Winnicotti, psicanalista inglês traz na sua teoria um termo curioso sobre à maternagem: "Mãe Suficientemente Boa", o qual pode ser compreendido como aquela mãe que desenvolve suas funções maternas dentro de um equilíbrio de ações mentais, afetivas ,psicológica, emocionais..
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Quais seriam essas condições?
O relacionamento mãe e filho requer diversos fatores, papéis e funções da mãe, que tanto poderão trazer conforto emocional para ambos, como também serem vivenciadas experiências que reforcem comportamentos doentios.
Sabemos que as famílias tem suas singularidades, seus contextos específicos, valores, crenças etc.
Todavia, entendemos que alguns fatores são básicos em relação ao provimento saudável das condições de relacionamento entre mãe e filho.
Destacamos abaixo algumas condições para que essa "mãe suficientemente boa"desenvolva um sadio crescimento do seu filho e do relacionamento mãe e filho.
Quais as estradas que essa mãe precisa seguir?
Apresentamos, abaixo, alguns passos essenciais que a mãe necessita caminhar para o sadio desempenho da função da sua maternagem:
- Prover seu filho de forma afetiva e efetiva das suas necessidades físicas, psicológicas,mentais, e afetivas;
- Possibilitar um colo e uma presença adequados, ou seja:" emprestar o seu corpo", temporariamente, pelo "encaixe" dos corpos de ambos, reforçando esses cuidados quando segura o filho no colo, o amamenta, embala-o, troca as suas roupas, dá banho...
- Procurar decodificar a linguagem corporal do seu filho, através da qual o filho se comunica com ela.Ex: O choro pode ser fome, sono, dor, birra...
- Integrar a sua vivência com a do filho, mas também experienciar a necessidade de estar ausente, trabalhando essas condições gradativa e adequadamente;
- Exercitar o aprendizado de saber quando e como frustrar e quando como gratificar o filho corretamente, vez que ensinar ao filho a lidar com as frustrações, de forma sadia, é uma condição essencial ao crescimento global do ser humano;
Nesse item é importante observar que o aprendizado com as frustrações requer entender que a mãe não deve nem gratificar demais nem frustrar de forma excessiva;
- Favorecer ao filho condições à externalização e compreensão das suas angústias, desejos, necessidades, ataques agressivos, medos, alegrias, teimosias, decodificá-los e ajudar ao filho a ir entendendo suas emoções, comportamentos, focando suas possibilidades e limites;
- Observar que a mãe é para o filho como um espelho, como diz Winnicott(1967)"O primeiro espelho da criatura é o rosto da mãe, seu olhar, seu sorriso, expressões faciais".
- Ficar atenta a imagem que ela faz do seu filho: das suas capacidades e dificuldades, seus potenciais e limites, pois essa compreensão torna-se -á conteúdo significativo da imagem que seu filho terá de si mesmo;
- E essencial que a mãe compreenda que a valorização que ela dá ao pai do seu filho, será a valorização que seu filho repassará à figura paterna.
Uma saudável maternagem exige que a mãe invista, sabiamente, em seus passos de aproximação e distanciamento, mediante comportamento de abertura aos caminhos do seu filho, para a entrada do pai, através do trabalho da valorização e respeito das figuras parentais.
"Assim sendo a criança adquire a capacidade de reconhecimento da existência de terceiros, o que propicia a importante transição de um estado de narcisismo,( olhar e amor só para si) para o de socialismo( aprender a interagir e valorizar o outro)".
Lígia Oliveira- Terapeuta de casal, família e psicanalista.
Obs: Base de leitura:
Zimerman, David- Fundamentos Psicanalíticos- Teoria, técnica e clínica-- Capítulo 7- O Grupo Familiar: Normalidade e Patologia da Função Materna.
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