quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Boa Quietude




BOA QUIETUDE

São 12:37 h. A memória me avisa que a partir das 14: 00 h. a agenda está repleta (graças a Deus) de clientes até às 20:00h.. Nesse momento, vem a lembrança dos rostos, gestos, formas de falar, silêncios, de cada um daqueles que vou encontrar.

Sinto meus pensamentos meio apressados e uma ansiedade teimando em me levar para um energia que quando acontece tem a mania de me fazer ficar menos serena e mais focada no futuro do que no momento presente.
Respiro sem pressa, me recordo das lições que tenho feito para colocar mais leveza à vida, e das pessoas que me auxiliaram nessa estrada. Pouco a  pouco, vou  presenciando uma sensação de uma quietude boa que me ensina a importância do valor da pequenas pausas na nossa vida.

Sim, precisamos de pausas. Essas  nos ajudam a alimentar e proteger nossa "sustentabilidade emocional, mental e espiritual", pela criação de um ambiente tranquilo à nossa agenda interior e exterior, trabalhando também os movimentos que nos levam ao "arredondamento" das nossas pontas ferinas.

Vivencio uma entrega mansa, na qual alguns pensamentos se sentam, uns adormecem e outros me revelam uma linguagem que sopra no meu ouvido palavras de serenidade que vem ensinando ao meu ser a relaxar e a compreender a vida sem tanto controle.

Olho o relógio,  lembro outra vez dos meus clientes, e um sentimento de gratidão reforça, agora o meu despertar.

                                    Lígia Oliveira- Terapeuta de casal e família

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Viciado em Infelicidade








Muitas pessoas levam a vida com um olhar sem brilho, descrentes nos dias que virão: Estão, continuadamente, infelizes.
Fico pensando na quantidade de ocasiões nas quais nós escolhemos ficar nessa frequência vibracional menor.
Eckhart Tolle, escritor  alemão, fala o seguinte sobre infelicidade:
"A causa principal da infelicidade não é a situação, mas os pensamentos sobre ela".
Fala ainda, sobre como acumulamos, cada vez mais, material nocivo dentro da gente. Ficamos prisioneiros do nosso próprio inferno, alimentando mais sofrimento, ou seja, adubando nosso "corpo de dor".
O que seria então esse tal de "corpo de dor?
Segundo Tolle, seria  nosso" campo energético de emoções mais antigas que subsiste em todos os seres humanos". Explicando melhor:  "Sobras de dor deixadas para trás a cada forte emoção negativa que não é enfrentada, aceita e depois abandonada, de forma plena, juntam-se formando um campo energético que vive em cada uma das células do corpo".
Quando ainda não estamos conscientes do nosso corpo de dor, vivenciamos caminhos que buscam mais sofrimento, como se estivéssemos, inconscientemente, viciados em infelicidade.
Fala o escritor que nossos corpos de dor reforçam e vibram numa frequência de pensamentos negativos dos mais variados.
O corpo de dor atua na pessoa levando-a do presente para o passado emocional, o qual está refém da identificação com o sofrimento, o ressentimento, a raiva...

Tolle fala sobre a importância de um trabalho voltado à permanência no momento presente, na vida como ela se apresenta agora.   Esse trabalho nos conscientiza da necessidade de compreensão do nosso estágio emocional presente, como também ajuda a nos afastarmos dessa voz repetitiva do nosso corpo de dor, despertando-nos para uma dimensão maior que é a vibração e a energia vital direcionada à aceitação do momento presente.

Em alguns momentos, a vivência de um corpo de dor muito forte, poderá agir como uma função positiva, ou seja, um alerta .A pessoa não consegue viver de forma tão infeliz. Pode ser o momento do despertar.
Quando percebemos que estamos, constantemente nos identificando com nosso corpo de dor, primeiro precisamos reconhecer essa realidade. Em seguida poderemos investir na busca de um movimento interior que nos proporcionará a libertação gradativa do nosso corpo de dor, o que poderá contribuir para o desenvolvimento continuado do nosso estado de presença .
 Reflexão:
Olhe para seu corpo de dor. O que descobriu? O que mais gostaria de trabalhar? Para que?

Obs: Para um melhor entendimento indico o livro abaixo, o qual leva o leitor a   compreender as diversas fases do caminho a ser percorrido:
                      Um Novo Mundo- O Despertar de Uma Nova Consciência- Ekhart Tolle-
                      Editora Sextante..

