SEGUNDA PARTE
No início do trabalho nos reportamos às fases oral e anal do desenvolvimento da infância, ou seja, as fases pré -genitais.
A fase da latência é
um período que traz uma retração do olhar infantil voltado à sexualidade,
mediante a domesticação das pulsões, através do desenvolvimento, dos padrões
e regras de conduta ditada pelos padrões sociais, cultura, dando lugar ao
crescimento das experiências cognitivas e de socialização.
No transcorrer do
período de latência a criança aprende a exercitar o amor pelos seus cuidadores
primários, (mãe, pai e substitutos). Nessa relação está presente uma carga de
excitação sexual, em função da vivência da criança com seus cuidadores através
de afetos, carinhos... O estudo reforça que desde os primeiros anos, o
comportamento infantil, diante dessa dependência tem teor sexual.
Em contrapartida, essa proximidade desperta na criança o temor
da separação do objeto amado e pode a desenvolver a ansiedade de perdê-lo.
Muitas vezes, a criança tenderá a transformar sua libido em ansiedade e agir de
forma adulta. O adulto que se tornou neurótico por conta da sua insatisfação
com a libido, tende a se comportar de maneira infantil.
Desta forma, vemos que o amor dos pais pelos filhos poderá
despertar, precocemente, seu instinto sexual. É essencial o olhar atento ao
desenvolvimento sadio dessa relação para que o caminho da afeição do filho/pais
possa cumprir a tarefa de orientar o filho em sua escolha de um objeto sexual
quando atingir a maturidade. É necessário que nessa estrada aconteça a
interdição do incesto para que a criança possa compreender e se apropriar dos
limites morais e sociais voltados à vivência sexual.
O não desligamento pelos filhos das figuras parentais, dessas
fantasias incestuosas trarão profundas perturbações psicológicas, afetivas,
emocionais...
Estudos mostram que mesmo as pessoas que fizeram o
desligamento do desejo incestuoso voltado às figuras parentais, ainda sofrem
influências desse período.
Entendemos que a afeição do filho pelos pais é um fator
infantil primordial na vida emocional do filho, o qual é revivido na puberdade,
vez que sinaliza o trajeto percorrido à escolha de um objeto.
Dentro desse viés, complementa a citação abaixo:
“Outros pontos de partida com a mesma origem primitiva
possibilitam ao homem desenvolver mais de uma linha sexual, baseadas não menos
na sua infância, e a estruturar condições muito variáveis para a sua escolha do
objeto”( pag.235/236)
A fase genital se inicia na puberdade e apresenta como
elemento principal a atenção direcionada para fora, para uma pessoa na qual se
busca a realização dos seus objetivos emocionais, afetivos, sexuais... Tem como
primazia as sensações dos órgãos sexuais, o que irá trazer como consequência a
culminância da vida sexual, sendo vivenciada também a função reprodutiva.
É interessante atentar acerca das múltiplas fontes da
sexualidade infantil e os seus diversos significados específicos para cada
pessoa: o prazer experenciado mediante a integração dos processos orgânicos,
somáticos, pela estimulação das zonas erógenas, pelo desenvolvimento dos
diversos instintos voltados à curiosidade, movimentos musculares, estimulação
de sentimentos de medo, masoquismo, crueldade, tensão, imaginação...
O estudo ainda apresenta a vivência e a influências de
múltiplos fatores ( muito bem explicados na obra) ao desenvolvimento da sexualidade
humana, dentre os quais podemos citar:
Condições
hereditárias, modificações ulteri
ores, repressão, sublimação, experiências acidentais, precocidade, fatores temporais, persistência das primeiras impressões, fixação.
ores, repressão, sublimação, experiências acidentais, precocidade, fatores temporais, persistência das primeiras impressões, fixação.
A pesquisa científica de Freud direcionada à sexualidade humana, nesse trabalho mais direcionada à
infância, nos alerta e aprofunda o olhar sobre a construção da vivência sexual,
mediante o estudo das suas várias fases e dos seus diversos fatores, os quais
agem dentro de uma perspectiva complementar e cooperativa, nos levando a uma
atenção curiosa da compreensão dos comportamentos que favorecerão à saúde
afetiva e emocional, como ainda nos amplia o entendimento das condições que
trazem a criação e a manutenção de comportamentos doentios.
Reforçando:
É essencial refletirmos na visão sistêmica, observando que “os
caminhos que ligam outras funções da sexualidade humana, também são cruzados no
sentido inverso”. ( 1905)
Assim sendo, nos fortalece condições à compreensão dos comportamento humanos, sejam esses saudáveis
ou patológicos, base que nos levará a um
melhor conhecimento desse grande círculo que é a nossa vivência sexual.
Bibliografia:
Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas
de Sigmund Freud, volume VII- A Sexualidade Infantil- Páginas: 177-212.
A Concepção Freudiana da Sexualidade Infantil e as
Implicações da Cultura e Educação- Veridiana Guimarães, site educativa, Goiana,
2012.
A Sexualidade Segundo a Teoria Psicanalítica Freudiana e o
Papel dos Pais Nesse Processo- Elis Regina da Costa- Universidade Federal de
Goiás.
Lígia Oliveira- psicanalista em formação e terapeuta de casa e familiar.
Recife,janeiro,2014
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