segunda-feira, 23 de março de 2015



A CONTRIBUIÇÃO DA VIDA E OBRA DE DR FREUD PARA  A PSICANÁLISE- TEORIA TOPOGRÁFICA.

Estudar sobre a vida e a obra do Dr. Sigmund Freud é adentrar na dinâmica dos seus processos individuais, relacionais, profissionais...  Nesse percurso, observamos como essas histórias acontecem mediante movimentos de integração e complementação.

Contextualizar esse estudo tendo como referência a Teoria Topográfica nos remete à compreensão de passos fundamentais à formação da teoria e prática psicanalítica.

Desde criança Freud mostra-se motivado às descobertas e o seu espírito de grandeza foi muito incentivado pela família, principalmente pela mãe, por quem Freud tinha muita admiração.

Freud forma-se em medicina, (neurologia) casa-se com Martha Bernays e tem seis filhos, em um espaço de oito anos. Na sua vida profissional, a princípio, ele foca a sua pesquisa na Fisiologia. Todavia, é quando se interessa pelos pacientes portadores de histeria, que vai ampliando mais a sua contribuição à vida mental. Freud realiza seu estudo mediante os casos dos seus clientes e também da sua própria vida, empreendendo por longo tempo uma autoanálise, (depois descobre ser impossível a autoanálise) trazendo à cena muitas autoavaliações e autorrevelações. Suas teorias, valiosas descobertas, são admiradas por uns e questionadas por outros, contribuindo assim a movimentos para maiores reflexões no cenário científico acerca da vida psíquica. Quando parte da sociedade lhe tecia críticas seguia em frente com coragem e persistência. Trazia no seu repertório uma fala onde dizia que ”Seu destino era perturbar o sono alheio”.

As amizades e inimizades são fatores que influenciaram, significativamente, a vida do pai da psicanálise. Ele junta-se a vários cientistas da época tais como: Brüche,( grande mentor) Chacort, ( criador da hipnose) Breuer (criador do método catártico) e Fliess( amigo íntimo a quem Freud chamou de “Meu único outro) “. Alguns destes amigos tornaram-se também seus inimigos. E em relação à essa dinâmica relacional Freud falava: “Um amigo íntimo e um inimigo odiado sempre foram requisitos da minha vida emocional; por vezes ambos se reuniam na mesma pessoa”.
Junto com Breuer publicam em 1895, “Estudos sobre Histeria”, (via introdutória à Teoria do Psiquismo de Freud) aprofundando o olhar à patologia dos sintomas neuróticos, alargando o estudo das fobias, obsessões, neuroses de angústia... Mais adiante, Freud afirma existir a histeria masculina, (antes só direcionada à mulher) tese essa, muito criticada na época. Trabalha com a hipnose, mas, aos poucos a abandona, voltando-se ao desenvolvimento do método catártico, cura pela fala, (Breuer) criando a Associação Livre, método até hoje usado pela psicanálise.

A curiosidade de Freud pelos sonhos o faz desenvolver pesquisa minuciosa e científica e em 1900 publica “A Interpretação dos Sonhos”, (grande marco da sua vida) onde explora a vida onírica, detalhando sobre a relevância dos conteúdos/significados dos sonhos e aborda como esses são desejos ocultos reprimidos, através dos quais voltamos aos estágios infantis. Assim sendo, comprova a existência e o poder do inconsciente. Nesse período Freud cria uma nova Teoria, a Primeira Tópica, sobre o aparelho psíquico, dividindo-o em três instâncias, Consciente (Cs), Pré- Consciente, (Pcs) Inconsciente, (Isc) distinguindo as características de cada uma. Reforça na sua descoberta a magnitude do inconsciente, afirmando que o “inconsciente é o próprio psiquismo e a sua realidade é essencial”. Ainda voltado ao estudo do inconsciente, Freud (respaldado também nas suas lembranças infantis) nos fala da existência do “Complexo de Édipo”, que aborda as fantasias do desejo infantil, voltadas às figuras parentais.

Em “Psicopatologia da Vida Cotidiana”, (1901) explora o conhecimento dos significados inconscientes dos lapsos, deslizes, chistes. Sempre como grande estudioso da sexualidade na sua obra “Três Ensaios sobre a Sexualidade Humana”, apresenta a cuidadosa Teoria da Libido que fala acerca das fases da sexualidade, (incluindo a sexualidade infantil) o valor da pulsão sexual e da persistência dos seus desejos, com ainda defende maior liberação à sexualidade humana.
Em relação à dinâmica processual da psicanálise, Freud, inicialmente, entende a transferência do analisado ao analista como um obstáculo. Todavia, adiante se refere ao fenômeno transferencial como essencial à análise, aprofunda acerca dos seus diferentes tipos e defende que “sem transferência não há análise”.
                                                                                            
Considerações Finais:
No estudo da Psicanálise, e do seu criador, vemos como esse grande homem influenciou o mundo como um todo, e, como sua contribuição continua relevante à psicanálise contemporânea que utiliza seus conhecimentos, através de uma metodologia científica, no desenvolvimento de um tratamento psicoterapêutico.
Observando a psicanálise no período da Primeira Tópica comprovamos sua importância à construção de pontes mais resistentes para elaboração do conhecimento do ser, em relação aos seus conteúdos inconscientes que sustentam suas neuroses, trabalhando a compreensão dessas através da associação livre, propiciando a descoberta desses significados, na busca das possíveis ressignificações.
A partir desse processo, segue olhando como esses conteúdos foram moldados na história de cada um, focando  o eu infantil,(fantasias,medos, desejos reprimidos...)  para melhor entender o eu adulto.
A psicanálise vivenciada na Primeira Tópica constrói elementos fundamentais à compreensão desses múltiplos eus, favorecendo aos que a ela se entregam possibilidades de vida mais saudável e feliz.
                                               
Referências bibliográficas
Gay,Petter,1923-Freud: uma vida para nosso tempo/Petter Gay: tradução de Denise Bottmann; consultoria editorial de  Luiz Meyer-2 ed.-São Paulo: Companhia da Letras,2012.

