COMO A TERAPIA SISTÊMICA PODE
INTERVIR NO CONJUNTO FAMILIAR PREPARANDO--O PARA O ADVENTO DA MORATÓRIA
ADOLESCENTE DE UM DOS SEUS MEMBROS?
( Pergunta encaminhada a mim por Isabellle Marins, graduanda em Psicologia pela Faculdade Pitágoras de Divinópolis, para a realização de um trabalho sobre adolescentes e a teoria sistêmica)
( Pergunta encaminhada a mim por Isabellle Marins, graduanda em Psicologia pela Faculdade Pitágoras de Divinópolis, para a realização de um trabalho sobre adolescentes e a teoria sistêmica)
A teoria sistêmica nos ensina a
olhar como a vida das pessoas é moldada
pelas suas interações tanto com seus familiares como através dos
contatos e contextos nos quais estão inseridos.
A terapia sistêmica tem como pilar os paradigmas
da ciência pós- moderna, os quais citamos abaixo:
A complexidade- Não existe uma só
realidade; uma só realidade poderá ter múltiplos olhares e significados e tem
como base o multiverso.
A imprevisibilidade- É necessária
a compreensão de que não detemos o
controle de todos os fatos. Em muitas situações encontramos surpresas,
mudanças...
A intersubjetividade- A
importância do entendimento da existência das influências recíprocas entre o
observador e a realidade e observada, negando assim a neutralidade, porque
compreende que nossos olhares são autorreferentes.
Para uma melhor compreensão da
terapia sistêmica familiar faz-se necessário
que observemos em que bases estão sendo vivenciados os seguintes pontos:
Contexto Relacional;
Padrão de comportamento do
sistema como um todo e dos seus diversos subsistemas;
Estrutura e dinâmica familiar;
Heranças familiares;
Processos de comunicação;
Sistema de crenças;
Ciclo de vida familiar;
Nível sociocultural e econômico
O olhar sistêmico é,
continuadamente, circular sabendo-se que o todo é formado por várias partes e
as suas influências recíprocas. Dessa forma, investe na busca da compreensão
dos atos e sentimentos, como esses se entrelaçam e contribuem para o desenvolvimento do
sentido de autoria de cada família.
Em relação às famílias com
adolescentes a terapia sistêmica trabalha no sentido de facilitar a ampliação à
família, como um todo,a um olhar do
funcionamento da sua rede relacional diante dos pontos acima citados.
A atenção precisa abranger a
relação familiar ao longo do tempo desde os seus estágios infantis até o
adolescer, trazendo aos membros familiares a compreensão de que os recursos e
as dificuldade foram co construídas nas
várias experiências passadas e do presente
que se organizam agora no “todo
atual coerente”.
Um fator essencial que a terapia
sistêmica familiar voltada ao tema do advento da moratória psicossocial do
adolescente, ( espaço dilatado no qual o jovem atual muitas vezes vivencia,
período mais longo de transição entre a infância e a idade adulta) é, como já falado anteriormente, a experiência
em desenvolver junto aos familiares uma postura de maior abertura à compreensão
do como, quando, porque e para que as
suas ações auxiliam ou não ao
encorajamento saudável das condições de autonomia dos seus filhos e como essas
vivencias poderão estar a influenciar o adolescente de agora.
Entendemos que o período da
adolescência se caracteriza por ser uma fase de significativas transformações
bio- pisco-emocional e afetiva no qual um dos principais objetivos do
adolescente é libertar-se da sua identidade infantil e da autoridade dos pais,
partindo para a criação e o desenvolvimento de uma subjetividade própria.
Esse processo de transição traz
movimentos ao jovem como também à família, de sentimentos de pertencimento,
separação, diferenciação, individualização, processos psicológicos básicos para o amadurecimento
de cada pessoa e também da família como um todo.
Na atualidade observa-se que o
período da adolescência foi acrescido de mais anos, pois são muitos os jovens
de 20 a mais de 25 anos que ainda estão sob a dependência paterna e se alternam
em passos ambivalentes de dependência e autonomia à procura de experiências que
lhes tragam o papel de adulto.
Perguntamos: O que pode estar a
faltar? Elaborações internas? Por que não querem ou não se decidem por uma vida
individual mais independente na qual necessitam se adaptarem às
responsabilidades da vida adulta? Em relação aos pais, o que poderá ter
contribuído a essa postura tão acomodada desses filhos? Em que situação se
encontra o contexto social econômico e afetivo familiar? É visível que algumas famílias desejam a independência dos seus jovens, todavia
precisam entender como agiram para uma educação que favorecessem aos
comportamentos desejados.
Nesse momento a terapia sistêmica precisa olhar para pais e
filhos como dissemos no início desse texto: de forma CIRCULAR
Abordando de forma breve a ação
da terapia familiar sistêmica podemos dizer
que o processo ajuda quando junto ao sistema familiar vai buscar os
padrões de comportamento que precisam ser compreendidos, modificados e aceitos
para a melhoria do clima familiar, sendo
observados, estrutura e dinâmica familiar,figuras parentais, ciclos de
vida,limites, autonomia, dependência, perdas , ganhos, ações e
ressignificações possíveis.
Nesses encontros é realizado o
acolhimento das dificuldades, mas também reorganizados possibilidades, papéis e
responsabilidades familiares.
No decorrer desse percurso haverá
várias situações de se fazer, juntos, novos ajustes relativos às funções,
papéis, dando abertura para que surjam novas regras, acordos de convivência a
serem discutidas e ressignificadas
A terapia sistêmica familiar recombina todos esses fatores aliados a um trabalho
preventivo e funciona como um fio
condutor que facilitará ao sistema
familiar uma postura focada das ações que trarão alimentos mais saudáveis ao
relacionamento do sistema e subsistemas familiares.
Lígia Oliveira- Terapeuta
familiar e de casal e formanda em Psicanálise.