A CONTRIBUIÇÃO DA VIDA E OBRA DE DR FREUD PARA A PSICANÁLISE- TEORIA TOPOGRÁFICA.
Estudar sobre a vida e a obra do Dr. Sigmund Freud é adentrar na dinâmica dos seus processos individuais, relacionais, profissionais... Nesse percurso, observamos como essas histórias acontecem mediante movimentos de integração e complementação.
Contextualizar esse estudo tendo como referência a Teoria Topográfica nos remete à compreensão de passos fundamentais à formação da teoria e prática psicanalítica.
Desde criança Freud mostra-se motivado às descobertas e o seu espírito de grandeza foi muito incentivado pela família, principalmente pela mãe, por quem Freud tinha muita admiração.
Freud forma-se em medicina, (neurologia) casa-se com Martha Bernays e tem seis filhos, em um espaço de oito anos. Na sua vida profissional, a princípio, ele foca a sua pesquisa na Fisiologia. Todavia, é quando se interessa pelos pacientes portadores de histeria, que vai ampliando mais a sua contribuição à vida mental. Freud realiza seu estudo mediante os casos dos seus clientes e também da sua própria vida, empreendendo por longo tempo uma autoanálise, (depois descobre ser impossível a autoanálise) trazendo à cena muitas autoavaliações e autorrevelações. Suas teorias, valiosas descobertas, são admiradas por uns e questionadas por outros, contribuindo assim a movimentos para maiores reflexões no cenário científico acerca da vida psíquica. Quando parte da sociedade lhe tecia críticas seguia em frente com coragem e persistência. Trazia no seu repertório uma fala onde dizia que ”Seu destino era perturbar o sono alheio”.
As amizades e inimizades são fatores que influenciaram, significativamente, a vida do pai da psicanálise. Ele junta-se a vários cientistas da época tais como: Brüche,( grande mentor) Chacort, ( criador da hipnose) Breuer (criador do método catártico) e Fliess( amigo íntimo a quem Freud chamou de “Meu único outro) “. Alguns destes amigos tornaram-se também seus inimigos. E em relação à essa dinâmica relacional Freud falava: “Um amigo íntimo e um inimigo odiado sempre foram requisitos da minha vida emocional; por vezes ambos se reuniam na mesma pessoa”.
Junto com Breuer publicam em 1895, “Estudos sobre Histeria”, (via introdutória à Teoria do Psiquismo de Freud) aprofundando o olhar à patologia dos sintomas neuróticos, alargando o estudo das fobias, obsessões, neuroses de angústia... Mais adiante, Freud afirma existir a histeria masculina, (antes só direcionada à mulher) tese essa, muito criticada na época. Trabalha com a hipnose, mas, aos poucos a abandona, voltando-se ao desenvolvimento do método catártico, cura pela fala, (Breuer) criando a Associação Livre, método até hoje usado pela psicanálise.
A curiosidade de Freud pelos sonhos o faz desenvolver pesquisa minuciosa e científica e em 1900 publica “A Interpretação dos Sonhos”, (grande marco da sua vida) onde explora a vida onírica, detalhando sobre a relevância dos conteúdos/significados dos sonhos e aborda como esses são desejos ocultos reprimidos, através dos quais voltamos aos estágios infantis. Assim sendo, comprova a existência e o poder do inconsciente. Nesse período Freud cria uma nova Teoria, a Primeira Tópica, sobre o aparelho psíquico, dividindo-o em três instâncias, Consciente (Cs), Pré- Consciente, (Pcs) Inconsciente, (Isc) distinguindo as características de cada uma. Reforça na sua descoberta a magnitude do inconsciente, afirmando que o “inconsciente é o próprio psiquismo e a sua realidade é essencial”. Ainda voltado ao estudo do inconsciente, Freud (respaldado também nas suas lembranças infantis) nos fala da existência do “Complexo de Édipo”, que aborda as fantasias do desejo infantil, voltadas às figuras parentais.
Em “Psicopatologia da Vida Cotidiana”, (1901) explora o conhecimento dos significados inconscientes dos lapsos, deslizes, chistes. Sempre como grande estudioso da sexualidade na sua obra “Três Ensaios sobre a Sexualidade Humana”, apresenta a cuidadosa Teoria da Libido que fala acerca das fases da sexualidade, (incluindo a sexualidade infantil) o valor da pulsão sexual e da persistência dos seus desejos, com ainda defende maior liberação à sexualidade humana.
Em relação à dinâmica processual da psicanálise, Freud, inicialmente, entende a transferência do analisado ao analista como um obstáculo. Todavia, adiante se refere ao fenômeno transferencial como essencial à análise, aprofunda acerca dos seus diferentes tipos e defende que “sem transferência não há análise”.
Considerações Finais:
No estudo da Psicanálise, e do seu criador, vemos como esse grande homem influenciou o mundo como um todo, e, como sua contribuição continua relevante à psicanálise contemporânea que utiliza seus conhecimentos, através de uma metodologia científica, no desenvolvimento de um tratamento psicoterapêutico.
Observando a psicanálise no período da Primeira Tópica comprovamos sua importância à construção de pontes mais resistentes para elaboração do conhecimento do ser, em relação aos seus conteúdos inconscientes que sustentam suas neuroses, trabalhando a compreensão dessas através da associação livre, propiciando a descoberta desses significados, na busca das possíveis ressignificações.
A partir desse processo, segue olhando como esses conteúdos foram moldados na história de cada um, focando o eu infantil,(fantasias,medos, desejos reprimidos...) para melhor entender o eu adulto.
A psicanálise vivenciada na Primeira Tópica constrói elementos fundamentais à compreensão desses múltiplos eus, favorecendo aos que a ela se entregam possibilidades de vida mais saudável e feliz.
Referências bibliográficas
Gay,Petter,1923-Freud: uma vida para nosso tempo/Petter Gay: tradução de Denise Bottmann; consultoria editorial de Luiz Meyer-2 ed.-São Paulo: Companhia da Letras,2012.
Kanh, Michael, 1924-Freud básico: pensamentos psicanalíticos para o século XXI/ Michael kanh;tradução de Luiz Paulo Guanabara.- 2.ed- Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,2005.
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