domingo, 23 de setembro de 2012

Oração: Palavras Que Acalmam





















Na  sala de espera de um consultório médico ouvi uma senhora falar para seu acompanhante: Nesse momento estou precisando de palavras que acalmem. Procurei ouvir a resposta do acompanhante, mas não consegui. Vi, apenas, um acenar de cabeça, de cumplicidade. Fiquei pensando no que aquela senhora queria dizer( parecia aflita), e no como o seu acompanhante teria compreendido aquele desabafo.
Depois do fato, essa fala ficou vibrando dentro de mim. Venho andando por um caminho que tem como parada final a Serenidade. Um lugar interno que me transmita ondas de paz e serenidade. Alguém,( meu querido terapeuta Filipe)já me fez refletir que nesse caminhar,o processo é mais importante que a linha de chegada. Hoje, aos poucos vou também aprendendo desse jeito. Que bom!Vamos incorporando falas e histórias daqueles que, em nossa vida, fizeram a diferença para melhoR.
Conversando comigo mesma, quantas vezes procurei por palavras, mensagens, idéias através das quais eu pudesse ter a serenidade mais presente na minha vida.
Então lembrei do livro: Ao Encontro Com Voce Mesmo, frei Angelino, 2004. Velhinho franzino, de voz mansa e quanta sabedoria!( Obrigada frei Angelino, obrigada Rúbia por ter me dado esse tão feliz presente).
Seus textos despertaram em mim mais amorosidade e paciência com aquilo que não podia mudar .Quantas das suas  palavras me traziam a seiva necessária para alimentar minha paz interior:

" Deus encontra um espaço para ultrapassar o que eu sinto no meu eu". Entendia o que ELE queria dizer:
"Conte comigo, minha presença nunca é uma ameaça para subjugar voce, para tornar voce dependente, mas como amigo articulado comigo, livremente e amorosamente. O Sopro vai cuidar de voce daquilo que estava sem controle".
Palavras que me ajudavam a repensar sobre meus apegos excessivos, meus muitos entulhos interiores, carências preenchidas com materiais tóxicos, e o que precisava fazer para mudar meu olhar e minha postura. Esse percurso, também me sinalizava o referencial de força que tinha dentro de mim.
Sim, eu como aquela mulher da sala de espera, também estava precisando ouvir palavras que me acalmassem. Todavia, aprendi que esas palavras também poderiam ser faladas por mim e para mim.
Percebi que iria ajudar muito vivenciar o aprendizado  da fé realizante e  o poder da oração, que quando de dentro da gente, é  entrega verdadeira de amor e confiança em um poder Transcendente,e, transformam-se em palavras que nos acalmam e nos fazem seguir em frente com alma renovada.
Fiz do livro falado um amigo silencioso,  cada dia mais presente. Aprendi com suas palavra amigas a importância da oração: "Orar é acolher Deus dentro de mim. É experimentar Deus e não apenas colocar  nosso pensar com palavras para Ele nos ouvir".
É através da nossa conversa com Deus que podemos ir compreendendo a ter mais aceitação do nosso momento presente, seja ele qual for ( para mim, etapa das mais difícies), com os nossos pés no chão, e com um coração de esperança.
Importante dia a dia, irmos reforçando nossa vida caminhante na oração, sendo essa o fio condutor para uma vida mais repleta de serenidade e simplicidade.  Essa direção não é só uma experiencia nossa, mas, fundamentalmente, um trabalho em nós,"ação criadora do Sopro Divino com a nossa participação"

            Lígia Oliveira - Terapeuta de Família, Casal e psicanalista..

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domingo, 2 de setembro de 2012

O Processo da Separação- Terapia Familiar - Parte Dois







Parte Dois

Nas leituras sobre o Processo da Separação, em relação as reações emocionais dos parceiros, são observados diferentes comportamentos, os quais vão depender também dos motivos e contextos da separação. Alguns se referem a um período de  grande  sofrimento, outros relatam que sofreram menos e alguns reforçam uma sensação de alívio.

Não queremos aqui negar o impacto de uma separação. Observamos que o processo traz aos ex- cônjuges uma complexa carga de energia emocional, vulnerabilidade, nos mais diversos níveis, vez que eles precisam investir esforços afetivos, no sentido de se desconstruirem em muitos segmentos, os quais tinham como complemento o  ex-parceiro.

No que se refere à concepção de casamento, o estudo, registra uma diferença em relação ao homem e a mulher: Enquanto a mulher ver o casamento como " uma relação amorosa", o homem reflete o casamento como "uma constituição de família". Por essa razão é mais fácil de compreender o porquê da maioria dos pedidos de separação serem por parte das mulheres, pois quando a parte afetiva da relação está mal, e caminha para maior dificuldade, muitas mulheres falam em separação.

