sábado, 31 de janeiro de 2015

O CAMINHO DA MUDANÇA


É natural que em processo de mudança, mesmo quando colocamos muito empenho, voltemos aos nossos comportamentos anteriores.

Se a motivação é verdadeira, tentamos inúmeras vezes o começo do caminho da mudança e percebemos que esse início, aos poucos, vem carregado de novos sentimentos e ações povoados de mais esperança, confiança e entrega.

É preciso buscar lá dentro de nós aquilo que realmente nos mobiliza e nos conduz a uma vivência mais plena e amorosa com a gente mesmo e com o outro.

Tentemos novamente.

Será que começar pelo o mais simples não seria uma boa estratégia?

Observemos:

Como estamos no manejo das nossas emoções negativas?  

Conversemos com a gente mesmo e coloquemos nossas dificuldades e possibilidades pertinho da gente, na cadeira ao lado.

Precisamos parar para olhá-las, acolhe-las e compreende-las, caminho esse entrecortado de atalhos, desistências mas também recomeços com fé renovada.


Vejamos o que estamos reprimindo e observemos que qualquer sentimento reprimido, mesmo "escondidinho" toma grande força e presença dentro da gente

Troquemos o ter que pelo deveria ser, ou pelo poderia ser.



Diz o sábio OSHO que precisamos  buscar menos sensações e mais sensibilidade nas nossa rotas.

A dor e o sofrimento atrai a atenção da gente, então atentemos:

Lembremo-nos que "quando o interior muda o exterior muda automaticamente. Se ele não está mudando, então nossa mudança interna não passa de uma ilusão"

“Repasso os três sutras orientados pelo mestre OSHO no que se refere aos nosso percurso de mudança:

   Busque o caminho;

   Busque o caminho retirando-se para dentro;

   Busque o caminho avançando corajosamente para fora."

   OSHO,A nova Alquimia, 1990.


Lígia Oliveira-terapeuta casal, família e psicanalista

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Paralelo entre a Psicoterapia Breve Psicanalítica e a Psicanálise Clássica-Texto 2


  



   obs- continuação do texto 1

 - Transferência e flexibilidade

A PB trabalha com a transferência do paciente de forma mais flexível mediante pontuações e leituras desses processos transferenciais. O profissional, muitas vezes se coloca no lugar do paciente, o qual poderá sentir o terapeuta como um amigo. Havendo necessidade a PB poderá se utilizar de  outras  técnicas e abordagens terapêuticas.

A Psicanálise Clássica observa a transferência do analisando e vai trabalhando internamente, até que o paciente no seu ritmo vá explorando e quebrando essa transferência. A postura do analista também não é muito próxima, é mais distante.

Uso do divã:

A PB se utiliza da conversa olho no olho entre o analista e o analisando, vez que não tem como objetivo acessar conteúdos regressivos primitivos, como ainda o olho no olho auxilia ao profissional na leitura mais direta: dos gestos, expressões faciais, de conforto, constrangimento, alegria, dor...

A Psicanálise Clássica utiliza o divã como um recurso que irá facilitar o relaxamento maior do paciente, a estar ele com ele mesmo, sem a interferência do olhar face a face com o analista.
O uso do divã também traz como recurso a não visão de algum gesto do analista que possa influenciar o processo do paciente nos seus processos inconscientes.

Momentos de crise aguda do paciente:

Na ocasião de uma crise aguda, muitas pessoas têm suas defesas rebaixadas em função de se encontrarem necessitando de uma ajuda mais rápida. Dentro dessa perspectiva, o paciente tem uma maior chance de vivenciar um vínculo positivo com o profissional e conseguir a melhora da crise dentro de um menor espaço de tempo.

 Freud não orientava a Psicanálise Clássica aos pacientes em crise aguda, trazendo a explicação de  que o paciente nesse momento ficava refém das suas “realidades penosas”; por consequência o paciente iria se retrair em vez de se soltar.