                       Lígia Oliveira - Terapeuta Familiar, Casal e Psicanalista

quarta-feira, 4 de outubro de 2017





..                                    A TERAPIA DE CASAL- EXPLICAÇÕES INICIAIS

.Os casais que procuram a terapia de casal, na sua grande maioria, estão vivenciando a cronificação dos seus conflitos. Assim sendo, trazem desencantos, mágoas, agressividade expostas e reprimidas, culpas,    acusações...

 Todavia, uma considerável parcela  chega, ainda, com alguns comportamentos muito importantes à melhoria da dinâmica relacional, tais como: Motivação para falar, ouvir, olhar para si para a relação e abertura( mesmo que não muito expressa) para mudança, seja essa mudança, para continuar juntos ou  seguir por caminhos separados.

Nós terapeutas de casal costumamos explicar que nossa função é  a de facilitador da conversa como ainda a  da cooperação ao entendimento do que precisa ser falado, compreendido, negociado, não aceito, modificado, reaprendido...

Em uma primeira entrevista explicamos, inicialmente, o formato do atendimento, registramos alguns dados pessoais, construímos juntos o contrato terapêutico quanto ao horário e dia das sessões. Em seguida, reforçamos a importância da pontualidade e  da frequência, colaboração do casal com o processo,  e combinamos os honorários..

Posteriormente, perguntamos sobre os objetivos do casal, ouvindo atentamente os motivos de cada um.,e posteriormente falamos sobre os objetivos terapêuticos da Terapia de Casal.

Junto com o casal vamos trabalhando a necessidade de vermos a relação em todas as suas dimensões: físicas, emocionais, psicológicas, afetivas, familiares, profissionais e espirituais. Desta forma, explicamos sobre a importância de entendermos o casal como um sistema.

Procuramos buscar as principais dificuldades da relação conjugal, mas também seus principais  recursos, fazendo a significativa distinção do que é URGENTE daquilo que é importante, também relevante, mas que será pontuado mais adiante.

Identificamos, nessa primeira entrevista os fatores que o casal, naquele momento, avaliam como principais problemas, e procuramos definir a dificuldade que iremos eleger  a ser falada e compreendida nesse período,assuntos esses que servirão de base à dinâmica do processo terapêutico.

                           Lígia Oliveira- Terapeuta de casal, família e psicanalista

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Relacionamento a Dois: Escuta e Fala

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                                             Relacionamento a dois- A escuta e a fala
Observamos, no dia a dia conjugal, que um dos principais exercícios emocionais que faz a diferença para melhor é a maneira como administramos o nosso aprendizado no que diz respeito à nossa escuta e  a nossa fala, no dia a dia com o nosso par.

 Quantas são as cobranças, as reclamações, as críticas, os mal humores, as impaciências, as nossas razões mais "certas"...

Sabemos que qualificar  a escuta e a fala acontece dentro de uma motivação constante à uma experiência diária, difícil, todavia possível.

É importante atentar as mudanças positivas que acontecem na gente, no outro, na energia e no ambiente como um todo, quando vivenciamos uma escuta generosa e um verdadeiro comprometimento com a história do outro,( e com a nossa também) dentro de um olhar amadurecido, que não busca vencedores e vencidos.

Escuta generosa pressupõe conseguir calar, naquele instante, a nossa opinião, o julgamento, a necessidade de convencer o outro que a nossa visão é a melhor.

 Fácil? Sabemos que não!
Quando conseguimos andar por esse percurso, pé ante pé, nosso interlocutor, diante de tal comportamento,  na grande maioria das vezes, vivencia esse respeito, sente-se acolhido, valorizado e traz como retorno a circularidade desse clima positivo o qual vai sendo experenciado mutuamente.

O aprendizado vai acontecendo aos poucos, com quedas e superações, contudo se o objetivo é o crescimento afetivo, dessas escutas internas e externas, muita coisa é avaliada, lida, relida, transformada, deixada de lado, em uma verdadeira busca de aprender, aos poucos, a administrar, sabiamente, os três tempos da nossa vida: passado, presente e futuro, tanto no que concerne ao nosso comportamento como à construção conjunta da vida a dois.

