sábado, 1 de janeiro de 2011

Breve resumo e histórico da Terapia Familiar

AS ESCOLAS CLÁSSICAS DA TERAPIA FAMILIAR- Breve resumo- Lígia Oliveira
 

    www.terapiacasalefamilia.blogspot.com

Antes de começar os resumos das várias abordagens em Terapia Familiar avalio como importante falar acerca desse meu trabalho.

Sei que é essencial um olhar mais aprofundado acerca desse tema, a todos os profissionais que vivenciam a Terapia Familiar. Todavia, sinto, em algumas situações, a vontade de rever, conceitos, experiências, interações, trocas, avanços, relatos de casos, de forma mais breve, das diversas escolas de Terapia Familiar Sistêmica.

Desenvolver esse olhar mais integrativo e poder, sistemicamente, nos "apropriar" desses conteúdos teóricos e práticos, poderá muito nos auxiliar tanto no nosso ser pessoa, como no nosso fazer profissional.

É dentro desse olhar que desenvolvo esse trabalho.

obs: Os referidos resumos têm como base de estudo o livro (o qual recomendo para aprofundamento) Terapia Familiar, Conceitos e Métodos de Michael P.Nichols e Richard C. Schwartz,7 ed. Porto Alegre: Artmed,2007

Em cada resumo identifico o número do capítulo do referido livro.

TERAPIA FAMILIAR E DE CASAL- Breve histórico

A Terapia Familiar teve seu início na década de 1950. Muitos foram os seus colaboradores, dos quais podemos citar Gregory Bateson e Nathan Ackerman, os quais aparecem como pioneiros nos Estados Unidos.

Já nesse período, a T. F.( Terapia Familiar) tinha a compreensão da família dentro de uma abordagem na qual o grupo familiar era estudado como um grande sistema.

Mais na frente, de 1960 a 1970, mediante o desenvolvimento da T.F. a mesma assumiu várias modalidades de nomes, de acordo com as suas mais diversas escolas, dentre as quais destaco: Sistêmica, Estrutural, Estratégica, Boweniana, Experencial. Esses modelos, juntos, rejeitavam o modelo psicanalítico e se uniram em torno do modelo sistêmico.

Aos poucos, a abertura e o desenvolvimento da T.F. proporcionaram a integração de várias correntes tais como a T.F. Psicanalítica, Cognitivo Comportamental, Narrativa, Focada na Solução, como ainda modelos integrativos.

Muitos são os estudiosos da T.F. dentre os quais podemos citar: Bateson, Ackerman, Salvador Minuchin, Jay Haley, Virgínia Satir, Murray Bowen, Tom Andersen, Monica McGoldrick, Harlene Anderson...

No Brasil podemos ressaltar como grandes nomes da T.F. dentre outros: Marilene Grandesso, Maria José Esteves, Terezinha Féres, Rosa Macedo, Sandra Fedulo, Roberto Faustino( Recife), Rosana Rapizzo, Luiz Carlos Prado...

Antes da T.F. a pessoa era vista como o foco principal do problema, e, o objetivo central terapêutico recaía sobre o "portador" do problema, ou seja o"paciente identificado".

Atualmente, uma dificuldade apresentada por um "filho problemático", faz o processo terapêutico buscar também como alvo de estudo o seu contexto relacional, e suas influências recíprocas, ou seja a circularidade das influências familiares no indivíduo e da pessoa no sistema familiar .

Entendemos que o sistema familiar vivencia interações que vão repercurtir no seu desempenho, tanto no seu ambiente interno como externo. Asim sendo, como já mencionada anteriormente, vemos a compreensão da circularidade como um dos principais pilares da T.F. Estuda-se, atenciosamente, as sequências interacionais dos familiares, para um olhar mais aprofundado acerca dos fatores que estão "segurando"o padrão comportamental familiar.

Sabe-se que todo sistema faz parte de um sistema maior, por esse motivo, a necessidade de se relacionar a família, observando-se sua rede de subsistemas, mediante a leitura de contextos mais amplos, ou seja: indivíduo, grupo, comunidade, sistema de crenças, cultural, político...

A família é compreendida como um sistema aberto, e, dependendo de como "administra" suas relações, poderá "trabalhar" para diante de um desafio, problema, continuar na sua zona de conforto e não propiciar a mudança, ficando na homeostase. Pode também "trabalhar" no favorecimento da mudança buscando condições de superação e novos significados.

É importante ressaltar que a T.F. dos dias atuais, tem seus paradigmas baseados na Ciência Pós Moderna e se apóia nos seguintes conceitos:

Complexidade- Não existe só uma realidade: base no multiverso;há diferentes olhares, múltiplos significados acerca de um mesmo fato.
A T.F procura facilitar a compreensão desses saberes, investindo em uma leitura ampliada da realidade;

Imprevisibilidade -Compreender que as imprevisibilidades existem, pois muitos fatos  não estão sob o nosso controle;

Intersubjetividade- Influências recíprocas entre o observador e a realidade observada: negação da neutralidade.Ou seja, enquanto participante do processo terapêutico, o terapeuta, também, coloca nesse percurso suas vivências.

obs- Aos que quiserem aprofundar o assunto, sugiro a leitura do livro Terapia Familiar Sistêmica- Bases Cibernéticas- Maria José Esteves, 1995.