Observações importantes:

- O principal sujeito do processo terapêutico é o paciente o qual é o responsável pela “permissão para que o analista junto com ele prossiga ou não no estudo do seu terreno psíquico”.

- Braier( 1986)nos traz estudos onde observou profundas modificações nos pacientes advindos da PB “ sem que esses tivessem elaborado as raízes dos seus problemas”. Diante desses estudos pode-se dizer que a PB “poderá atuar como agente sensibilizador para a base de um tratamento analítico posterior”. Sabendo-se que essa “passagem” deverá ser cuidadosamente vivenciada pelo par analítico.

A PC reforça o entendimento do efeito “carambola”, vez que ao resolver um problema central, agudo, favorecerá condições e repercussões positivas em outros comportamentos, por ter diminuído a ansiedade maior naquele momento do paciente.

Finalizando, é essencial que entendamos que o olhar do analista deverá ser aprofundado em relação à forma como esse deverá proceder quanto ao estudo e a escolha da abordagem terapêutica direcionada ao seu paciente.


Para tal  o psicanalista, deverá investir em uma leitura  criteriosa levando em conta a singularidade, a história de vida, e  o contexto no qual seu paciente  se encontra.

Lígia Oliveira- Psicanalista, terapeuta de casal e família

                                                                        Recife,janeiro, 2015

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Paralelo entre a Psicoterapia Breve Psicanalítica e a Psicanálise Clássica-Texto 1




 Paralelo entre a Psicoterapia Breve Psicanalítica e a Psicanálise Clássica.

Na busca da compreensão da Psicoterapia Breve Psicanalítica (PB) com o objetivo de estabelecer onde a PB dialoga ou se distancia da Psicanálise Clássica precisamos saber que a Matriz desse entendimento passa, inicialmente, pelo estudo da Psicanálise Clássica: seus pressupostos, fundamentação teórica, metodológica e prática, conhecimento básico para o profissional que trabalha o ser na sua dimensão psicológica, afetiva, emocional e  comportamental.

Para a realização desse trabalho utilizei como fonte o seminário apresentado pelo professor Dr. Fabiano Costa sobre o tema, e o livro de Haydée C. Kahtuni, que tem como título Psicoterapia Breve Psicanalítica, compreensão e cuidados da alma humana, 1996.

“A psicanálise freudiana tem como objetivo maior “fazer consciente o material inconsciente reprimido ou recalcado.” (Primeira Tópica, pag. 63). A partir da Segunda Tópica o olhar de Freud ao paciente desenvolve como meta norteadora a “ampliação dos limites do ego” (pag.63). Para o desenvolvimento desse caminho de exploração do ser humano será necessária uma busca atenta e minuciosa dos conteúdos, sentimentos e comportamentos para o qual não são eleitos temas principais nem período determinado de tempo. O trabalho terapêutico na psicanálise clássica vai sendo experenciado e desenvolvido mediante o ritmo do paciente, aos poucos.

O principal objetivo da PB tem como pilar o esclarecimento ao paciente da “natureza dos seus conflitos atuais”. (pag.63)
Observamos que na PB também “se busca a ampliação e a organização do ego”. Entretanto, uma das características mais importantes é a delimitação de um foco, segundo o qual serão estabelecidos os objetivos terapêuticos dentro de um planejamento da duração de um prazo determinado para acontecer.
Na PB os objetivos são atingidos quando os sintomas representativos dos conflitos atuais são solucionados. Ou seja, a PB procura capacitar o paciente a resolver seus conflitos atuais da melhor forma possível.

De maneira geral, para uma maior compreensão, vejamos os principais itens relacionados à Psicoterapia Breve Psicanalítica e a Psicanálise Clássica:

- Quanto ao foco:

A PB determina junto ao paciente um foco, um mapeamento urgente dos sintomas gerados pelos conflitos vivenciados naquele momento. Explora o material a ser trabalhado, temas advindos do polo emergencial do paciente, das suas situações de crise, realidades presentes.
Em relação à duração a PB pode durar horas, dias, semanas, meses e poucos anos.