Assim  vamos reconstruindo de forma mais consciente a arte do encontro.

    Lígia Oliveira- Terapeuta de casal, família e psicanalista


quarta-feira, 31 de maio de 2017

O Processo de Luto e a Terapia Familiar






Quando uma família começa um processo terapêutico, grande parte  dos familiares chega com sua "caixa de ferramenta" trancada. No início da terapia a fala dominante familiar é baseada em sentimentos subjetivos de culpa,medo, raiva, ressentimentos, saudades, dúvidas...
O trabalho terapêutico tem como objetivo a facilitação da comunicação entre os familiares, para a melhoria do compartilhamento das idéias, emoções, criando-se, aos poucos, um espaço relacional mais oxigenado. Espaço esse de aprendizado oa manejos dos afetos, na busca de recursos que poderão facilitar condições de superação.
A Terapia de Família entra nesse contexto de luto, mediante acolhimento do sofrimento familiar e trabalha com objetivos voltados aos reservatórios de esperança, investindo na vivência dos recursos familiares/individuais que facilitem o processo de seguir em frente na vida. Ou seja,  aos poucos, vai validando o sofrimento dos entes familiares em função da grande perda, ao mesmo tempo, que favorece uma transformação do contexto de sofrimento em contexto de aceitação.
Fases do Luto:

 A maioria dos estudiosos apresentam como "tempo" da elaboração do luto um período que tem como duração de um a dois anos; vai depender do motivo da morte e da estrutura familiar.Nesse período, vai o enlutado tendo uma redução dos sintomas físicos e psicológicos.
 
Fase 1-
Recebimento da notícia, negação da morte, entorpecimento, muita dor, negação, dor psiquica aguda, sintomas psicossomáticos, choro,culpa,raiva, isolamento social;

Fase 2-

Fase de anseio e da procura, na qual os enlutados desejam de volta o ente falecido. Visitas ao túmulos frequentes e visões,  sonhos com o ente que se foi.
Dificuldade de concentração, dor psiquíca, choro, raiva, comportamentos hostis...


Fase 3-

Sentimento de desorganização e vivência de mudanças drásticas. Poderá ocorrer despreparo emocional, financeiro. Período que novos papéis precisam ser assumidos, em função da morte do familiar;
Fase 4-
Fase que a família vai aprendendo, mais constantemente, a conciliar um"sentido" para a perda, a fim de compreende-la em um contexto de crenças, descobertas de novos funções, adaptação gradativa à vida sem o ente querido: andamento  do processo de continuidade da vida.

Distorções do luto:

Alguns familiares não "respondem" de uma forma usual à perda de um ente querido. Seu comportamento se carcteriza por experiências que favorecerão consquências futuras não saudáveis ao processo do luto

Essas ações mais frequentes são:

Atraso das reações "normais", ou seja, o enlutado que resolve tudo no velório, fica como suporte familiar, é  o"forte" . É como se ele tivesse o dever de não sentir, não sofrer; o pensamento é voltado para o outro que tem que apoiar. 

Envolvimento em excessos de atividades profissionais, mascarando, protegendo a dor do sentimento de perda;

Ausência das reações de luto, choro, tristeza solidão, como uma forma de repressão da demonstração de dor;

Apresentar sintomas que o morto tinha.

Obs- Caso essa reações se apresentem, constantes, por mais de seis meses poderá ter como consequência a vivência do que chamamos de luto patológico.

A família tem necessidade de, conjuntamente, conversar sobre suas emoções, de forma clara, para o progresso da aceitação da morte.
As tristezas, dúvidas, mágoas, culpas precisam ser reconhecidas e validadas, pois sentimentos e ações de negação, muita mágoa, culpa,  poderão fazer surgir na família reações nocivas aos relacionamentos atuais, ou futuros, como distanciamentos afetivos, substituições, projeções.

Desta forma, a Terapia Familiar trabalha alguns fatores familiares que servirão de força e apoio à família enlutada, investindo em ações conjuntas de enfrentamento e encorajamento da vivência do luto e reforço à rede familiar, social e espiritual.
           
Muito importante que o processo terapêutico potencialize forças  para uma ajuda genuína aos familiares "sobreviventes" para que esses,durante e após o período do luto, possam "extrair significado" da perda, consigam ressignificar suas dores e seguir em frente mais fortalecidos.

