terça-feira, 18 de agosto de 2015

PSICANÁLISE- ACTING-OUT


                 


                                            O PROCESSO ANALÍTICO--O ACTING-OUT

  O processo analítico é vivenciado mediante a interação do analista com o analisando através da linguagem falada, narrativas,linguagem corporal,  expressões,  gestos, atos...


A inter-relação desses fatores vai, ao longo do tratamento, reunindo condições à uma ampla  leitura do paciente que passa a se perceber, aos poucos, como o sujeito das suas histórias,através do reconhecimento, interpretação e elaboração dos seus sentimentos, pensamentos comportamentos  e das suas ações.


O Acting Out representa uma forma de comunicação do paciente, que pela falta de "capacidade" de se fazer compreender pela linguagem falada utiliza o ato em vez da palavra.


Esse comportamento do analisando acontece, na maioria das situações, de forma impulsiva, e caracteriza-se por ser uma repetição de padrões e vivências infantis, que ao invés de serem recordadas pela fala, são repetidas através de atos.


Em seu trabalho" Recordar, Repetir e Elaborar" Freud explica  que em situações nas quais o paciente não recorda lembranças, as quais foram esquecidas e recalcadas, poderá manifestar esse conteúdo inconsciente como uma ação que repete inúmeras vezes sem se dá conta. Assim sendo, o analisando traz ao tratamento uma gama de ações repetitivas, às quais está preso, em função  de ser naquele momento, a sua possível maneira de recordar.


Podemos entender o acting out como repetições de experiências recalcadas do passado, as quais não encontrando representação verbal, como também não tendo força para conter a pulsão da sua manifestação, descarrega, tardiamente, mediante atos, impulsos reprimidos tais como  medos, culpas, raivas, atitudes inúteis, traços patológicos... do período da infância. Esses então são experienciados, no presente, onde são reeditados e atualizados.


O aparecimento do acting out, tanto na sessão, como fora dela, pode ser compreendido como uma resistência do analisando no decorrer do processo transferencial, do paciente com o analista. Desta forma podemos dizer que, o acting out é o resultado da vivência da neurose de transferência.


São entendidos como acting out alguns comportamentos dos pacientes tais como: faltas às sessões, frequentes atrasos, esquecimentos, silêncios, dificuldades em pagar as sessões...Padrões comportamentais que precisam ser ampla e cuidadosamente escutados, observados e trabalhados conjuntamente pelo par analítico.


A Psicanálise compreende essas atuações do analisando como uma representação da posição do analisando em relação ao seu gozo. Todavia, observa que o acting out reforça ao analista a necessidade de contextualizar essa ação do paciente como um pedido de interpretação que tem como direção o próprio analista.
 

Cabe ao psicanalista, diante da sua responsabilidade em relação ao manejo clínico transferencial observar e trabalhar atenciosamente,(profissional e paciente) adequando, reciprocamente,as pontuações,  dúvidas, interpretações,  silêncios e descobertas.

 No processo psicanalítico,  o profissional segue  no sabendo que  dirige o tratamento( não o  analisando) em um  caminho que  propicia a esse uma reconstrução gradativa dos seus conteúdos mentais, psicológicos e ações para um padrão de comportamento  mais saudável; facilita dessa forma, ao paciente, o surgimento da sua verdade dentro do conhecimento e da compreensão do seu desejo enquanto sujeito singular no contexto da sua historicidade.

Lígia Maria Bezerra de Oliveira- terapeuta de casal,família e psicanalista.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Viver Com a Gente Mesmo







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Que tal começarmos aqui uma viajada interior? Quais seriam os meios de transportes mais adequados para esse percurso?

Quem sabe não precisemos nos despir das nossas desculpas, defesas e das falas "deixa pra depois", para que complicar?

Esse olhar investigador, curioso,(não disse inquisitivo) nos auxilia na "luta" voltada à negociação com nossos medos, em relação ao enfrentamento dos nossos espaços bons, maus..

.Então, nesse movimento, percebemos que esses dois espaços, muitas vezes, se misturam  trazendo sentimentos ambivalentes e dúvidas, as quais nos propiciam angústia, todavia quando "emparelham" as conversas,  nos mobiliza ao crescimento.
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No início pode bater à nossa porta sentimentos de raiva,  mágoa, preguiça.Todavia, quando avançamos nessa conexão vamos nos permitindo uma liberdade mais consciente das nossas escolhas e decisões.

Aceitemos esse convite para essas múltiplas viagens, às vezes curtas, outras longas, umas mais repletas de atalhos, outras com alvos mais próximos.
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Nesse passeio  não existe pacote pronto. Precisamos ir tateando nas nossas dúvidas, conceitos e nos indagar acerca das estradas que nos encantam,  nos fazem vivenciar momentos fascinantes, outros de sofrimento, ou que trazem alegrias e também a aceitação do que não está sob o nosso controle, ou seria responsabilidade?

Avalio ser  essencial que fiquemos atentos às ações que nos ajudam a cruzar as pontes e a chegar em cada estação, mesmo, muitas vezes parando no meio do caminho.

Bom quando esses caminhos, facilitam o acesso aos nossos geradores de energia que ampliam o olhar às oportunidades diante das dúvidas, subidas e descidas, ricas experiências que nos habilitam à aprendizagem de alimentar em nós um sentimento de fé.

E aí, por onde voce quer começar?


                            Lígia Oliveira- Terapeuta de casal, família e psicanalista.