A Psicanálise Clássica não trabalha com uma postura terapêutica junto ao paciente com limites em relação à duração do tratamento, podendo esse se prolongar por anos a fio.
 O tratamento é vivenciado dentro de uma abordagem ampla sendo o material terapêutico todos os assuntos trazidos pelo paciente. Assim sendo não delimita tempo ao tratamento.

- Postura do terapeuta e abstinência do analista:

Na PB o terapeuta é mais comunicativo, ativo, diretivo podendo fazer uso de sugestões e ordens tais como: vá por esse caminho, faça dessa forma...
Diante de tal comportamento profissional, observamos uma quebra na postura da abstinência do analista.

Na Psicanálise Clássica o analista traz como postura atitude baseada na regra da abstinência terapêutica liberando o paciente para falar o que ele quer, sem sugestões ou comandos.
O profissional tem como preocupação a ampliação das demandas do paciente, intervindo pouco, mas favorecendo bem a busca dos conteúdos e sentimentos, dos seus conflitos primitivos, procurando explorar como esses podem está reverberando no presente e poderão influenciar o futuro.

- Atenção do profissional e associação livre:

Na PB a atenção do terapeuta é direcionada, focal, aos temas eleitos como principais, havendo um corte seletivo aos temas não escolhidos, pertinentes à crise.
 Esses outros temas são deixados de lado no início do processo. Desta forma percebe-se que a PB não faz uso da regra fundamental da Psicanálise Clássica Que é a associação livre de ideias.


Na Psicanálise Clássica o analista desenvolve a atenção flutuante (não focal), levando o paciente ao desenvolvimento da associação livre de ideias (método básico da Psicanálise Freudiana) mediante uma escuta não seletiva, atenta a todas as falas, silêncios, gestos e sentimentos expostos pelos pacientes.

obs- Continua no texto 2




sábado, 3 de janeiro de 2015

Psicanálise- Psiconeuroses e Neuroses Atuais






O presente trabalho tem como objetivo o estudo das teorias freudianas sobre as neuroses.

O material do estudo foi baseado no Volume III, Primeiras Publicações Psicanalíticas, Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud e, livros de psicanalistas mais contemporâneos, citados ao término do trabalho.
A psicanálise tem o seu foco voltado à compreensão da dinâmica da mente, sendo essa entendida de forma ampla: psique, afeto, emoção... e,  como esses movimentos mentais podem contribuir aos distúrbios evolutivos do comportamento.
 A atuação da psicanálise busca a raiz das dificuldades e os caminhos que irão proporcionar o equilíbrio emocional, afetivo, mental...
Para tal, paciente e analista precisam juntos, buscar os conteúdos submersos da mente do paciente, seus significados e como esses podem estar trazendo sofrimento ao ser.
Para iniciar nosso estudo podemos dizer que  as neuroses surgem de uma não compreensão dos sentimentos e dos conflitos intrapsiquicos não resolvidos pela pessoa. E sabendo-se que todos os seres humanos convivem com conflitos, podemos dizer também, que todos somos neuróticos, uns com mais intensidade e outro com menos.
Para entender melhor acerca de como se originam as neuroses vejamos:

A pessoa sente um impulso do ID, tido por ela como proibido por ser de conteúdo erótico, agressivo, vingativo, incestuoso... O EGO entende que se alguns desses desejos se realizarem o SUPEREGO trará como resultado a culpa, a acusação, a vergonha... Assim sendo o EGO recalca o desejo e o leva para longe da consciência, protegendo-se da ansiedade mediante a utilização dos mecanismos de defesa.