Obs-  Esse resumo utilizou vários textos dos sites abaixo:
www.redeapi.org.br
www.grupocasulo.org                 

                                  Lígia Oliveira- Terapeuta de famílai e casal

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Mudança- Ginástica dos Pensamentos e Sentimentos





    

O livro Do Desejo ao Prazer de Mudar de Françoise Kourilsky-Belliard, doutora em psicologia ( 2.ed.), 2004, nos traz reflexões sobre uma vivência muito presente nas nossas vidas: a mudança. A autora contextualiza, de forma cuidadosa e profunda, a mudança nas suas múltiplas faces: social, tecnológica, física, material, cultural, psicológica e emocional.

Em relação à mudança íntima, pessoal e comportamental o livro nos leva a ampliar nosso pensamento para entendermos essa mudança como um caminhar para um percurso de vida diferente, consigo, com o outro e com o ambiente. Nesse movimento, a visão interna não nos faz rejeitar o nosso  jeito anterior de ser e estar no mundo, mas, antes de tudo, busca  um olhar curioso, crítico e amoroso para acolher as nossas condições possíveis do presente.

O processo de mudança mobiliza a reflexão da vontade de ampliarmos  a nossa interpretação de mundo diante das situações da vida, e, nos direciona a uma parada gradativa de ressignificação de formas de pensar, sentir e agir. Querer mudar significa ver não só  o que pensamos, mas também perceber como esse pensamento modela  o nosso comportamento.

Avalio que em alguns momentos quando estivermos meio parados em leituras que nos impossibilitem avançar em direção a uma vida melhor, precisemos  nos fazer algumas perguntas, entre as quais seleciono as seguintes:

Em que proporção as minhas leituras da vida estão contribuindo para uma vida mais feliz? O que sinto que posso flexibilizar ou não com o outro? Comigo mesmo? Que resultados voltados à qualidade de vida conseguiria? O que avalio que na minha forma de viver o mundo é um movimento que me aprisiona ?Aprisiona o outro?O que quero manter com essa atitude? O que posso soltar? O que o outro também precisa acolher em mim? O que preciso e quero mudar? O que preciso e quero manter?

O exercício de questionamento acima, ou um outro que atenda as peculiaridades de cada caso, mas que invista na reflexão, pode ter a função de uma ginástica de pensamentos e sentimentos que sendo realizada no momento e dose adequados, melhorará nossa "musculatura" emocional, mental e social, reforçando condições para nos tornarmos mais sujeitos da nossa vida e enriquecermos nossas possibilidade de interação com o outro e com a gente mesmo.

É  preciso que andemos passo a passo, devagar e firme, porque no processo de mudança  na maioria das vezes, a direção é mais importante que a velocidade.

Obs- Postagem reeditada.

              Lígia Oliveira- Terapeuta de casal e família- www.terapiacasalefamilia.blogspot.com
                      

