terça-feira, 15 de maio de 2012

Famílias - Convivendo com o Câncer




Nos tempos atuais, diante da abertura dos meios de  comunicação e  de uma vivência maior dos doentes portadores de doenças mais graves, mediante os progressos da medicina, observamos as diversas maneiras das famílias com familiar com câncer, responderem à ansiedade que essa patologia traz consigo e no seu entorno.
 
Hoje em função dos constantes avanços da ciência, o câncer, dependendo do período da sua descoberta, pode ser considerado uma doença crônica ou até curável.
Sabemos que desde o diagnóstico até o extenso caminho do tratamento, o quanto todos os membros familiares ficam fragilizados.
 
No aspecto emocional é natural que possam surgir nos familiares, portador e família, manifestações de raiva, tristeza, revolta, agressividade, ou até mesmo de negação e fuga.
No que diz respeito a parte social, a família, na maioria das vezes, no início, escolhe o segredo. Em alguns casos é vivenciado o isolamento em função do câncer ser visto, hoje bem menos, como uma doença que percorre dia a dia um corredor muito próximo da morte.
 
No tocante a parte financeira familiar, a doença e os cuidados que ela demanda, poderão originar despesas extras e limitar as condições de gasto familiar.
Percebemos também que o sofrimento no processo da doença, facilita, em algumas famílias a aproximação e o desenvolvimento da espiritualidade, seja essa entendida como ações voltadas à solidariedade ou como uma valorização mais próxima da figura de Um Ser Maior e  do amor, ressignificando valores e comportamentos.
 
A Terapia Familiar diante desse processo mediante acolhimento da família, orienta o olhar para tres fatores, como meio de facilitar aos familiares no compartilhamento desse momento tão delicado:
 
      -   Provimento de um conforto emocional imediato;
      -   Criação de uma rede de apoio;
      -   Mudança de padrões de funcionamneto familiar.
 
No processo de enfrentamento do câncer a família passa por transformações nos mais diversos segmentos: papéis, funções, dificuldade de controle e aceitação, autonomia, disponibilidade, espaço, rotina cotidiana...
Como já dissemos, anteriormente, percebemos a área emocional  como  a mais sofrida, em função do estigma da doença, efeitos colaterais, sofrimento no tratamentos, idas e vindas ao hospital...Carcateriza-se por ser um período repleto de medo, esperança, desesperança, ansiedade, superações...
 
Carvalho, 2003, fala o seguinte sobre o câncer e nossa relação com a doença: " Existem muitas doenças fatais além do câncer, porém a impressão é que a outras doenças matam, o câncer destrói".
A função da Terapia Familiar é contextualizar a família no presente, acolher seus sofrimentos , trabalhar suas  alternativas de solução e reforçar o caminho da superação.
 
Entendemos que é uma tarefa que tem muitos altos e baixos, onde o sofrimento e a queixa precisam ser sentidos, falados, acolhidos e legitimados. Que juntos terapeutas e familiares possam, cooperativamente, se revezarem nas suas fraquezas, esperanças, coragem,limites e superações para que a afirmação acima de Carvalho não seja realizada.

Obs- Leitura base na realização do texto:
         Capítulo 8 do livro : Fortalecendo a Resiliência Familiar, Froma Walsh,S.Paulo, : Roca, 2005

         Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Família

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