sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A SEXUALIDADE INFANTIL-II- UM POUCO DA VISÃO PSICANALÍTICA







SEGUNDA PARTE

No início do  trabalho nos reportamos às fases oral e anal do desenvolvimento da infância, ou seja, as fases pré -genitais.
 A fase da latência é um período que traz uma retração do olhar infantil voltado à sexualidade, mediante a domesticação das pulsões, através do desenvolvimento, dos padrões e regras de conduta ditada pelos padrões sociais, cultura, dando lugar ao crescimento das experiências cognitivas e de socialização.
 No transcorrer do período de latência a criança aprende a exercitar o amor pelos seus cuidadores primários, (mãe, pai e substitutos). Nessa relação está presente uma carga de excitação sexual, em função da vivência da criança com seus cuidadores através de afetos, carinhos... O estudo reforça que desde os primeiros anos, o comportamento infantil, diante dessa dependência tem teor sexual.
Em contrapartida, essa proximidade desperta na criança o temor da separação do objeto amado e pode a desenvolver a ansiedade de perdê-lo. Muitas vezes, a criança tenderá a transformar sua libido em ansiedade e agir de forma adulta. O adulto que se tornou neurótico por conta da sua insatisfação com a libido, tende a se comportar de maneira infantil.
Desta forma, vemos que o amor dos pais pelos filhos poderá despertar, precocemente, seu instinto sexual. É essencial o olhar atento ao desenvolvimento sadio dessa relação para que o caminho da afeição do filho/pais possa cumprir a tarefa de orientar o filho em sua escolha de um objeto sexual quando atingir a maturidade. É necessário que nessa estrada aconteça a interdição do incesto para que a criança possa compreender e se apropriar dos limites morais e sociais voltados à vivência sexual.
O não desligamento pelos filhos das figuras parentais, dessas fantasias incestuosas trarão profundas perturbações psicológicas, afetivas, emocionais...
Estudos mostram que mesmo as pessoas que fizeram o desligamento do desejo incestuoso voltado às figuras parentais, ainda sofrem influências desse período.
Entendemos que a afeição do filho pelos pais é um fator infantil primordial na vida emocional do filho, o qual é revivido na puberdade, vez que sinaliza o trajeto percorrido à escolha de um objeto.
Dentro desse viés, complementa a citação abaixo:
“Outros pontos de partida com a mesma origem primitiva possibilitam ao homem desenvolver mais de uma linha sexual, baseadas não menos na sua infância, e a estruturar condições muito variáveis para a sua escolha do objeto”( pag.235/236)

A fase genital se inicia na puberdade e apresenta como elemento principal a atenção direcionada para fora, para uma pessoa na qual se busca a realização dos seus objetivos emocionais, afetivos, sexuais... Tem como primazia as sensações dos órgãos sexuais, o que irá trazer como consequência a culminância da vida sexual, sendo vivenciada também a função reprodutiva.

É interessante atentar acerca das múltiplas fontes da sexualidade infantil e os seus diversos significados específicos para cada pessoa: o prazer experenciado mediante a integração dos processos orgânicos, somáticos, pela estimulação das zonas erógenas, pelo desenvolvimento dos diversos instintos voltados à curiosidade, movimentos musculares, estimulação de sentimentos de medo, masoquismo, crueldade, tensão, imaginação...

O estudo ainda apresenta a vivência e a influências de múltiplos fatores ( muito bem explicados na obra) ao desenvolvimento da sexualidade humana, dentre os quais podemos citar:
  Condições hereditárias, modificações ulteri
ores, repressão, sublimação, experiências acidentais, precocidade, fatores temporais, persistência das primeiras impressões, fixação.

A pesquisa científica de Freud direcionada à sexualidade  humana, nesse trabalho mais direcionada à infância, nos alerta e aprofunda o olhar sobre a construção da vivência sexual, mediante o estudo  das suas várias  fases e dos seus diversos fatores, os quais agem dentro de uma perspectiva complementar e cooperativa, nos levando a uma atenção curiosa da compreensão dos comportamentos que favorecerão à saúde afetiva e emocional, como ainda nos amplia o entendimento das condições que trazem a criação e a manutenção de comportamentos doentios.
Reforçando:
É essencial refletirmos na visão sistêmica, observando que “os caminhos que ligam outras funções da sexualidade humana, também são cruzados no sentido inverso”.  ( 1905)
Assim sendo, nos fortalece condições à compreensão  dos comportamento humanos, sejam esses saudáveis ou patológicos, base  que nos levará a um melhor conhecimento desse grande círculo que é a  nossa vivência sexual.

Bibliografia:
Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, volume VII- A Sexualidade Infantil- Páginas: 177-212.
A Concepção Freudiana da Sexualidade Infantil e as Implicações da Cultura e Educação- Veridiana Guimarães, site educativa, Goiana, 2012.
A Sexualidade Segundo a Teoria Psicanalítica Freudiana e o Papel dos Pais Nesse Processo- Elis Regina da Costa- Universidade Federal de Goiás.
                                  
 Lígia Oliveira- psicanalista em formação e terapeuta de casa e familiar.

Recife,janeiro,2014

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