sexta-feira, 15 de abril de 2016

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                                                               Supervisão Psicanalítica I


Reverso vol.34 número, Belo Horizonte, dezembro de 2012

Sobre a supervisão- On supervision

Eliane Rodrigues Pereira Mendes

Círculo Psicanalítico de Minas Gerais.


Resumo do artigo-             Observações Importantes.


O artigo Sobre a Supervisão de Eliane Rodrigues pontua acerca do olhar à prática da Supervisão dentro da Psicanálise.

Ao mesmo tempo em que o texto registra a Supervisão como tema polêmico, reforça a necessidade de um maior estudo e fundamentação teórica sobre o assunto mediante movimentos que ampliem suas abordagens e campo de ação.

É necessário compreender o grande valor da Supervisão que junto aos seminários clínicos (pressupostos teóricos) e a análise pessoal formam a base do tripé da transmissão, teoria e prática da Psicanálise.

 O artigo demonstra que é essencial que sejam desenvolvidas mais pesquisas acerca do tema Supervisão em Psicanálise e que os psicanalistas procurem ter como postura profissional o conhecimento de pontos importantes tais como:

O que vem a ser a Supervisão.

Em que bases aconteceram a sua origem e seu desenvolvimento.

Quais seriam as necessidades do analista ir à busca do olhar de outro profissional para melhorar a sua prática.

Resultados teóricos e concretos da Supervisão.

Relevância da Supervisão ao processo psicanalítico como um todo.

A origem da Supervisão, em um modelo mais formal e organizado aconteceu por volta de 1920, em Berlim, através do trabalho dos psicanalistas Karl Abrahan e Max Eitingon diante da observação da fragilidade que alguns novos analistas apresentavam ao término da sua análise pessoal, na ocasião em que começavam o atendimento como psicanalista.

Alguns desses novos apresentavam um visível sentimento de desamparo.

Anterior a esse período já acontecia alguns movimentos, menos formais, de analistas no sentido desses irem buscar conversas e trocas com outros psicanalistas sobre seus atendimentos no viés mais direcionado à forma do fazer psicanalítico.

Podemos citar como exemplo o próprio Freud e a sua grandiosa correspondência endereçada a Fliess, as quais tratavam em seus relatos trabalhos desenvolvidos com clientes de Freud como também escritos sobre a autoanálise desse último.

No ano de 1920, em Berlim, foi criado o Centro de Formação Psicanalítica, clínica referência em Psicanálise.

 Nessa instituição a Supervisão tem sua presença dentro de uma organização de ensino e prática, mais voltada ao objetivo de controle aos analistas menos experientes, no sentido de agir mais diretamente como forma de evitar e diminuir os riscos que os novos psicanalistas poderiam correr na sua prática inicial. Essa postura sofreu múltiplas críticas até mesmo dos próprios analistas responsáveis pela Supervisão.

A IPA, International Psjchoanalytic Associaton, apresentava uma regra à prática clínica do psicanalista: necessidade do profissional ser supervisionado como também precisar receber uma autorização expressa dada por uma comissão, para poder clinicar, posição que causou muitas dúvidas e questionamentos a muitos psicanalistas naquela época.

Diante desses impasses a Clínica Psicanalítica da Hungria ( Sandor Ferenzi) apresenta o exercício da Supervisão como “um instrumento para analisar a contratransferência do candidato a psicanalista... A contratransferência se define como um conjunto de manifestações do analista relacionados comas transferências do seu paciente”( ROUDENESCO,1988,p.133).

Na segunda década do século XX, Lacan faz nascer a Escola Freudiana de Paris, EFP aprofunda seu olhar sobre a Psicanálise e dentro dessa, a Supervisão. Rompe com o IPA e procede as transformações significativas nas regras psicanalíticas, como ainda explora diversas formas de tratamentos, seminário, supervisões. Tal postura lacaniana denuncia o seu desejo de criar uma instituição “verdadeiramente freudiana que preservasse a liberdade e a política do inconsciente”.

Os membros da referida Escola poderiam escolher livremente os seus analistas, não teriam como imposição o divã, e não precisariam ser autorizados por uma instituição para o seu exercício da clínica.

É essencial salientar que Lacan defendeu a importância de se resguardar o sentido de autonomia do psicanalista “para autorizar-se por sua formação e, ainda registra sobre a importante e a fecunda passagem do analisando para analista.

Os múltiplos questionamentos direcionados ao modelo de Supervisão lacaniano trouxeram rompimentos no cerne da própria EFP, o que ocasionou a fundação de novas associações, regras e formatos de Supervisão psicanalítica.

Diante desse momento surge o modelo de Análise Quarta, proposto por Valabrega composto quatro seguintes elementos, daí o nome Análise Quarta:

O analista- o próprio supervisionando;
Seu paciente;
O analista do analista;
O supervisor.

Segundo Valabrega existe uma “zona surda” que acontece desde o início da análise entre analista e analisando, a qual poderá trazer influências à contratransferência do analisando quando em posição de analista.
A Análise Quarta teria como direção a prevenção dessa surdez em relação a si própria, como ainda poder explorar o não conhecimento dos conteúdos latentes que atuam diretamente na relação do analista com seu paciente.
Percebe-se assim o papel relevante que a Supervisão tem à vivência psicanalítica dentro de uma ótica mais ampla e não apenas compreende-la como formas de monitoramento e controle.
Quinet (2009, p, 125) compreende a Supervisão como uma “superaudição” do caso do analisando e do analista na qual acontece uma “ouvidoria psicanalítica” onde o supervisor amplia a sua escuta e visão para facilitar a leitura e a compreensão das estruturas e dinâmicas do paciente, auxiliando ao supervisionando os conhecimentos necessários ao encaminhamento do processo psicanalítico

O artigo salienta a Supervisão como um caminho que favorece ao supervisionando  uma melhor leitura das suas contratransferências e os passos que precisam ser dados para a compreensão dos sentimentos que são do paciente, do analista, aprendendo a realizar a aproximação e o distanciamento necessários a vivência terapêutica como um todo.

A Supervisão pode ser compreendida como um caminho voltado à formação, (essa entendida como contínua) do analista, dentro de um viés didático, mas também singular, de acordo com a subjetividade de cada caso.

Concluindo entendo que a Supervisão Psicanalítica é uma prática na qual os profissionais aprendem a aprender, como bem fala Coutinho Jorge: “Um lugar de articular o saber, pelo qual se revitaliza a experiência clínica e reabre-se o seu campo particular de ação”.

2015
Lígia Maria Bezerra de Oliveira-     julho

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