Observamos várias fases ao processo de separação, as quais, didaticamente, são divididas da seguinte forma:
            Desejo da separação
            Decisão da separação
            Processo da separação
            Reconstrução da Identidade Individual 

Percebemos a existência de duas fases emocionais no processo de separação conjugal: A primeira diz respeito a vivência de sofrimento mais profundo trazendo sentimentos como: baixa autoestima, tristeza, raiva,mágoa, conflitos frequentes, abandono, traição,dúvidas, medo, ambivalência...

A segunda fase, após adequação de alguns fatores, as pessoas começam a investir mais na valorização da sua auto percepção, como ainda em alternativas pessoais, afetivas e emocionais que visem soluções mais claras e saudáveis, com  emoções menos negativas. Nessa etapa, na maioria dos casos,  as feridas já estão cicatrizando, e, o aprendizado de todo processo trouxe crescimento para um fortalecimento da Identidade Individual na busca de alternativas mais saudáveis,e,quem sabe  postura mais atenciosa na construção do Nós nos próximos relacionamentos.


                      Lígia Oliveira- Terapeuta de Família e Casal

Obs- a- O texto teve como base de leitura o artigo: Separação: o doloroso processo  de dissolução da conjugalidade- Terezinha Féres -Carneiro
www.scielo/pdf/epic/v8n3/19958./pdf

b- Na temática sobre  separação conjugal  não abordamos casais com filhos.
    
    


O Processo da Separação e Terapia de Casal- Parte Um


O processo da separação é explicado tanto pelos homens como pelas mulheres como de muita dor. Assim sendo observamos na nossa prática clínica que muitos casais, em sofrimento,continuam juntos, para poderem confirmar se o casamento está acabado, ou não.

Torna-se essencial entender que um  processo de separação, requer cautela  e um olhar cuidadoso, onde deverão ser clarificados muitos aspectos significativos do relacionamento conjugal, suas dificuldades e possibilidades, recursos e limites.É importante que o  par, quando procura pela Terapia de Casal, possa  saber que a função da Terapia é facilitar a compreensão da comunicação entre os dois, clarificar os principais pontos de distanciamento e aproximação conjugal,e, investir na saúde emocional e afetiva dos dois. Diante dos resultados compartilhados, os parceiros tomarão a decisão em relação ao percurso a ser escolhido.

Estudo realizado por Terezinha Féres, tendo como base casais de classe média carioca na idade entre 25 a35 anos e 45 a 55 anos em 2002, traz como resultado várias visões sobre o processo de separação conjugal. Visões as quais utilizo nesse texto para melhor compreensão dos leitores.
 
Féres- Carneiro, 1998,fala:"Embora a separação possa ser, às vezes, a melhor solução para o casal, cujo os membros não se consideram capazes de continuar tentando ultrapassar suas dificuldades, ela é sempre vivenciada como uma situação, extremamente, dolorosa, havendo um luto a ser elaborado. Enquanto os homens enfatizam mais os sentimentos de frustação e fracasso, no processo da separação, as mulheres resaltam sobretudo, a vivência de mágoa e solidão".


Caruso, 1989, fala que estudar a separação amorosa, significa estudar a presença da morte na vida, ou seja: os cônjuges vivenciam uma sensação de morte recíproca. Cada um tem que morrer, em vida, dentro do outro.
Féres ressalta que muitos casais buscam a terapia com a intenção de uma separação "bem resolvida",e, à medida que a terapia acontece entram em contato com o desejo, talvez inconsciente de continuidade do vínculo. Contudo, há também aqueles casais que tem como objetivo terapêutico continuarem a relação, e, mediante as sessões se resolvem pela separação.  Assim sendo, retorno a explicação que  foi mencionada anteriormente: a decisão do casal será uma responsabilidade dos dois.

Um dos pontos mais falados no que se refere ao processo da separação é o sofrimento  pelos períodos de solidão e lembranças.O caminho vai sendo seguido, pouco a pouco, através de um complexo percurso de desconstrução da vida a dois, ou seja do Eu- Conjugal, ao mesmo tempo que vai se tornando necessário, um olhar mais individual em busca de novas responsabilidades, projetos afetivos, pessoais....

Se inicialmente o sentimento de solidão batia mais forte, com o passar dos dias, vai sendo experenciado um maior conhecimento de si, como também de liberdade, pois o trabalho direcionado à desconstrução do olhar a dois, trará, aos poucos, um reconstrução da identidade emocional.

                         Continua no próximo texto