domingo, 28 de julho de 2013

O Ninho Vazio e a Conjugalidade




Há um momento no ciclo da vida familiar em que os filhos se tornam adultos e independentes. Momento esse esperado pelos pais, todavia também temido, pois está na hora dos filhos seguirem  em frente e construírem suas próprias vidas.

Esse período conhecido como a "síndrome do ninho vazio" explica a vivência de um sentimento de perda dos pais da função primária do cuidar, como ainda da necessidade desses pais compreenderem a autonomia dos filhos, agora mais voltados a objetivos individuais e à exploração das condições sociais,  afetivas e profissionais internas,e do mundo lá fora. É chegado o momento que precisam andar sozinhos com a base que recebeu como herança da família.

Observamos que essa fase inicia-se com a saída do primeiro filho de casa, o que traz múltiplas mudanças nas funções e nos  papéis familiares.
No livro As Mudanças no Ciclo da Vida Familiar, Mcgoldrick, pag. 248, são sinalizadas as seguintes transições da fase em estudo:

    1-  A mudança de função do casamento;
    2--O desenvolvimento de relacionamento adulto entre os filhos adultos e seus pais;
    3- A expansão dos relacionamento familiar para incluir parentes por afinidade e netos;
    4- A oportunidade de resolver relacionamentos com os pais que estão envelhecendo.

Com a saída dos filhos de casa reaparece o casal, o que foi construído junto com "ele" e uma maior reflexão sobre o que o casamento representa para os cônjuges nesse momento.
Os filhos, nessa fase já desenvolveram suas próprias idéias e escolhas e fazem movimentos de aproximação e afastamento familiar. Os pais podem voltar sua atenção ao olhar e cuidados para seus pais, já idosos. Esse retorno dos pais à família de origem os colocam em contato mais próximo com a temporalidade da vida: o envelhecimento e a morte.

No tocante  à conjugalidade, o casal que tenha desenvolvido vínculos mais amorosos e saudáveis poderá reaprender a reestruturar a proximidade e intimidade, investindo melhor energia e atenção aos aspectos sexuais, e de companheirismo, como ainda desenvolver projetos individuais, não vivenciados pela falta de tempo com a criação dos filhos.

O casal que teve convivência conflituosa ou distante, no estágio pós criação dos filhos, tenderá a reacender o período das brigas ou também construírem um muro de distanciamento e se acostumarem com esse padrão de comportamento.

Solange Rosset, terapeuta de casal e familiar, no seu artigo, Casal na Fase do Ninho
 Vazio ,2009,realça uma visão proativa aos casais que estão começando a conjugalidade, sobre o viver bem a fase do ninho vazio. Diz Rosset:

" Para quem está iniciando a vida a dois, alguns cuidados devem ser tomados. Manter um espaço individual e do casal é um deles. O casal estará prevenindo as dificuldades futuras, se desde do início da união conseguirem manter atividades, interesses e relações individuais e pessoais. Ao terem filhos precisam preservar o espaço físico e emocional, bem como atividades e interesses particulares do casal, sem a participação e interferência dos filhos. Se mantiverem esses espaços, ao chegarem a fase em que voltarão a ser sozinhos, já terão o hábito,  os compromisso e os prazeres individuais e de casal."


                           Lígia Oliveira- Terapeuta de casal e família



       Base de leitura para o texto:
       Livro : As Mudanças no Ciclo de Vida Familiar- McGoldrick-1995
      Artigo- Casal na Fase do Ninho Vazio- Rosset, Solange, 2009.







sábado, 20 de julho de 2013

Casal-Detalhes Tão Pequenos de Nós Dois...




No rádio do carro um programa que me faz lembrar a "Jovem Guarda". Esse era o nome que nós dávamos aos movimentos musicais dos anos sessenta.
Roberto Carlos, rei até hoje, Erasmo Carlos, amigo do rei, Wanderléia, a Ternurinha, Renato e seus Blue Caps, banda que foi fundo musical do início do meu namoro com meu marido, e mais e mais cantores e "conjuntos musicais" que embalaram nossos sonhos e ações de amor
.
De repente toca a música, Detalhes Tão Pequenos de Nós Dois ( Roberto Carlos). Sentimentos que falam de uma afetividade tão própria de cada casal.

Volto ao tempo: Lembranças de rituais, "senhas secretas" apelidos e falas alimentados de forma carinhosa ... Tempos, ciclos de vida, valores, pessoas queridas, contextos, entraram no redemoinho da mudança, movimento natural da vida, que sabemos ser preciso. Afinal o mundo roda e nesse caminho redirecionamos nossos modos de vida e recontamos inúmeras vezes nossa história e outras histórias, que lá no fundo, são nossas também.

Penso nos casais de ontem, amigos da Jovem Guarda. Fiquei curiosa em saber como andam revivendo ou recriando em suas vidas, esses detalhes tão pequenos de nós dois, todavia muito significativos para o relacionamento afetivo.

Como andam a emoção e a afetividade da nossa turma da velha guarda? Como estão vivenciando seus "antigos" e novos detalhes de amor? Que detalhes foram se perdendo ao longo do caminho? Quais os resgatados ou criados? O que na lembrança desses casais faz os olhos sorrirem juntos com os lábios, acelera o coração e serena a alma?

Quais os detalhes que estão sendo alimentados que ainda possam fascinar com a possibilidade de uma troca rica em afeto e intimidade?

Lembro, nesse momento, de um casal que falava de uma experiência onde juntos reviviam essas lembranças. À medida que os parceiros falavam aparecia uma luz mais intensa nos seus olhos, nos seus sorrisos e no seu presente. Que bom: ali tinha vida pulsando!

Reflexão:
Qual o valor afetivo desses detalhes na sua vida amorosa ?
O que sente que gostaria de vivenciar mais?
Qual a sua parte nessa construção?

              Lígia Oliveira- Terapeuta de família e casal