Parte II
Descrevo,agora,de maneira geral as principais características clínicas do obsessivo compulsivo:
Sintomas de ordem, limpeza, regras, excesso de escrúpulos,
podendo essa obsessividade ser expressa dentro de dois perfis distintos: a
forma passiva( relacionada a fase retentiva anal) e a forma ativa( fase anal expulsiva). No
primeiro perfil estaria o neurótico passivo- submetido, ou seja: pessoas que
têm uma necessidade imensa de agradar, medo de perder o amor das pessoas.
Exagero de falas com gentilezas forçadas onde o, por favor, desculpa... são
ampliados e aqueles que desenvolvem
atitudes masoquistas.
Estão no segundo perfil dos obsessivos os do tipo ativo-
sub metedor, resultado de uma identificação com o agressor, muitas vezes
reforçando atitudes de controle excessivo para com os outros que tem o objetivo
de ser o dono absoluto da verdade, sendo todos esses pensamentos permeados por
um sentimento constante de culpa.
Os neuróticos obsessivos se utilizam de mecanismos defensivos
tais como:
Anulação (ação que desfaz o que já foi feito, sentido ou
pensado), isolamento (que consiste em inibir o afeto do pensamento) formações reativas
(comportamentos que procuram negar os sentimentos que trazem ansiedade),
racionalização e intelectualização (muitas vezes utilizadas na análise através
da resistência).
A escolha das suas relações objetais tem como foco um olhar disjuntivo, separado por dois polos
distintos ou seja pessoas que se caracterizam a complementação dos tipos :sádico-masoquista,dominador-
dominado...
Olham a sexualidade através da analidade, com excesso de
cuidado com a higiene, desenvolvendo um sentimento de propriedade ou proprietário
do parceiro. Tem também na sua relação sexual uma exagerada moralidade para a
vivência da sexualidade anal e oral que a vida adulta aos casais pode
propiciar.
Quando há uma obsessividade narcísica a pessoa demonstra,
mesmo que sob a máscara da modéstia, uma superioridade, ou seja, ela é a pessoa
mais honesta, mais certa, mais disciplinada...
Instalada a obsessão narcísica o neurótico desenvolve um medo
crescente de um fracasso no orgasmo ou na potência o que o leva ao
desenvolvimento de um ciclo vicioso de medo e evitação da intimidade sexual, o
que pode resultar em comportamentos de isolamento e fobia.
Alguns dos sintomas mais comuns da neurose obsessivo-
compulsiva se apresentam nas seguintes posturas: excesso de lavagem das mãos, mania
de limpeza, rituais de higiene, preocupar-se acentuadamente com germes e
contaminações, verificar repetitivamente o fechamento de portas, janelas, dar
valor excessivo a números e contagens, pensamentos catastróficos, simetria
neurótica, pensamentos voltados à punição e morte.
É interessante ressaltar uma característica forte no obsessivo:
sua habilidade ao pensar. Ele cogita, pensa e desenvolve uma extensa ruminação
mental, repleta de dúvidas, rituais e uma vivência sofrida de uma consciência
de culpa constante.
Em relação ao trabalho analítico, é essencial que o psicanalista
aprofunde o seu olhar e atenção, para que o obsessivo compulsivo não engendre
mecanismos próprios que consiga prevalecer o seu controle, mediante a
utilização dos seus múltiplos comportamentos defensivo.
“ O maior cuidado que o analista deve ter consiste na
possibilidade de ele se deixar equivocar pela colaboração irretocável desse
paciente que costuma ser obsessivamente correto, assíduo, bom pagador... porém
existe a possibilidade de que esse analisando esteja cumprindo a tarefa de ser
bom paciente, do que alguém disposto a fazer mudanças verdadeiras”. (Zimeman).
Entendemos que a
obsessividade é o resultado da atuação dos mecanismos de defesa contra a
ansiedade, e que mediante um trabalho compartilhado, passo a passo, entre
analista e analisando, poderão ser construídos caminhos que trabalharão na busca da transformação dessas
forças inimigas em forças aliadas.
Ligia Oliveira- terapeuta de família e casal e psicanalista
Ligia Oliveira- terapeuta de família e casal e psicanalista
Bibliografia:
Zirmeman,David,E.Psicanálise em perguntas e respostas: verdades,mitos
e tabus/David E. Zimerman- Porto
Alegre:Artmed,2005
Fundamentos Psicananlíticos: teoria, técnica e clínica- uma
abordagem didática- Porto Alegre: Artmed, 1999.
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