sexta-feira, 14 de abril de 2017

O Jogo do Contente na Nossa Vida





Poliana, personagem central do livro de Eleanor H. Potter, do livro do mesmo nome,apresenta como comportamento constante, um otimismo exagerado, ensinado pelo seu pai.
Poliana queria como presente de natal uma boneca e recebeu um par de muletas, presente encaminhado para ela, erroneamente, por uma instituição de caridade, pois seu pai não tinha condições financeiras para presenteá-la. Seu pai, diante da situação, para não vê-la triste, falou que a filha deveria ficar feliz, uma vez que não precisava usar aquele presente. Essa fala do pai  fez Poliana calar a sua frustração, negando a dor e sua decepção. Aprende desde de criança, a mascarar seus sentimentos.
Depois que Poliana fica órfã vai morar com uma tia, que a trata muito mal, e mais uma vez Poliana, para "viver bem",  encobre essa frieza da tia e procura os pontos cor-de-rosa rosa daquela situação, ou seja, se aprisiona mais uma vez no Jogo do Contente.
Sabemos o quanto as frustrações, decepções, sentimentos de raiva, medo... são estruturantes na nossa vida, pois nos coloca de frente com nossas possibilidades e limites, e nos capacita a compreendermos nossos processos de reatividade positivos e negativos,  e as condições de construção de vida mediante a aceitação,  e  transformação da realidade.
Quando não olhamos para nossas perdas, dores,  e, temos a necessidade de pintá-las com cores suaves, estamos adubando o caminho de um mecanismo de defesa, a negação, o qual muito alimentado vai "exigir" de nós, cada vez mais, a necessidade de encobrir a dor, negando também a  aprendizagem em lidar, saudavelmente, com nossas atitudes de enfrentamento. Nesse processo, nos recusamos ao movimento de diante das dificuldades aprender, primeiramente a  "conversar" com elas, aceitá-las e ou transformá-las.
Avalio como essencial fazermos uma diferenciação do otimismo exagerado, cego, com a resiliência. Essa, muito necessária à nossa vida, se caracteriza por ser um investimento consciente no otimismo real, possível que nos auxilia nos embates do dia a dia, nos dando força e perseverança em nossos desafios, ou seja: nos reforça as possibilidades, mediante um olhar concreto dos recursos que podemos acessar, alimentar e construir.
O Jogo do Contente é um padrão de comportamento de defesa que denuncia falta de amadurecimento da mente, e que tem por objetivo uma blindagem emocional  ao sofrimento.
Reflitamos:
Como anda na sua vida, pessoal, conjugal, familiar, profissional, social, espiritual, o Jogo do Contente?
Em qual dessas vida o  alimenta ?
Para  que?
É essencial observarmos como compreendemos a vida, pois esse olhar nos transforma naquilo que somos.
Nosso conceito de vida segue aquilo que se estabelece depois que  a imagem e a vivência acontecem, dependendo, antes de tudo, daquilo que vamos deixando que cresça e se instale em nós.

                              Lígia Oliveira- Terapeuta de casal, família. e psicanalista

domingo, 26 de março de 2017

PARCERIA : papéis pai e mae


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Atualmente, são vários os formatos familiares: famílias formadas por pai, mãe e filhos, as monoparentais, as homoafetivas, as “produções” independentes... Na nossa conversa, hoje, vou falar do modelo familiar que integra pai, mãe e filhos.

Em relação ao papel materno, quando criança, vivi no tempo onde a grande maioria das famílias tinha o pai como “Cabeça da Família e era o detentor de autoridade maior. Os pais terceirizavam às mães as responsabilidades do lar, os papéis pedagógicos, afetivos...Observávamos que as famílias “problemáticas” tinham como leitura da sociedade uma viseira luminosa onde brilhava a frase: “A culpa é da mãe que não soube educar”.

As transformações atuais pediram que a mulher alargasse o seu papel individual e social. Percebemos, nessa mulher, uma postura para não abrir mão da sua profissionalização e do seu sonho de ser mãe.

Muitas dessas mulheres exercitam uma maior coerência entre o pensar e o agir, e não mais exigem que o seu parceiro seja o único provedor. Em contrapartida, pede, com mais força, a participação do seu marido/ pai no compartilhamento dos papéis, voltados à educação dos seus filhos de forma afetiva e efetiva.

Nesse “ponto de encontro” é essencial que pai e mãe repensem suas possibilidades e limitações, para que aprendam a melhorar suas habilidades de diálogo e manejar suas diferenças, mediante uma postura colaborativa e saudável do CUIDAR dos seus filhos.

Adiante, quando for preciso soltar as mãos, pais e filhos sentirão presente uma parceria amorosa que fez a diferença para melhor.

Lígia Oliveira-psicanalista, terapeuta de casal e familia

quarta-feira, 15 de março de 2017

Terapia de Casal- A Primeira Entrevista



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 Os casais que procuram a terapia de casal, na sua grande maioria, estão vivenciando a cronificação dos seus conflitos. Assim sendo, trazem desencantos, mágoas, agressividade expostas e reprimidas, culpas,    acusações...

 Todavia, uma considerável parcela  chega, ainda, com alguns comportamentos muito importantes à melhoria da dinâmica relacional, tais como: Motivação para falar, ouvir, olhar para si para a relação e abertura( mesmo que não muito expressa) para mudança, seja essa mudança, para continuar juntos ou  seguir por caminhos separados.

Nós terapeutas de casal costumamos explicar que nossa função é  a de facilitador da conversa como ainda a  da cooperação ao entendimento do que precisa ser falado, compreendido, negociado, não aceito, modificado, reaprendido...

