terça-feira, 13 de novembro de 2012

Terapia de Casal - A Escolha do Parceiro





Terapia de Casal- A Escolha do Parceiro



No processo terapêutico conjugal, quando trabalhamos os significados da escolha do parceiro,   observamos, que essa escolha pode traduzir necessidades ainda não percebidas pelo casal. Necessidades essas que ficaram "presas lá atrás " na vida de cada um. 

Estudos comprovam que todos os seres humanos, na hora que fazem uma escolha, estão respondendo  a anseios  e motivações que nem sempre têm consciência, e,  quando a escolha está direcionada ao parceiro amoroso, uma multiplicidade de fatores faz parte desse processo.

Na dimensão histórica de cada ser envolvido, inserem-se os valores, influências, legados, mitos, significados adquiridos na família de origem, os quais explicam a maneira como cada um estruturou seus vínculos afetivos, com os seus familiares mais próximos e o seu contexto histórico.

Na linha psicanalítica, Bolwby, psiquiatra ingles, apresentou estudo sobre a relação existente no estilo de amar e apego ao outro, pelo adulto, como resultante do estilo do apego do familiar mais próximo à criança, geralmente a mãe, principalmente nos primeiros anos de vida, estilos esses que citamos, de forma breve, abaixo:

Apego seguro: A pessoa tem na figura dos seus pais modelos de segurança e intimidade, que estão disponíveis nos momentos de enfrentamento e decisivos para a criança. Reforça-se  a postura positiva, afetividade, curiosidade para explorar o mundo, sem desenvolver por parte da criança sentimento de abandono.

Apego ansioso- ambivalente- A pessoa sente-se incerta em relação à  forma dos pais terem disponibilidade para ajudá-la e amá-la, vez que a ambivalência de comportamento e emocional por parte dos pais é muito frequente.

Apego ansioso com evitação- Caracteriza-se pelo apego no qual a criança não tem confiança no vínculo  das figuras cuidadoras,e, teme constantemente a rejeição por parte deles, sentindo sentimentos de ansiedade, insegurança e rejeição..

O estudo da conjugalidade reforça a estrutura que é formada a partir das duas bases individuais dos parceiros e da dinâmica que se forma entre os membros do par conjugal. Essencial observar como esse encontro amoroso e a conjugalidade evolui com bases em lembranças, formas de dar e receber amor, figuras de apoio,  legados, repetições comportamentais passadas, e como o casal propicia condições à construção do relação dentro de uma visão que possibilita à abertura ao pertencimento e também a diferenciação de cada um. Ou seja, o olhar precisa avançar nas tres dimensãoe: eu, tu e a conjugalidade.
 
É na relação amorosa, que certas necessidades afetivas são satisfeitas cobradas,exigidas, retribuídas...
A queixa acontece, quando um dos parceiros não consegue satisfazer, as carências do outro, ou quando ainda, um tem em relação ao outro, expectativas idealizadas, imaturas, ressentidas...
Uma das grandes dificuldades surge se  o relacionamento conjugal  traduz-se em um encontro de duas carências, onde cada um espera que o outro esteja ali para preencher os seus vazios.
 
Caso os desejos imaturos, infantis, alguns deles tendo como base sentimentos de débito ou cobrança não sejam "cumpridos", por razões de limitação da própria condição humana, ou por um dos parceiros compreender a situação de forma diferente, vai se instalando no par um clima de cobranças,mágoa,acomodação,indiferença, silêncios, raivas, conflitos, contribuindo à desestruturação conjugal.
 
Muitos entram no casamento baseados em suas fantasias,e pensamentos egocentrados os quais se baseiam em um clima mágico  de poder à realização  dos seus desejos e suas motivações. Assim sendo, nesses casais, é reforçado o entendimento "cristalizado" do conceito de complementação com conceitos referentes a não inteireza de cada um dentro do relacionamento, mas sim que cada um é a " metade da laranja".
 
A Terapia de Casal visa aprofundar o olhar para essas leituras de vida afetiva, suas origens, influências, levando o par a observar que o vínculo conjugal terá condições de ser melhor vivenciado através do desenvolvimento de um olhar mais atencioso para as múltiplas influências presentes nesse processo: dependência  x independência, realidade x fantasia, individualidade x conjugalidade, pertencimento x diferenciação, possibilidades x limitações, mudanças x aceitação...

Compreendemos que no casal existe dois inteiros que se relacionam tendo como base afetiva seus significados mútuos e divergentesA construção do "eu conjugal" acontece junto ao desenvolvimento do eu individual, em um percurso de idas e vindas de momentos de complementação mas também de diferenciação.

Quando os parceiros desejam o desenvolvimento do relacionamento amoroso mais próximo e saudável, necessitam empenhar atenção e energia  para esse objetivo. Precisam trabalhar na identificação da necessidade dos ajustes no que se refere às suas fronteiras, papéis, funções, interesses, bem como numa maneira mais saudável de compreender e negociar essa vivência.

       Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Família

Obs- O texto abaixo teve como base de leitura o livro O Casal em Crise de Maurício Andolfi, Claudio Angelo e Carmine Saccu, organizadores,Sumus, 1995.
Momografia- A Dinâmica da Relação Amorosa e Terapia de Casal- Lígia Maria Bezerra de Oliveira-
Universidade Federal de Pernambuco-2005

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Para que Fazemos Terapia de Casal



Na maioria das vezes que um casal procura pela Terapia de Casal, seu pedido de ajuda baseia-se na experiência de problemas geradores de desequilíbrios entre os cônjuges.
A visão do casamento, para o casal em crise, apresenta-se como destrutiva, onde cada parceiro encontra-se limitado pelo o outro, estando o vículo afetivo, naquele momento, visto como perda e não ganho.
A Terapia de Casal, nesses casos, vem clarear e refletir acerca dos pontos críticos, pontos fortes e promover o desenvolvimento psicoemocional do par.
Mediante trabalho cooperativo, o processo investirá  no aprofundamento das causas, contextos, alternativas e possibilidades. Assim sendo, o terapeuta conjugal procura ver cada cônjuge como possuidor de um sistema de idéias, sentimentos, como ainda favorece condições à participação de cada um no compartilhamento da construção de um relacionamento mais saudável.
É importante compreender que a Terapia Conjugal tem como principal objetivo a facilitação da comunicação do casal. Não é função do processo terapêutico separar ou juntar os parceiros.
É também significativo observar  os momentos de crise, não só  como algo perigoso que coloca em risco o equilíbrio conjugal. A crise que pode possibilitar a transformação, informa que algo precisa ser mais olhado, trazendo ao par um olhar aos recursos a serem ativados à melhoria do laço afetivo.
 Apresentamos como obetivos gerais do processo de Terapia de Casal:
-  Promover conversa mais clara  entre os parceiros, colocando-os de frente com as situações de conflito, e as suas influências na vida a dois;
-  Favorecer para que cada um se coloque no lugar do outro, facilitando a compreensão dos motivos, semelhanças, diferenças, na busca de um entendimento mútuo;
-  Desenvolver condições a uma melhor exploração dos problemas, da história familiar de cada cônjuge, investindo na aprendizagem do falar e do ouvir, auxiliando a cada um e ao casal como um todo, na compreensão de como se percebem, se interpretam, se aproximam, se distanciam e constroem suas experiências e significados;
-  Refletir acerca das carências e dificuldades existentes, encobertas e negadas pelo casal;
Trabalhar também a parte saudável da relação, mediante o incentivo ao investimento de ações que possam favorecer um sentido de vida mais funcional.
A Terapia de Casal viabiliza  o trabalho dentro de uma visão de saúde, ajudando aos cônjuges a lidar de forma mais compreensiva e efetiva com o casamento Real, em um caminho mais aberto à mudança e aceitação.
Importante entender que tanto a dificuldade como o recurso conjugal não pode ficar sendo responsabilidade de um só, mas  sim compreendidos e vivenciados dentro do espaço relacional do par.
                                     Lígia Oliveira- Terapêuta de Casal e Família

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O Poder daSombra na Nossa Vida




O livro Efeito Sombra- Encontre o Poder Escondido na Sua Verdade,escrito por Deepak Chopra, Debbie Ford e Mariane Williamson, 2010, nos faz pensar acerca da vivência de sentimentos, pensamentos e emoções sombrios no nosso viver. Ou seja, aqueles que mentem sobre a gente, nos impelem a fazer atos, construir e alimentar pensamentos e ações que nos empobrecem.
 
O que seria esse lado humano sombrio?
 
Ele acontece e cresce, quando não dedicamos atenção a esse lado nosso obscuro, no qual também está presente uma força escondida e desperdiçada, pois essa nos imobiliza ao caminho de colocar mais luz nesses pedaços de vida encobertos por pensamentos e sentimentos paralisados por densas, repetitivas e inférteis vibrações. Nosso lado sombrio, quando não olhado, permite que façamos o jogo da autossabotagem dos nossos sentimentos, sonhos, projetos...Trazem sentimentos de desconforto, o qual muitas vezes não sabemos de onde vem;  nos impossibilita viver de forma genuína.
 
O livro explica que para conseguirmos, de forma plena, trabalharmos nossas sombras, precisamos primeiro reconhece-las, acolhe-las e em seguida desarmá-las. Após esses passos, irmos em busca das transformações necessárias a um viver mais harmonioso.
 
Diz Chopra:
 
  " Nosso lado sombrio nos incita a agir de forma que jamais imaginam e a desperdiçar energia vital"
 
" ... Correr da sombra, apenas intensifica o seu poder."

" Reclamar as partes de nós que foram relegadas à sombra é o caminho mais confiável para realizarmos nosso potencial humano.Quando nos tornamos amigos dela, nossa sombra se torna um mapa divino que nos reconecta à vida que deveríamos viver e às pessoas que deveríamos ser. ( Debbie Ford) 
 
Aqueles que procuram buscar mais compreensão do seu lado obscuro, precisam se desarmar para empreender com  humildade a verdadeira jornada transformadora, vez que essa caminhada " vai além de qualquer teoria psicológica, porque considera o lado sombrio uma questão humana, uma questão espiritual, que todos nós precisamos resolver se quisermos ter uma vida na qual nos expressemos por completo".
 
 Reflexão:
Quais as minhas sombras que preciso olhar ?
O que posso transformar? Para que ?

                               Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Família