sabendo entender que meus apegos tem anos de hitória . Preciso com uma postura mais amiga, dimimuir minhas defesas, para escolher os degraus do desapego que, hoje, tenho condições de subir.

Reflexão:

O que colocaria como o número um da fila?

                                   Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Família



quarta-feira, 11 de junho de 2014

O Título é Seu...







É fato: o que alimentamos tende a crescer.
Muitas vezes em momentos difíceis da vida o negativismo aparece como companheiro, e traz alguns vizinhos que conversam com a gente, como a mágoa, o medo, o ressentimento. Esses quando nós deixamos, se presentificam nos mais diversos formatos e cores na nossa vida.
Entretanto, se aos poucos formos alimentando a fornalha da esperança e da motivação, esses pingos de luz se multiplicarão em clarões pelo nosso caminho.
Passo a passo, é necessário restabelecer esses estoques de luz.

Quando olhamos e avaliamos que as prateleiras estão se esvaziando, tratemos de encher nossos espaços de sentimentos e pensamentos que nos impulsionem para  frente.
 Reflito:
 O que eu venho alimentando ultimamente?
 O que está com baixo estoque nas minhas prateleiras da alma e do coração?
 Escolho, agora, uma prateleira para repor para ir em frente....
   
                                        Lígia Oliveira - Terapeuta de casal,família e psicanalista

terça-feira, 3 de junho de 2014

Terapia de Casal e Familiar- A Responsabillidade de Cada Um no Processo da Vida.




São muitas as situações de início da terapia relacional nas quais as famílias e os casais trazem como principais "causadores" dos seus sofrimentos os" outros", ou seja : os acontecimentos de dor nas suas vidas têm como principal "desenho" o dedo apontado para fora.

Enquanto terapeuta familiar e conjugal, respeitamos e acolhemos o olhar dos clientes, e a dimensão do significado do sofrimento para cada cliente.

Aos poucos, e de acordo com a história de cada um, se faz necessário que a pessoa possa ir dentro do seu ritmo e possibilidade, olhando e avaliando  no que TAMBÉM contribuiu para o seu auto- sofrimento.

O olhar mais centrado sobre si mesmo não acontece facilmente. Muitas vezes, esse período da terapia requer paciência e respeito do terapeuta e do cliente, vez que o processo terapêutico requer, para a sua continuidade, que o cliente aprenda mais sobre o seu sentido de autoria.

A terapia familiar e de casal, de  maneira geral, trabalha junto aos seus clientes as influências dos comportamentos individuais e familiares dentro do contexto vivencial.

Para tal é importante que sejam vividas fases nas quais cada membro tome conhecimento de como o  seus comportamentos são entendidos pelos outros,  e  de que maneira suas ações fazem os outros se sentirem e agirem.

Diante desses conhecimentos, cada membro familiar segue na compreensão  dos seus significados e os do grupo, procurando clarificar aquilo que é responsabilidade sua e dos demais, e da forma como essa nova leitura poderá ser ressignificada em favor de um relacionamento consigo mesmo, com o grupo familiar e com o seu cônjuge.

"A premissa da responsabilidade é um primeiro passo essencial no processo terapêutico. Assim que os indivíduos reconhecem seu papel em criar a difícil condição da sua própria vida, eles também percebem que eles,somente eles, tem o poder de mudar sua situação"-   Os Desafios da Terapia- Irvin D. Yalon

Concluo com uma frase que ouvi mas não sei precisar onde:

"SE EU NÃO CONHEÇO A MINHA PRÓPRIA CASA COMO POSSO RECEBER VISITAS"?

                              Lígia Oliveira- Terapeuta de casal e família