Kanh, Michael, 1924-Freud básico: pensamentos psicanalíticos para o século XXI/ Michael kanh;tradução de Luiz Paulo Guanabara.- 2.ed- Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,2005.

domingo, 1 de março de 2015

Filhos: Educando Para a Vida


O texto que vou compartilhar com voces é uma adaptação de parte de um capítulo do livro de Içami TIBA, Família de Alta Performance, Conceitos Contemporâneos  na Educação, psicoterapeuta autor de vários livros,  no nosso país.

São orientações, não um roteiro pronto, que têm como objetivo  levar os pais a refletirem melhor acerca da criação dos seus filhos, e suas posturas comportamentais, afetivas e emocionais.
É essencial a compreensão que as orientações, de acordo com a historicidade de cada família, poderão ser complementadas e ou modificadas, dependendo das singularidades familiares.

O resumo traz assuntos sobre criação e manutenção de regras, disciplina, sentido de coerência,  autoridade dos pais e melhoria da comunicação familiar. Fatores esses, que pela prática clínica, observamos que estão precisando de mais atenção na maioria das famílias que vão à Terapia Familiar
Para melhor compreensão de cada item, os mesmos serão apresentados em tópicos:

Filhos precisam aprender que comer é uma necessidade e decisão deles. Para tal é  essencial a criação e o desenvolvimento da rotina alimentar.

Na hora de explicar uma regra, uma determinação ao filho, fale claramente, pergunte se o filho entendeu e peça para o mesmo explicar a regra com suas próprias palavras. Ex: comer, brincar, dormir, jogar, tarefas etc...

Em cada tarefa cumprida o filho estará aprendendo a praticar a regra. Esta atitude lhe passa segurança e auto-estima.

Não à ambivalência dos pais- Pai e mãe precisam conversar entre si acerca das orietações que passarão aos filhos. O jogo de poder, autoridade e incoerência entre os pais é uma abertura à estratégia dos filhos para praticar a indisciplina, como ainda  à insegurança dos filhos.

Limites precisam ser conversados, acordados,( quando for adequado) determinados e monitorados.
Os pais precisam ficar atentos e não praticar, salvo em raríssimas ocasiões, ao hoje pode e amanhã não pode.

No caso da exceção, quando for preciso uma tolerância,  cuidar para que essa exceção não se transforme em regra.

É responsabilidade dos pais fazerem os filhos compreenderem que eles são responsáveis pelos seus atos negativos e positivos e suas reais consequências.  Ex: O filho sabe que precisa escovar os dentes e não escovou? Então ele não pode ir brincar, jogar, dormir até realizar a escovação.
Escovou? Então poderá brincar, jogar... Desde que tenha realizado seu dever, poderá usufruir do seu direito.

Prazo de execução para as ordens, tarefas, pedidos:  É importante fazer uma diferenciação aos prazos que precisam ser mais breves daqueles que podem ser negociados, pois, é importante investir no sentido de realização de metas, e sentimento de missão cumprida. Ex: Tirou os brinquedos da caixa para brincar? Terminou a brincadeira, hora de arrumar os brinquedos.

Disciplina sem autoritarismo, ou seja, obediência cega. O filho deve entender que a disciplina é uma qualidade básica para se alcançar a vitória, pois envolve respeito a si e ao outro.
Não a violência, agressões, gritos, vez que esses atos são resultado de imaturidade emocional. Devem os pais saber que são para os seus filhos o modelo primário de comportamento, e, que eles aprendem mais pelos exemplos que pelas palavras.

Quando os filhos tiverem repetidos comportamentos agressivos, é necessário que os pais observem o que podem estar fazendo para reforçar a  manutenção desse comportamento
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Caso o filho se comporte com gritos e agressividade, olhe-o firme nos olhos, se precisar segure-o pelos braços, mediante voz firme e clara diga-lhe o que ele precisa lhe ouvir. Os pais devem exercer sua autoridade para que seu filho entenda que seus destemperos não vão conseguir levá-lo a lugar nenhum.

Caso a agressividade do filho continue, respire fundo, procure manter a calma, afinal o adulto é você.
Se precisar saia do local, sendo esse seguro para seu filho, não se destempere, nada de gritos, beliscões, ameaças, vez que atitudes como essas podem estragar um caminho que já venha sendo percorrido por vocês.

Volto ao tema sobre o autoritarismo, atitude que trará como consequência filhos com comportamentos baseados no medo, timidez, revolta, dissimulação, falta de autonomia...

Na educação respaldada na vivência de uma autoridade mais horizontal, próxima, pais e filhos terão condições de investirem no diálogo, fazerem negociações (quando os assuntos assim os permitirem). Com essa conduta os filhos são mais ouvidos, têm direito a voz e questionamentos dentro de um clima de respeito recíproco, como também  desenvolvem melhor sua autonomia.

Nesse clima familiar os papéis, funções, regras, prazeres, rotinas são bem definidos e vivenciados, pois cada familiar trabalha consciente na observação das suas possibilidade e limitações, direitos e deveres,  individuais e da família como um todo.

                        Lígia Oliveira- Terapeuta de família/ casal e psicanalista.
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