No livro Os Desafios da Terapia Irvin Yalon, 2006, o autor diz que o choro "significa a entrada nos compartimentos mais profundos da emoção". Reforça que a tarefa do terapeuta, nesse momento de expressividade é encorajar o cliente a mergulhar mais a fundo no sentimento. Procurar não sair desse momento. Permanecer nele com respeito e acolhimento, mas não negar nem confortar a emoção. É preciso vive-la, para senti-la e entende-la. Quem sabe, se com esse comportamento, não fiquemos tão paralisados na dor.
Yalon até faz uma pergunta muito oportuna sobre o choro do cliente: "Se suas lágrimas tivessem uma voz, o que estariam dizendo"?
Lembro, agora, de um casal atendido por mim, cujo homem desenvolvia um comportamento sempre muito racional e contido. Pouco a pouco foi se entregando ao processo terapêutico. Perdia, encontro a encontro o medo da vivência mais livre do sentimento, e dos seus significados para sua vida. Houveram situações de grande entrega emocional, no qual o choro e as lágrimas ajudaram o homem e a mulher a se soltarem das suas amarras e irem compartilhando suas mágoas, dúvidas, seus receios e pedidos.
Reflitamos juntos sobre aquele choro não mais entendido, como fragilidade, vulnerabilidade, contudo como uma nova forma mais inteira e humana de compreender e viver a vida.
Como terapeutas é essencial que procuremos aprofundar o significado do choro dentro do contexto passado, traze-lo para a situação presente e junto com o cliente explorar a compreensão, como bem falou Yalon, sobre o que a lágrima de ontem diria para a lágrima do hoje e vice versa.
Importante também olharmos e aprofundarmos o que no choro do cliente, está doendo na gente.
Lígia Oliveira- Terapeuta de casal e família
Lígia Oliveira- Terapeuta de casal e família
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