PSICOFARMACOLOGIA E PSICANÁLISE
PSICOFARMACOLOGIA DE ANTIDEPRESSIVO- RICARDO
ALBERTO MORENO E MÁRCIA BRITTO DE MACEDO SOARES( resenha do artigo)
A Contribuição da Psicofarmacologia dos
Antidepressivos no Processo Psicanalítico.
Muitas são as situações nas quais o
psicanalista trabalha no setting terapêutico com pacientes encaminhados por
psiquiatras ou que estão fazendo uso de psicofármacos.
Observa-se também que durante o processo
psicanalítico pode haver a necessidade do psicanalista proceder o encaminhamento do
analisando a um profissional da psiquiatria.
Esse trabalho multidisciplinar é bem
reforçado pelo grande psicanalista Winnicot, 1989, quando ele diz: ”Feliz do
psicanalista que tem algum amigo psiquiatra que recebe e cuida dos seus
pacientes analíticos quando eles estão em surto, e, ainda convida o analista a
continuar assumindo o tratamento”.
Necessário se faz que o psicanalista
saiba acerca da atuação, de maneira geral, e a forma pela qual esses
medicamentos poderão interferir no comportamento humano.
Para tal o analista precisa desenvolver
um conhecimento acerca dos princípios básicos da Farmacologia, mediante a
compreensão de como os medicamentos interagem com a dinâmica do organismo
humano para produzir seus efeitos terapêuticos, seus mecanismos de ação, seus
caminhos pertinentes a cada estágio do
medicamento no corpo, ou seja: absorção, distribuição, biotransformação e
excreção.
Observa-se através dos tempos, um
significativo avanço da Farmacologia, por um contínuo estudo, pesquisa e
desenvolvimento de fármacos, cada vez mais eficazes e com menos efeitos
colaterais.
Em relação à psicanálise, vimos,
inicialmente, que alguns analistas foram resistente ao uso dos psicofármacos em seus pacientes, comportamento que
foi substituído pela aceitação dos medicamentos dentro de uma terapêutica
multidisciplinar cada vez mais vivenciada .
Percebe-se, nos dias atuais a
importância da utilização dos medicamentos da psicofamarcologia nos analisandos
que estão desenvolvendo patologias no âmbito psicológico, afetivo e emocional.
Dentro desse percurso terapêutico, nessa
atuação mútua entre os fármacos, analista e paciente, percebemos que enquanto
os medicamentos agem sobre os sintomas e causas orgânicas a análise
atua e investe na relação do sujeito com ele mesmo e suas relações.
O artigo estudado sobre Psicofármacos de
Antidepressivo pontua que nessas últimas décadas, o estudo e a pesquisa tendo
como objeto a depressão, conseguiram uma evolução representativa, e como esses
medicamentos têm atuado positivamente nos tratamentos dos pacientes em
depressão.
A pesquisa científica, nesse campo, vem
trazendo condições que reforçam a qualidade da melhoria da terapêutica mediante
o acompanhamento e avaliação cuidadosos junto às respostas dos pacientes.
Inicialmente, até 1980 existiam apenas
duas categorias de antidepressivos, os ADTs, tricíclicos e os IMAOs inibidores
de monoaminooxidase. Esses tratavam a depressão de forma eficaz, todavia
traziam inúmeros efeitos colaterais indesejáveis, como também, no caso de uma
superdosagem poderia levar o paciente à morte.
A pesquisa farmacológica avança no
estudo do aprimoramento dos medicamentos voltados aos pacientes depressivos, os
quais( medicamentos) pudessem trazer mais eficiência e eficácia.
Estudos mais recentes traduzem o
aprimoramento dos medicamentos e esses têm tido respostas com melhores
resultados mediante a atenuação dos tão temidos efeitos colaterais.
O s novos medicamentos antidepressivos
são bem absorvidos pelo trato intestinal e mais rapidamente biotransformados
pelo fígado, todavia poderá demorar de quatro a oito semanas para dá uma
resposta clínica mais efetiva.
O artigo explica que mesmo com todo esse
olhar científico voltado aos medicamentos antidepressivos pode-se dizer que
ainda não se tem “uma explicação completa e adequada do funcionamento dos antidepressivos e assim
servimo-nos de hipóteses para entender o mecanismo de ação desses
medicamentos”.
É importante que o paciente entenda que
na maioria dos casos o resultado da atuação do fármaco não se faz de maneira imediata.
Como já mencionamos anteriormente, a atuação do medicamento antidepressivo tem
um período entre quatro a oito semanas.
É apresentado no artigo estudado de
forma minuciosa, a classificação dos medicamentos de acordo com a sua estrutura
química e as suas propriedades farmacológicas através de registro dos seguintes
tópicos:
Mecanismos de ação, farmocinética,
efeitos colaterais, necessidade de atenção médica, interações medicamentosas,
cuidados na alimentação, medicamentos proibidos, medicamentos permitidos,
contra indicações, sistemas de retirada, cuidados a considerar em casos
especiais, uso na gestação e lactação.
As informações e tabelas apresentadas no
estudo auxilia ao psicanalista dentro de
uma postura geral, dotando-o de informações importantes à compreensão do
trabalho combinado entre analista, psiquiatra, psicofarmalogia e paciente.
O
desenvolvimento da pesquisa farmacológica em relação aos medicamentos
antidepressivos fala que:
“Comparando os novos antidepressivos aos
clássicos ADTs e IMAOs, verifica-se um esforço no sentido de aperfeiçoar cada
vez mais a ação em sítios receptores determinantes de eficácia clínica,
evitando aqueles responsáveis pelos os efeitos colaterais”
O referido artigo tem o cuidado de falar
que mesmo com todo esse esforço de pesquisa em relação aos antidepressivos
atuais, ainda é necessário maior aprofundamento em relação às respostas desses
fármacos em pacientes graves, como também reforça que: “para vários
antidepressivos novos a segurança em gestantes e lactantes ainda não foi
estabelecida”
A leitura atenta do artigo oferece ao
leitor uma compreensão ampla da dinâmica medicamentosa dos psicofármacos, como
ainda dos esforços da pesquisa científica voltados a essa doença cada dia mais presente no mundo
contemporâneo, como uma verdadeira epidemia: DEPRESSÃO.
Desta forma facilita a equipe
profissional que se dedica ao processo terapêutico junto ao deprimido, melhores
condições de um olhar e postura voltados ao TODO que é o paciente.
Lígia
Maria Bezerra de Oliveira- Psicanalista em formação.