Construção sobre sucessos passados
A terapia focada na solução (T.F.S) traz na sua
formação a simplicidade e a clareza do modelo do MRI, todavia reorienta seu
foco de forma diferente. "Enquanto uma abordagem visa ajudar os clientes a
repetirem menos o que não funciona, a outra promove mais realização do que
funciona".
A TFS ouve a queixa trazida pelos clientes e
busca as situações de exceção, situações nas quais o problema
não acontece.
Enquanto o modelo do MRI se detém no
comportamento a TFS enfatiza a solução, vez que entende que as pessoas que
procuram o processo terapêutico têm capacidade e eficiência, contudo, estão
naquele momento, paralisados em seus problemas. Desta forma, procura realçar as
experiências nas quais os clientes se saíram vitoriosos.
Para os clientes os problemas são vistos como
primários e as exceções como secundárias. A TFS, inverte essa ordem. As exceções
são mais valorizadas e precisam ser incorporadas, ampliadas, ao repertório
familiar.
A TFS originou-se de um trabalho de um grupo de
estudiosos (1979), no qual Steve de Shazer aparece como principal criador, e,
Insoo Kim Berg como uma grande orientadora da prática dessa abordagem.
A TFS direciona o olhar para o futuro, pois
acredita que é lá que os problemas podem ser resolvidos. Seus terapeutas não
aceitam a ideia que as dificuldades tenham motivações ocultas. Reforçam que os
clientes querem realmente mudar.
A abordagem voltada à solução foi influenciada
por Erickson que defendia a capacidade das pessoas, e, que só era preciso
alterar um pouco suas perspectivas para liberar os seus potenciais.
O contrutivismo fala que a linguagem molda
a realidade. A TFS vai além, pois afirma que a linguagem cria
a realidade.
Partindo dessa premissa, a abordagem desenvolve
um diálogo terapêutico que passa da "fala problema"
para a "fala solução".
O objetivo da TFS é procurar resolver as queixas
trazidas pelos clientes, auxiliando-os a pensarem e fazerem algo diferente, em
busca de se sentirem mais satisfeitos. Para tal, reforçam que a pessoa já tem
dentro de si capacidade e habilidades para resolver suas dificuldades, mas não
percebem, vez que estão prisioneiros dos seus entraves.
Então o terapeuta trabalha junto aos clientes na
criação de objetivos claros e exequíveis, fazendo-os falar sobre os seus
desejos para o futuro: O que chamamos de construção colaborativa de narrativas
orientada para a solução.
O terapeuta focado na solução não procura
entender como os problemas se desenvolveram, nem também acerca dos padrões de
comportamento. O foco é no padrão de comportamento quando NÃO
existia o problema( exceção).
Algumas perguntas essenciais na TFS:
Na sua opinião qual é o problema agora?
Como voce saberia que o problema foi resolvido?
Como voce saberá que não precisa vir mais aqui?
Quais serão os sinais ?
O que terá que ser diferente para que isso
aconteça em termos do seu comportamento, sentimento e pensamentos?
O que voce perceberá que está diferente nas
outras pessoas envolvidas na situação?
Quais são as mais loucas fantasias sobre o que
voce quer que aconteça?
Em relação às Técnicas terapêuticas, o processo
se desenvolve em tres estágios:
1- O terapeuta redimensiona o problema sob uma
ótica positiva e funcional. Tece elogios à perseverança e capacidade do cliente;
2- O terapeuta trabalha voltado à compreensão no
sentido que o cliente perceba o vínculo lógico que ele criou para si mesmo, que o aprisiona.
3- Associa uma diretiva do tipo hipnótico a um
sinal inevitável de sucesso e progresso.
obs: Na página 329 são descritas
importantes sugestões utilizadas na TFS.
No final de cada sessão o terapeuta reforça o
processo através de uma mensagem- resumo, falada nos últimos
cinco minutos da sessão. Essa mensagem- resumo acontece da seguinte maneira:
1- Resumo do que foi falado;
2- Elogios pelas ações positivas;
3- Enquadre para contextualizar a situação
difícil do cliente, fazendo um reforço na normalidade da situação;
4- Orientação de tarefa para ser realizada
durante a semana.
Importante ressaltar o valor dado às tarefas
denominadas de "tarefas de fórmula". Em uma dessas
tarefas, já na primeira sessão, o terapeuta pede a todos que observem o que na
vida deles gostariam de manter. Esse direcionamento leva o olhar para a criação
de pontos de vistas mais otimistas, em vez de ficar buscando as causas dos
problemas repetitivos.
"Assim uma solução é um produto conjunto da
conversa, entre terapeuta e cliente sobre tudo que o problema/queixa NAO
é".
Perguntas de manejo visam
auxiliar os clientes a perceberem que têm mais recursos que imaginam. Por
exemplo: O que voce fez para evitar piorar? Quais as estratégias que usou para
melhorar a situação?
Nos casos mais resistentes onde os clientes não
identificam suas vitórias passadas, é importante que o terapeuta se volte para
situações de sucesso futuro, lançando mão de questões de milagre,
fazendo as seguintes indagações:
Suponha que em uma noite que voce estivesse
dormindo acontecesse um milagre e sua dificuldade maior fosse resolvida. Como
voce saberia que o problema acabou? O que estaria mais acontecendo?
Como voce e sua família estariam se sentindo?
ATFS entende que essas e mais perguntas similares despertam nos clientes
motivação e ação para criação de objetivos, como ainda alternativas de solução.
É também essencial que os clientes ativem sua
capacidade de solução até mesmo quando os problemas ainda não foram resolvidos,
mediante postura positiva, voltada à força.
"Como qualquer outra terapia, a
abordagem voltada à solução provavelmente não será muito efetiva se o terapeuta
na pressa de chegar aos seus próprios objetivos, deixar de escutar os clientes
e de fazer com que eles se sintam compreendidos".
Algumas críticas à TFS dizem respeito ao seu
olhar não circular, pois o foco é no positivo e o negativo é desconsiderado.
Quais as garantias que o cliente pode ter em
relação ao todo do seu processo, uma vez que não foi validado na sua escuta
mais ampla, quando precisou se deter no seu sofrimento?
Como ser verdadeiro com os resultados
terapêuticos, uma vez que o terapeuta trabalha mais voltado à vitória?
Sabemos do significado de um olhar voltado à
capacidade e ao otimismo, todavia os clientes têm suas histórias, narrativas
doloridas, fracassadas, as quais precisam ser faladas, acolhidas, exploradas e
ressignificadas.
Base de leitura do resumo: Terapia Familiar: conceitos e métodos / Michael P. Nichols, Richard C . Schwartz; tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese.-7ed.- Porto Alegre: Atemed, 2007
Base de leitura do resumo: Terapia Familiar: conceitos e métodos / Michael P. Nichols, Richard C . Schwartz; tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese.-7ed.- Porto Alegre: Atemed, 2007