sexta-feira, 31 de julho de 2015

Terapia de Casal- Vida Financeira


( Texto trabalhado em sessões de terapia de casal.)

Como anda seu relacionamento financeiro com o seu par e no casamento?

Na grande maioria das vezes, a forma de lidar com o dinheiro tem como base o aprendizado familiar.
No casamento a administração financeira, em grande parcela dos clientes, aparece como um fator de estresse, em função dos pontos de vistas acerca do dinheiro serem divergentes e até, em alguns casos, polarizados.

Falar em dinheiro, orçamento familiar, "juntar as receitas", "dividir os gastos"... certamente para muitos casais não é conversa explícita, bem trabalhada. Quando esses assuntos não estão bem resolvidos, concorrem à multiplicação de novas áreas dos conflitos conjugais.

A terapia de casal, mediante a explicação da importância de aprofundar o olhar ao relacionamento do par, reforça a necessidade da utilização do genograma financeiro( instrumental técnico) para uma melhor clarificação dos significados dos cônjuges em relação aos aspectos financeiros.

No genograma financeiro o terapeuta de casal elabora várias perguntas acerca da maneira pela qual os cônjuges desenvolveram sua administração econômica. A dinâmica procura ampliar essa vivência  em ciclos significativos da vida de cada um, situando passado, presente e futuro.

Através dos resultados do genograma, podemos, juntos, compreender de forma ampla sobre os conceitos e vivências de cada um,  como ainda trabalhar acordos de convivência possíveis, os quais irão proporcionar a melhoria do contexto conjugal como um todo.

As perguntas do genogramam financeiro são feitas primeiro a um, enquanto o outro apenas ouve. Depois de serem ouvidos os dois, trabalhamos na reflexão de como o casal quer e tem condições em construir seu acordo de convivência financeiro, visando uma vida conjugal mais equilibrada.

O terapeuta explica a importância de uma fala clara e de uma escuta ativa dos parceiros, na realização do genograma financeiro a seguir:

Exercício  sobre a vida financeira conjugal:

1- Como voce definiria o dinheiro na sua vida pessoal, conjugal, familiar,profissional e  social?

2- O que o dinheiro significava para a sua família de origem?

3- Como eram as conversas sobre dinheiro na sua família de origem?

4-O tema dinheiro trazia para voce sentimentos de: atrito, medo, raiva,silêncio, mágoa, ambição, aproximação, distanciamento... Outros.

5-Qual sua principal herança financeira familiar?  Gostaria de mudar algo?

6-Em uma ou duas palavras: O que significa o dinheiro na sua vida conjugal?

7- Qual a sua condição financeira hoje no casamento? E a do seu par?

8- Qual o nível de transparência da vida financeira do casal? Sua parte, e a do seu par?

9- Como é o processo de decisão do dinheiro no seu casamento?

10- Alguém se submete? Alguém domina?

11- Quando discordam financeiramente como resolvem? E quando concordam?

12- Como acontece a divisão do meu dinheiro,  do seu dinheiro e do nosso dinheiro?

13- Onde contribuo para uma vida financeira mais equilibrada? Onde não contribuo?

14- Qual o caminho principal ( possível) que o casal poderá construir para a melhoria da vida financeira conjugal?

15- Como voce vislumbra seu relacionamento daqui a um ano: continuando como está ou  fazendo as mudanças?

Após essa exploração do comportamento e historicidade de cada um, são observadas e trabalhados os principais pontos de diferença e concordância.

Essencial reforçar que o equilíbrio conjugal exige que os parceiros consigam se motivar em investir numa postura mais desarmada e conversas claras na construção de um estrutura financeira mais compartilhada e  ao mesmo tempo autônoma..

                     Lígia Oliveira - Terapeuta de família e casal

Obs- Base de leitura: Até que o dinheiro nos separe- A questão financeira nos relacionamentos/ Cleide
Guimarães, Sao Paulo, Saraiva, 2010.

Terapia Familiar na última Década, Rosa Macedo, São Paulo:Roca, 2008, Capítulo 46

terça-feira, 7 de julho de 2015

Terapia de casal com casais homoafetivos- Recife




Atualmente, observamos um movimento voltado a um percurso gradativo e crescente, todavia ainda lento, da compreensão da diversidade dos formatos de casamento, entre um desses os casais homoafetivos.
 
É fato que o homoafetivo solteiro como ainda os que  formam um casal, na sua maioria, empreende um esforço grandioso para serem reconhecidos na sua orientação sexual como ainda na sua  conjugalidade.
 
 A terapia de casal com pessoas homoafetivas, como com qualquer tipo de casal, procura conjuntamente, com o cônjuges trabalhar voltados à compreensão do relacionamento conjugal mediante os problemas sistêmicos que constituem a formação do casal tais como: vida afetiva individual e do par, profissional, familiar, social,  espiritual...no entendimento de como essas vivências poderão afetar positivamente ou negativamente  à relação a dois.
 
É essencial  que o olhar terapêutico  desenvolva a compreensão da necessidade do casal entender que um dos principais caminhos ao conhecimento e ao relacionamento conjugal é a atenção a forma como os cônjuges elaboram a interação da vida individual  com a vida do par e vice versa.
 
Alguns casais homoafetivos trazem como problema temas relacionados  à sua orientação sexual como a não aceitação dos seus familiares, e também, um dos cônjuges ter como postura o segredo da homoafetividade, vivendo por essa razão, o casal, um relacionamento repleto de limites.
 
No que se referee a não aceitação dos familiares, a terapeuta de casal, MacGoldrick no seu livro As mudanças do ciclo da vida familiar orienta:
 
"Onde a família ampliada é extremamente negativa em relação ao casal, seja qual for a razão, não encorajamos os casais a assumirem uma perspectiva mais ampla, não tentando transformar a aceitação do seu casamento num evento de sim e não, mas  ir trabalhando gradualmente ao longo do tempo para construir pontes que a família de aproxime"( McGoldrick,pag.195)
 
De maneira geral os casais homos apresentam dificuldades, como qualquer casal, voltadas a assuntos  que se referem à área financeira, infidelidade, vida íntima, ciúme, individualidade, comunicação disfuncional ao lidar com diferentes crenças, padrões de comportamento,  heranças e convívio familiar...
 
Como terapeutas de casal investimos na compreensão de  que o processo terapêutico não tem como objetivo a união ou a separação do casal.
 
O objetivo da terapia conjugal é facilitar aos cônjuges a leitura e o aprofundamento dos significados das suas feridas, limites, recursos e possibilidades.
 
Desta forma trabalhamos todos juntos para que o casal aprenda a percorrer caminhos, nos quais se sintam responsáveis pelas suas escolhas e decisões, sejam essas para seguirem separados ou de mãos dadas.
 
Lígia Oliveira- Terapeuta de casal, família e psicanalista.