Estava eu sentada em uma lanchonete da Universidade Católica, Recife, dando um tempo para procurar a sala onde participaria de curso sobre relacionamento de avós e netos, que seria dado pela nossa querida professora Cristina Brito. Treinava para a vida pessoal e profissional: sou avó de primeira viagem, e, terapeuta de casal e família há sete anos.
Gosto de chegar cedo nos locais. Tenho uma certa inquietude com horários. Diria até mesmo, que estou trabalhando para me soltar e ficar mais leve em relação ao peso que dou à minha pontualidade. Digamos que nesse "livro" tenha conseguido ir além da página 05.
Aproveito essa minha antecipação para ler algum livro, que levo comigo, ou ficar observando as pessoas, suas falas, seus comportamentos, silêncios... Nessa minha espera escolhi a segunda opção. Fiquei, discretamente, atenta à conversa de duas moças, mais ou menos na faixa do vinte e poucos anos. Uma delas falava, de forma ansiosa, sobre o seu relacionamento com o namorado, e, parecia estar magoada.
Ouvi quando ela falou:"Eu quero um amor mais visível e concreto,"tocava em assuntos voltados ao parceiro onde percebia, na figura do namorado, individualidade como egoísmo e as conversas, como estratégias de ironia e convencimento. Fiquei curiosa em saber qual a parte dela nessa história ( mania de terapeuta sistêmica). Naquele recorte de conversa, o namorado fazia o papel de ator principal e não era o do mocinho.
Olhei o relógio e vi que precisava procurar a sala. Precisava ir embora. Gosto de me sentar em um local que consiga usufruir bem do que está sendo estudado.
Antes do curso começar pensei um pouco ainda sobre a conversa daquela moça. O que seria que ela queria dizer sobre um amor mais visível e concreto? Como será que ela ensaiava, também, as condições da melhoria dessa cena? Quais os cenários e diálogos possíveis? Refleti. Quem sabe tenha perdido, antes ou depois, essa parte da conversa.Tomara...
Olho, agora para mim. Fiquei pensando: quando na minha vida afetiva conjugal senti falta de dar ou receber um amor com mais concretude?
O curso começou. Depois volto à essa cena.
Olho, agora para mim. Fiquei pensando: quando na minha vida afetiva conjugal senti falta de dar ou receber um amor com mais concretude?
O curso começou. Depois volto à essa cena.
Deixo agora com voce. Como você complementaria essa história ?
Ah, Cristina, quanta competência e ao mesmo tempo leveza na forma como voce compartilhou o curso!
Muito grata, Lígia
Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Família e psicanalista
Ah, Cristina, quanta competência e ao mesmo tempo leveza na forma como voce compartilhou o curso!
Muito grata, Lígia
Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Família e psicanalista
ResponderExcluirOi cunhada querida)(comentário enviado para o meu email)
Achei muito bom, só que não consegui responder no próprio blog kkkkkkkkkk
Como vc após a leitura fiquei a me perguntar como será esse amor concreto e visível?Lembrei-me de um poema de Clarice Lispector que diz:" O caminho que eu escolhi é o do amor. Não importa as dores, as angústias, as decepções que eu vou ter de encarar. Escolhi ser verdadeira. No meu caminho o abraço é apertado,o aperto de mão é sincero, por isso não estranhe a minha maneira de sorrir e te desejar o bem.É só assim que eu acredito que valha a pena viver".
Me identifico bastante com esse poema,principalmente quando diz que " amar é uma escolha de vida"..Não entende amor como concreto/abstrato, mas como VIDA, e sendo assim vivido no sorriso, no olhar,em pequenos gestos e atitudes que temos com todos que compartilham ou não nossas vidas. Podem em alguns momentos trazer dor e sofrimento, mas não podemos nos abater pois fizemos a escolha de VIVER/AMAR.
bEIJO, Mírcia
Oi Mírcia,
Fiquei curiosa em saber o que a moça do texto sentiria ao ler a sua resposta.
Eu daqui fico torcendo que VIVER /AMAR,sempre ande de mãos dadas com os diversos ciclos da vida.
Bjs, Lígia
A frase da moça me toca profundamente, talvez por motivos diferentes. Penso que ela fala do amor para o casal, entre o casal. Neste sentido, acredito que o amor visível e concreto é aquele que se materializa no cotidiano, nos gestos. É como se não bastasse amar. É necessário que o amor esteja expresso no que se diz e, sobretudo, no que se faz. Concordo que amar é uma escolha. Mas acho que é uma escolha cotidiana. É como se todos os dias você acordasse e, com gestos (às vezes, grandes; outras vezes, pequenos), renovasse a escolha de amar. Isso me faz pensar que, além da poesia, o amor tem que caminhar com uma certa dose de racionalização, de pé no chão. Como algo que não é incondicional. Que, se não for cuidado, pode morrer. Ouso até dizer (porque é muita ousadia fazer isso diante de uma especialista no assunto) que o amor não é suficiente para manter uma relação. Agora, em um sentido mais geral, concordo com o comentário acima, que coloca o amor como uma escolha de vida. O amor não como algo que você vai encontrar ou viver. Mas como óculos. Como pele. Como algo que a gente é. E ao sermos juntos, como algo que nos une a um parceiro, a outras pessoas e ao mundo.
ResponderExcluirMuito gostoso o papo por aqui. Seguimos conversando! Um beijo!
ResponderExcluirOi Edna,
Amor com óculos. Gostei da metáfora. Penso que pode se transformar em um instigante texto:Óculos de grau, escuro, com armações discretas e também bem coloridas, com lentes bifocais ou monofocais...
Sinto que é preciso ação, gesto afetivo que nos digam: estou aqui, é pra voce( cuidado...)
Sinto também que é preciso o pé no chão... Vamos ensaiando os passo para ver o que será.
bjs, Lígia