quinta-feira, 3 de janeiro de 2019




Anéis de casamento de ouro quebrado — Fotografia de Stock


INFIDELIDADE  E TERAPIA CONJUGAL


- Os texto sobre o tema da Infidelidade teve como base de leitura o livro: As Múltiplas Faces da Infidelidade Conjugal, Luiz Carlos Prado,pág,69 a 96,Porto Alegre, 2012.
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David Baucon (2009), terapeuta de casal e pesquisador do tema Infidelidade, reforça a necessidade de compreensão aos clientes, quando em Terapia de Casal, trazendo como demanda a traição afetiva, que o processo terapêutico poderá acontecer dentro de um período mais amplo, vez que as diversas fases do tratamento precisam ser bem exploradas e compreendidas.
Segundo Baucon a terapia voltada à compreensão da infidelidade conjugal pode ser dividida em tres momentos:

 1- Fase na qual o casal precisa absorver o impacto da descoberta. 2- Fase onde se trabalha a elaboração da vivência traumática: Nesse ciclo o casal vai em busca de sentido para a infidelidade, estabelecendo novas responsabilidades e propósitos de vida. 3-  Fase  da vivência com o casal sobre o significado de levar a vida em frente, seja pela continuidade da vida conjugal, ou a separação.        
Observamos, tanto na teoria quanto na prática clínica, que a fase da descoberta, caracteriza-se por ser de uma crise intensa, na qual estão presentes sentimentos e comportamentos que se alternam como: mágoa, raiva, culpa, surpresa, medo, desejo de vingança...
As emoções são muito fortes como também ambivalentes. Ao mesmo tempo que se sente raiva, mágoa, pode vir o medo  da separação, da destruição do vínculo afetivo.
Torna-se difícil ao terapeuta caminhar buscando menos reatividade, defesas, vez que as visões dos cônjuges estão tumultuadas pela intensa carga afetivo- emocional, pela qual essa primeira fase está passando.
 Prado no seu livro As Múltiplas Faces da Infidelidade Conjugal (2012), diz o seguinte:
" Em um primeiro  momento o terapeuta deve funcionar como um bombeiro que precisa apagar um incêndio... Tirar  de perto as pessoas que não estão ajudando e trabalhar para apagar o fogo rapidamente".
É importante que o terapeuta fique atento e administre bem as sessões, entendendo que muitas delas poderão ser mais longas e frequentes, por se tratar de um período crítico.
Assim sendo, investe para que as conversas sejam objetivas e claras como por exemplo: se os parceiro poderão ficar ou não morando juntos, trabalhar para que o terceiro participante fique fora da relação afetiva enquanto o processo terapêutico acontecer, serem acordadas regras de convivência possíveis, objetivando a recriação do clima de confiança relacional..
Outro fator essencial nessa primeira fase é a compreensão do desenvolvimento de uma escuta e de um falar respeitoso, atuando o terapeuta nesse estágio, de forma mais diretiva, fazendo intervenções para que o casal saia do padrão de falas e atitudes destrutivas, da reatividade e defensividade.
Poderá haver a necessidade de encaminhamento dos cônjuges, ou de algum deles, para especialista, quando é avaliada a necessidade de estratégia medicamentosa.
Existem casos( menos comuns) nos quais o cônjuge infiel não opta por abandonar a terceira pessoa. Pouquíssimos são os casais que aceitam essa situação. O terapeuta precisa trabalhar com o parceiro infiel no sentido de que esse resolva a situação, em um tempo mais breve possível, pois a situação do segredo será danosa e poderá comprometer a confiança do processo...
Na grande maioria do processo terapêutico, essa primeira fase da terapia é permeada por ondas de descontrole, que exigem do profissional postura acolhedora, mas também mais firme, um olhar mais atento  para aprender a administrar  atitudes de agressividade, silêncios, revolta... Após a vivência dos momentos mais conflituosos, quando da descoberta da infidelidade, e, parte das emoções mais fortes terem sido exploradas, reconhecidas e compartilhadas, as ações terapêuticas caminham para um ciclo mais focado na elaboração da situação conjugal.
Nesse período, terapeuta e casal, procuram falar sobre o contexto conjugal antes da infidelidade acontecer, explorando os múltiplos fatores e suas interrelações, como ainda reavaliando a compreensão de cada um acerca da sua contribuição em relação à infidelidade.
É essencial o desenvolvimento de um olhar mais profundo ao clima relacional, mediante a compreensão de indicadores como conversa entre os parceiros, intimidade, proximidade afetiva, projetos comuns, vida individual, companheirismo, respeito...
É necessário a abordagem terapêutica levar os parceiros a ampliarem o entendimento  do sentido da infidelidade, mediante a compreensão  de que a mesma aconteceu na relação. Assim sendo, o  olhar  conjugal deverá entender que a infidelidade não é responsabilidade apenas do parceiro participante.
Dentro dessa ótica, o  companheiro magoado poderá estudar também seus momentos e atitudes que tenham contribuído ao afastamento conjugal

Em relação ao parceiro infiel, esse deverá falar com clareza acerca da sua participação, mediante avaliação das suas experiências, valores, heranças familiares, modelos relacionais.... Esse trajeto poderá trazer à tona, sentimentos e falas nunca antes revelados tais como: abusos, sentimentos de abandono, desvalia... os quais poderão auxiliar à leitura do quadro relacional.

"Quanto ao terceiro parceiro participante, é importante que o casal tenha uma atitude firme e decidida de procedimento e estabeleça limites claros em relação a ele, para manter o parceiro afastado... Quando se mostrar muito insistente pode ser que precise de atitudes mais drásticas como buscar medidas judiciais, exigir o afastamento, mudar de bairro..."( Prado, 2012)

Trabalhados os diversos aspectos da infidelidade, a terapia deverá se encaminhar para a fase do processo de escolha e decisão dos cônjuges: Se  a decisão é separar ou continuar o vínculo conjugal.
Caso a escolha recáia sobre continuarem juntos, deverão ser conversadas e acordadas as principais mudanças que irão beneficiar o contexto e vivência da vida a dois.

Sendo a decisão  voltada à separação, é função do terapeuta ajudar aos ex-cônjuges  na  compreensão de que também podem andar por esse caminho, de uma forma mais construtiva.

       Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal, Família, Sexual  e Psicanalista.

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DESPEDIDA

Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente,
seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro,
 
com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva,
já que ainda estamos tão embrulhados na dor
que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.
A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços,
a dor de virar desimportante para o ser amado.
Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida:
a dor de abandonar o amor que sentíamos.
 
A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre,
 
sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…
Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. 
Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir,
 
lembrança de uma época bonita que foi vivida…
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual
a gente se apega. Faz parte de nós.
 
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis,
 
mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo,
que de certa maneira entranhou-se na gente,
 
e que só com muito esforço é possível alforriar.
É uma dor mais amena, quase imperceptível. 
Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’
propriamente dita. É uma dor que nos confunde.
 
Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos
 
deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por
ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos,
 
que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. 
É o arremate de uma história que terminou,
 
externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa também sair de dentro da gente…
 
E só então a gente poderá amar, de novo.
Martha Medeiros