Em uma primeira entrevista explicamos, inicialmente, o formato do atendimento, registramos alguns dados pessoais, construímos juntos o contrato terapêutico quanto ao horário e dia das sessões. Em seguida, reforçamos a importância da pontualidade e  da frequência, colaboração do casal com o processo,  e combinamos os honorários..

Posteriormente, perguntamos sobre os objetivos do casal, ouvindo atentamente os motivos de cada um.,e posteriormente falamos sobre os objetivos terapêuticos da Terapia de Casal.

Junto com o casal vamos trabalhando a necessidade de vermos a relação em todas as suas dimensões: físicas, emocionais, psicológicas, afetivas, familiares, profissionais e espirituais. Desta forma, explicamos sobre a importância de entendermos o casal como um sistema.

Procuramos buscar as principais dificuldades da relação conjugal, mas também seus principais  recursos, fazendo a significativa distinção do que é URGENTE daquilo que é importante, também relevante, mas que será pontuado mais adiante.

Identificamos, nessa primeira entrevista os fatores que o casal, naquele momento, avaliam como principais problemas, e procuramos definir a dificuldade que iremos eleger como a ser falada e compreendida nesse período,assuntos esses que servirão de base à dinâmica do processo terapêutico.

                           Lígia Oliveira- Terapeuta de casal, família e psicanalista




quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Terapia de Casal- Dificuldades/ Possibilidades


ilustração:tianinablogspot.com

Alguns estudiosos do comportamento humano defendem que a escolha do parceiro afetivo responde a anseios inconscientes, mais precisamente, na fase em que a criança  se "apaixona"pela mãe ou pelo pai.

Na conjugalidade, cada um dos parceiros leva para o interior  da relação suas heranças familiares, crenças, mitos, valores,  vitórias ,frustrações familiares...

Muitas dessas atitudes podem conter expectativas demasiadas como também crenças que aprisionam comportamentos negativos repetitivos, o que pode reforçar sérias dificuldades no relacionamento amoroso.

Assim sendo, surgem conflitos que, se não mais observados, colocarão em risco  a saúde afetiva do par.

É importante que haja a compreensão que muitos dos comportamentos desenvolvidos na relação conjugal, foram apreendidos e exercitados em vivências anteriores, sendo resultado dos seus construtos relacionais passados.

Quando o casal se esforça na compreensão dessas diferenças e investe em possíveis negociações,favorece a construção de uma conjugalidade baseada no olhar de três partes: o eu, o tu e o nós.

É importante reforçar que a atenção voltada, apenas, para as dificuldades sem possibilidade de compreensão e diálogo acerca dos motivos e posturas de cada um,  tem por base experiências respaldadas em comportamentos infantis e  egocentrados.

Sendo assim, as diferenças não olhadas trarão como consequências o distanciamento afetivo e a cristalização do sofrimento. Nesse caminho, a tônica presente é cada parceiro tentar convencer o outro das suas razões mais "certas", atribuindo ao outro a culpa pelos conflitos.

Facilita-se dessa forma, um ciclo ascendente de acusações onde o que importa é um vencer do outro e "provar" que tem a razão.

Quando esses casais procuram a terapia trazem uma grande carga  de ansiedade e mágoas pelas tentativas frustradas da melhoria do relacionamento.

A terapia de casal procura, primeiramente, acolher o sofrimento conjugal, como também o que cada parceiro reforça individualmente.

É essencial que o casal compreenda a necessidade da desconstrução das suas "disputas verbais",  e percorram, gradualmente,  estradas menos competitivas e mais cooperativas.

Mediante o aprendizado do exercício da fala e do ouvir, os parceiros terão condições de reverem suas motivações, emoções, crenças, padrões de comportamentos; processo lento e que pede paciência, inteireza dentro dos limites e possibilidades do casal.

O caminho seguinte trabalhará na clareza da influência do casal sobre os problemas compreendidos, favorecendo condições à mudança do comportamento, o que  dará chance a cada parceiro e ao sistema casal de vivenciar  suas conexões afetivas consigo mesmo e com os outros de forma mais saudável,

Lígia Oliveira- Terapeuta de casal / família e psicanalista

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Investir no Vínculo Conjugal



Tenho um livro que faço de "travesseiro" da autora Judith Viorstt: Perdas Necessárias. Com ele, sinto, choro, me alegro, questiono, sorrio, reflito, aprendo, transformo...E, principalmente, me sinto mais inteira com as lembranças que as mensagens do livro  acordam em mim.
No capítulo Amor e Ódio no Casamento parei inúmeras vezes para grifar, selecionar e reavaliar as emoções que o texto me despertavam, tanto como pessoa, como mulher, esposa e terapeuta de casal e familiar.