Quando a pessoa se defronta, mais adiante, com situações semelhantes às passadas que foram recalcadas, mas, afetivamente guardadas no inconsciente, ocorre uma estimulação dos antigos, sentimentos, e perdas.
O EGO trabalha para que os impulsos e desejos proibidos não se realizem. Esses conteúdos reprimidos empreendem uma luta contra esse caminho, através de movimentos que o EGO não tem o controle. Desta forma cria uma representação substituta: o SINTOMA- NEUROSE- O CONTEÚDO LATENTE DO SUJEITO.

No livro III, Primeiras Publicações Psicanalíticas, quando Freud aborda acerca do Mecanismo Psíquico dos Fenômenos Histéricos, seu olhar se volta mais para o aprofundamento da Histeria ( psiconeurose de defesa) chamada por Chacort de “  Neurose Maior”
Reflito sobre o sofrimento daqueles que desenvolveram, naquela época, sintomas histéricos, em função da forma pela qual eram olhados dentro de uma lente de loucura, preconceitos, julgamentos...
O aprofundamento das teorias freudianas veio auxiliar aquela pessoa que além de não  entender as suas dores, ainda é vista como dissimulada, vez que não apresentava lesão aparente, doença “exposta”, visivelmente.
Encontramos nas páginas 42 e 43 do Volume III,a seguinte explicação:
“... Aprendemos desse modo, para dizê-lo em termos grosseiros, que há uma experiência afetivamente marcante por trás da maioria dos fenômenos histéricos, se não de todos”
Observamos que na histeria é reforçada a vivência do desejo, da emoção, do afeto, que mesmo reprimidos continuam  circulando na pessoa. A pessoa arquiva o desejo, mas a vontade continua viva e pode ser revivida a qualquer momento na forma de uma neurose histérica.
O exemplo registrado na página 44 explica de forma prática a compreensão da neurose histérica.
O caso fala sobre uma mulher que apresentava quadro de histeria de conversão apresentando quadro forte de anorexia...
O evento significativo anterior afetivo se deu pela leitura, dessa paciente, de uma carta contendo conteúdo de humilhações bem antes de uma refeição. A atitude doentia  da repulsa à comida persistiu por grande período, caracterizando dessa forma em uma histeria de conversão.

Observamos então que a relação histérica do exemplo acima foi uma resposta do sistema nervoso que não teve poder para administrar a lembrança afetiva, se utilizando assim de somatizações, ataques histéricos e a cronificação desses sintomas.
O processo analítico irá favorecer ao paciente neurótico, a vivência da repetição dos seus sintomas com o objetivo de liberar o afeto que está estrangulado, na busca da cura do sintoma.
Freud fala sobre a importância da análise reforçando que a mesma é uma “tentativa de converter as forças mais importantes de inimigas em aliadas” (FREUD BÁSICO, pag.261).
O processo analítico investiga junto ao paciente as causas das suas enfermidades psicológicas, na sua grande maioria vindas da infância, ansiedades iniciais do nascimento, Édipo, Complexo de Castração, eventos que ocorreram há muito tempo, mas continuam exercendo poder e influências significativas ao paciente.
Obsessões e Fobias (Psiconeuroses)
Obsessões:
As obsessões e fobias são neuroses distintas com mecanismos e etiologias específicos. Na maioria dos casos (não sendo uma obsessão intensa) são imagens inalteradas de eventos importantes.” (pag.89)
“Dois fatores são presentes em toda obsessão:
  a- Uma ideia que se impõe ao paciente.
  b- Um estado emocional associado.”                  .
O fato relevante no paciente obsessivo é o estado emocional inalterado, enquanto a ideia pode variar.
É essencial se fazer uma diferenciação entre pacientes que apresentam pequenos traços de obsessão, como organização e limpeza, daqueles que se comportam de forma significativamente obsessiva que podem vir acompanhados de neurose mista, perversão, psicose.
Percebemos que os pacientes obsessivos reforçam em si  elevado  grau de sofrimento, aos outros  e a sua dinâmica de vida como um todo, uma vez que vivenciam uma rotina de repetição, atos motores, os quais são realizados e desfeitos uma quantidade de vezes, pois esse não feitos trarão maior ansiedade ao paciente.
Para exemplificar observemos o exemplo dado por Freud nas páginas 69/70:
Uma jovem esposa que tivera apenas um filho em cinco anos de casamento, queixou-se  a mim que sentia um impulso obsessivo de atirar-se pela janela, ou de uma sacada, e queixou-se também do temor de apunhalar seu filho, temor que a acometia quando ela via uma faca afiada. Admitiu que raramente acontecia o intercurso sexual, sempre sujeito a precaução contra a concepção, mas afirmou que não sentia falta disso por não ser de natureza sensual”.
“Nesse ponto aventurei-me a dizer-lhe que à vista de um homem ela tinha idéias eróticas e que, portanto perdera a confiança em si própria e que se considerava uma pessoa depravada capaz de qualquer coisa.”
Na maioria dos casos as obsessões têm como base de origem sentimentos sexuais reprimidos. A obsessão representa então o substituto da ideia sexual recalcada, pois sabemos bem como  aquilo que é recalcado tenta se expressar.
Os sintomas mais frequentes da pessoa obsessiva são; pensamentos ruminativos, repetições motoras, rituais, controle onipotente... Seu principal mecanismo é a substituição do desejo anterior (proibido) por outro.

