segunda-feira, 12 de maio de 2014

O Caminho do Meio





Quando jovem, muitas vezes, entendia o caminho do meio de forma diferente como o percebo hoje . Achava que era covardia não pular o muro, não tomar partido, ter medo de desenvolver alianças. Sim, era jovem e muito dona da verdade.

 Entendo que essa impulsividade é própria dos que estão desbravando o mundo e a si mesmos. Caminhava dando passos cheios de vida, ancorados no  poder de  querer estar sempre com a razão, e  entendo que muito desse agir viabiliza o que hoje sou. Como tudo, tem os dois lados: o positivo e o negativo. Pode nos fortalecer em determinados contextos e nos enfraquecer em outros.
O prazer também estava presente na vivência sem temores, dos nossos desafios, das nossas defesas, crenças e comportamentos "certos", através dos quais descobríamos e construíamos a vida. Havia momentos que eu fechava os olhos, ficava cheia de medos, me sentia vulnerável, mas guardava esses sentimentos dentro de uma caixa que venho abrindo e clareando até hoje.
Aos poucos, mediante os ciclos da vida,vamos aprendendo, uns mais cedo, outros, tardiamente, a praticar um olhar mais rico em trocas afetivas, e acolhimento, que pode não significar aceitação, das ideias e posturas diferentes das nossas, mas quem sabe, a vivência de uma melhor abertura à reflexão de que o outro me complementa como também complemento o outro, e, que esse dueto faz a vida ficar mais harmoniosa, nem por isso menos criativa.
Importante sabermos o que queremos e  acreditamos em relação a nós, aos nossos projetos e relacionamentos. Essencial também sabermos escolher quais as bagagens de comportamentos  antigos, apoiados na nossa rigidez, nos quais querermos ter sempre a última palavra, que precisamos  jogar fora, ou melhor, reciclar,  para ampliar nossa visão e nosso movimento ao caminho do meio.
Não avalio o caminho do meio como um lugar estreito, apertado, indefinido, ao contrário, quando me sinto nele, de forma refletida, acredito que é um bom lugar de se estar, pois temos a dimensão da gente, do outro, das condições adversas e positivas, dos fatores de risco e proteção...
Assim vou olhando e administrando meu uso de mim mesma, vendo onde preciso me acolher, libertar e renovar.


                                                  Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Família

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Terapeuta Familiar: Cuidado com Diagnósticos








Como compreender o título acima? 

O que quero falar é  sobre o  olhar terapêutico  realizado de forma isolada, segmentada, sem a avaliação do todo na parte e da parte no todo.

Quantas ocasiões um diagnóstico pode prender o olhar terapêutico dentro de poucas possibilidades ?

Enquanto terapeutas sistêmicos precisamos compreender os clientes ( casal e família) que chegam até nós,  dentro de uma postura mais ampla e inclusiva, tendo o cuidado de não reforçar uma visão monocular.

É essencial que  tenhamos o cuidado com as palavras as quais explicam um comportamento do cliente dentro de uma determinada patologia, todavia não privilegia o todo, o contexto.

Muitos diagnósticos e palavras poderão, se não tivermos uma leitura mais sistêmica, estimular e ou manter características positivas e negativas, trazendo como consequência a não valorização das vivências das mudanças nas vidas das pessoas.

Assim sendo, torna-se imprescindível, que o terapeuta proceda a avaliação das dificuldades e recursos dos seus clientes, aprofundando o conhecimento dos diagnósticos que chegam até eles como por exemplo: "boderlaine" "limítrofe"," hiperativo"... Entretanto, precisa caminhar além dos diagnósticos, uma vez que a terapia relacional tem como objetivo a compreensão da circularidade das relações familiares e conjugais,que traduz um inventário amplo e diversificado dos comportamentos recíprocos das famílias e dos casais.

                         Lígia Oliveira- Terapeuta de casal e família