Reflete o texto que grande parte dos vínculos conjugais está sujeito à fortes pressões emocionais, as quais podem trazer  consequências nocivas( explícitas e ou silenciosas) à dinâmica relacional.

Observo no caminhar conjugal, tanto como terapeuta familiar, como dentro do casamento por mim vivenciado, que as dificuldades afetivas terão mais chance de acontecer e se manter, em função da criação e alimentação de um clima de cobranças, mediante expectativas muito romanceadas, projeções de sonhos infantis, e, da vivência, por parte do par, ou de um dos parceiros, da noção da complementaridade do casal, ainda hoje compreendida com uma leitura baseada na metáfora da "metade da laranja".

Como bagagem pesada e porta de entrada   para a criação de uma coleção de ressentimentos, aparece a ditadura conjugal, em relação ao outro do famoso "tem de ser".

Avalio que é necessário a redefinição conjugal dessas imposições,e, falo imposições, vez que na sua grande maioria são conceitos não conversados e pouco aprofundados, para que possam ser melhor trabalhadas as vivências individuais, semelhanças e diferenças, como ainda  a construção do nós conjugal.

Essencial a parada no sentido de se compreender, após o período de paixão, qual o clima de aproximação entre o casamento desejado e o conseguido; o sonhado e o possível. E não entendam essa minha fala como se o casamento fosse um lugar estéril de encantamento. Reflito que os encantamentos conjugais, ao longo dos anos, são fruto de sementes de conversas, desenvolvimento de respeito a conceitos,  diferenças e o trabalho direcionado a uma vivência afetiva, possível, mediante a experiência do enriquecimento de um viver de pertencimento do par ao mesmo tempo que valoriza a sua diferenciação.

Essencial aos parceiros as reflexões:  O que foi de sonho meu que coloquei como responsabilidade do  outro? O que posso rever para chegar um pouco mais próximo do desejo do outro e do meu? Onde eu e o outro trabalhamos dentro de uma postura amadurecida de complementaridade? O que posso e preciso mudar, manter, aceitar? Quais as repetições que insisto em fazer, que me aprisionam em um caminho de dor?  Ou que me liberam em um percurso mais voltado à coerência?Amadurecimento? Afetividade? Quais as repetições do outro? Em que pé anda o meu diálogo progressivo ou regressivo comigo mesmo e com o casamento?Como olho e ajo hoje, para o meu afeto, entrega, humor e o do nosso relacionamento conjugal?

Para tal, o processo de reflexão e reavaliação conjugal requer coragem para olhar de frente os desapontamentos,expectativas frustradas e idealizadas, avanços, recuos, paralisações, metas individuais e conjugais....

Quando o casal tem como motivação a continuidade do vínculo afetivo, tornar-se importante seguirem em um caminho voltado à criação de formas adultas de amor,( nessas também presente os sonhos) estrada essa que facilita a diminuição, gradativa de sentimentos narcisistas, egocentrados, tendo esses como  principais objetivos  "provar" que o eu tem razão, que estar certo...Esse "vício"comportamental precisa ser, aos poucos, desarmado, pois impede ao casal a se colocar no lugar do outro, como ainda cega os parceiros de enxergar formas complementares, diferentes de viver a vida, individual, familiar, conjugal...

Outro fator significativo ao caminho a dois, é reconhecer que um casamento amadurecido requer saber viver lado a lado com uma certa dose de ambivalência, imprevistos, limitações e possibilidades, e a postura diária da conscientização que a vida conjugal tem como dinâmica a mudança e a continuidade. Essencial a inclusão, das duas na vida como um todo.


Crescer com o casamento necessita um olhar atencioso individual e relacional , e o investimento na habilidade  de conseguir, dar e receber o que desejamos dentro dos limites das possibilidades, sem perder a vontade de seguir e ousar.


                           Lígia Oliveira- Terapeuta de casal e familia