Fobias:
O mecanismo das fobias é em tudo diferente da obsessão. A substituição não é o traço mais dominante... nada se encontra além do estado emocional da ansiedade. ( Freud,pag. 96)
A origem das fobias tem como pilar três fatores: temor de encontrar com aspectos da sexualidade reprimida, medo de se confrontar com os aspectos agressivos e o discurso terrorífico dos pais.
Exemplificando acerca do discurso de terror dos pais aos filhos podemos citar um exemplo dado, registrados por Zimerman, 2005, pag.174:
 “Mãe apavorada que manda os filhos cobrirem janelas e espelhos e terem atitudes medrosas em relação a trovões e relâmpagos e se contam histórias amedontradoras, é bem possível que esteja fabricando um filho fóbico a dias chuvosos”,( Zimerman, 2005)
É necessário um conhecimento amplo acerca dos tipos de fobia, aquelas que observamos ser mais comuns, como medo da morte, doença, escuridão... das fobias contingentes que se caracterizam pelo temor e atitudes de evitação de situações  e objeto os quais não despertam medo nas pessoas em geral.
É essencial observarmos que tanto nos quadros fóbicos como nos obsessivos não está presente a somatização, desta forma também não encontramos a conversão.
Todavia Freud fala sobre a existência de fobias puramente histéricas. São os casos onde o paciente rejeita a ideia incompatível juntamente com o afeto, e apresenta um  comportamento como se essa ideia nunca tivesse existido. Nesses casos observamos que o paciente desenvolve uma “confusão alucinatória”.
O ego pratica a fuga para se defender da ideia incompatível.
Ex: “Mãe que se perde pela perda do seu bebe, e agora embala nos seus braços um pedaço de madeira”
Freud aborda volta sua atenção também à Neurose de Angústia- (neuroses atuais)
A investigação acerca da etiologia da neurose de angústia aponta para causas originadas na vida sexual, sendo de maneira geral, o resultado de todos aqueles fatores que impedem a excitação sexual somática de ser exercida psiquicamente.
O quadro principal é a presença de uma expectativa ansiosa e nesse capítulo do volume III, Freud fala da neurastenia e da hipocondria.
O paciente com neurose de angústia apresenta sintomas de irritabilidade em geral, expectativa angustiante, pânico, medos exagerados, mania de duvidar, ataques de angústia respiratória, dores cardíacas, tremores, diarreias, vertigens...
É necessário ao entendimento da neurose de angústia, se fazer uma diferenciação da manifestação da neurose em relação ao homem e a mulher, pontos bem explicados no Volume III, Freud.
Os sintomas da Neurose de Angústia comuns ao homem e a mulher são: a vivência da prática de se masturbar, e quando não mais utilizam essa prática podem ficar reféns da neurastenia, vez que, muitas vezes, não desenvolvem a tolerância para  aguentar a resistência.
Outra causa comum ao homem e a mulher em relação à neurose de angústia tem como fator a exaustão física e psicológica em função de grande carga de trabalho, cuidados com familiares adoentados...
A neurose de angústia pode oscilar em duração e intensidade, e, pode acontecer, em alguns casos, a neurastenia ser uma resposta da fadiga física ou mental.
A anamnese dos pacientes revela que os sintomas da neurose de angústia, em algum período definido, sucederam aos sintomas de alguma outra neurose- talvez da neurastenia e tomaram o seu lugar.