A Teoria Sistêmica nos ensina a olhar como a vida das pessoas é moldada pelas interações tanto com seus familiares como pelos contextos nos quais estão inseridos.

O contexto familiar é compreendido de forma menos objetiva, mais complexa, na qual se vai em busca dos diversos significados dos membro familiares e da família como um todo.

O terapeuta familiar deverá atuar como um facilitador, ajudando nesse processo de curar feridas e também de mobilizar talentos e recursos.

Para tal é preciso que ao trabalhar no processo terapêutico familiar, o terapeuta possa se aprofundar nos seguintes pontos significativos:

Contexto relacional;

Circularidade dos comportamentos: individual e familiar,emocional,afetivo, cognitivo...

Padrão de comportamento familiar-Abertura /fechamento à mudança;

Estrutura familiar: subsistemas, fronteiras, triângulos,alianças, coalizões, hierarquia, papéis;

Heranças familiares e suas influências : Proximidade e diferenciação, sentimento de pertencer à família através dos seus valores e aprendizados, mas também se trabalhar em busca de um sentido de autoria própria: autonomia.
Esse olhar familiar é transgeracional focando a família de origem e a família nuclear.Muitas vezes, trabalhamos com a compreensão de tres gerações.

Processos dc Comunicação;

Crenças, valores, significados;

Ciclos de vida familiar;

Função do sintoma na familia;

obs- Os ítens acima são frutos da minha prática clínica, podendo, dependendo da singularidade de cada caso, serem complementados, modificados...

O terapeuta familiar sistêmico procura desenvolver uma epistemologia voltada à atenção de como evolui na sua forma de conhecer, atuar, mediante a observação atenta dos seus valores, sua visão de mundo, e a forma através da qual faz a integração desses fatores ao contexto terapêutico.

Seu olhar é, continuadamente, voltado ao contextual, ao relacional, sem esquecer também o valor do fator individual em cada sistema familiar, refletindo o terapeuta, que ao mesmo tempo que é parte integrante do sistema, haverá momentos nos quais precisará desse sistema tomar uma cautelosa distância.

Contextualizando uma visão pós- moderna, sistêmico- si - cibernética, dentro do conceito da Terapia  familiar , 1980, ( Maria José Esteves) é importante reforçar os seguintes pontos:

 Entender que  a família é um sistema aberto e que o terapeuta não estar a serviço de reparar ou consertar a disfunção. Importante o trabalho cooperativo entre família e terapeuta voltando o olhar à família também como recurso e não só dificuldade.

A  intersubjetividade do terapeuta deverá ser compreendida e incluída no contexto do sistema: o terapeuta deverá, ao mesmo tempo que faz parte do sistema, dele tomar distância para refletir conteúdos que são seus e das famílias.

Sabendo que não existe apenas uma realidade, o terapeuta precisa estar consciente das suas ideias que tem acerca das patologias, estruturas disfuncionais, seus preconceitos, das suas demandas, para que colocando tudo isso em parênteses, possa estar aberto para visões alternativas.

Essencial que o terapeuta aja como facilitador da autonomia do cliente, vez que ele  tem a função de "arquiteto do dialogo", que incentiva condições e facilita a abertura para a criação do espaço dialógico.

O terapeuta deverá compreender que adotar o pensamento circular não significa anular o pensamento linear, que faz parte da sobrevivência de todos nós. Importante é focalizar idéias, sentimentos e ações,compreendendo como esses se entrelaçam e contribuem ao sentido de autoria das famílias, olhando também as condições de interdependência dessas situações.

Fundamental ao terapeuta pós moderno é investir, continuadamente, no exercício de aprender sobre terapia familiar, aprender como fazer terapia familiar e aprender como ser um terapeuta de família.

Termino esse breve resumo citando Maria José Esteves na sua fala sobre a atuação do terapeuta familiar:

"Trabalhando adequadamente as reações que a família provoca nele, o terapeuta familiar, terá em mãos mais um poderoso fator de mudança da família em si próprio."

Lígia Oliveira - Resumo dos livros acima citados.

Lígia Oliveira- Terapeuta de família/casal e psicanalista

4 comentários:

  1. Adorei o blog, me ajudou bastante a conhecer a teoria

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    1. Olá Bia, bom dia

      Fico grata e feliz com o seu comentário. Um dos objetivos do blog é realizar essas trocas que nos motivam a seguir em frente.
      Caso tenha sugestões de temas e novos comentários, pode enviar que serão benvindos.
      Fica na LUZ, Lígia

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Ola!Gostei do blog,estou acompanhando.Iniciei meu estagio.Estou estudando,conhecendo sobre as Escolas clássicas da terapia familiar.Gostei dos resumos estava procurando a"Experiencial".VC pode me enviar por favor?

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