“... onde quer que ocorra  uma neurose mista, será possível descobrir uma mistura de várias etiologias” (Freud, 132).
Os quadros de ansiedade podem acontecer mediante a combinação de vários sintomas e podemos entender que o analista deverá ter um olhar aprofundado e sistêmico no que se refere a busca da origem dos comportamentos do seu paciente.
Ex: Uma mulher que já tinha um quadro de histeria, por estar no casamento praticando o coito interrompido, estará predisposta a desenvolver uma neurose de angústia e trazer comportamentos respectivos dos dois quadros.
Todavia é importante que saibamos que a histeria e a neurose de angústia não se combinam uma com a outra:
“... a diferença é simplesmente que na neurose de angústia a excitação se expressa é puramente somática (excitação sexual somática) enquanto que na histeria é psíquica (provocada por um conflito).” (pag.134)

 Conclusão:

Reflitamos sobre o poder curativo da psicanálise, trabalhado, conjuntamente pelo analista e o paciente.
Esse relacionamento vai possibilitando ao paciente trazer à tona forças inconscientes, muito ocultas e também muito poderosas, ao mesmo tempo em que busca se identificar e se compreender as dificuldades e recursos,
Diante do estudo das neuroses, pilar da estrutura do comportamento humano, pode-se ir compreendendo a relevância das vivências da infância e das suas duradouras consequências à vida como um todo, podendo daí resultar em neuroses que se fixam em sentimentos os quais poderão trazer à vida do ser humano o seu adoecimento.
Pode-se também ir-se à busca da compreensão sobre em que condições as pessoas aprenderam a amar e se preciso for, elaborar condições para que esse caminho aconteça  de forma mais inteira.

 O processo psicanalítico possibilita olhar para o ser humano e entender o quanto da sua vida interior pode trazer sentimentos de medo, culpa, vergonha, acusação, punição, ansiedade, sabendo que essa formação para ser melhor compreendida será preciso uma automergulho nas profundezas da mente que possa  trazer  a esse ser condições de, também, acordar para vivências mais  saudáveis.

Concluindo, trago um pensamento que avalio ser pertinente tanto ao psicanalista como ao paciente dentro do viés do olhar para as suas/nossas neuroses:

SE NÃO CONHEÇO A MINHA PRÓPRIA CASA FICA DIFÍCIL RECEBER VISITAS” ROGERS, 1961.

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                  Psicanalista em formação: Lígia Maria Bezerra de Oliveira/ 2013
Bibliografia:
Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas de Sigmund Freud-VolumeIII- Traduzido do Alemão e do Inglês sob a Direção Geral e Revisão Técnica de Jayme Salomão- Rio de Janeiro, IMAGO EDITORA, 1976.
ZIMERMAN, David E.
Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica e clínica- uma abordagem didática/David E. Zimerman- Porto Alegre, Artmed, 1999.
Zimerman, David E.
Psicanálise em perguntas e respostas- verdades, mitos e tabus/ David E. Zimerman/ Porto  Alegre: Artmed, 2005
Kahn, Michael

Freud básico: Pensamentos psicanalíticos para o século xxi- Michael Kahn, tradução de Luiz Paulo Guanabara- 2 ed.- Rio de Janeiro,Civilização Brasileira, 2005.