sábado, 5 de novembro de 2016

Psicanálise- Lembranças Encobridoras


Estudo- O Mecanismo Psíquico do Esquecimento, Edição Standart  Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund  Freud, volume III.

Lembranças Encobridoras- páginas: 333 a 354

Roteiro para estudo e conversação em grupo:

1-      Lembranças Encobridoras são recordações nas quais o conteúdo manifesto é visto pelo sujeito como não significativo, banal.Todavia, esse conteúdo é rico em detalhes, sentimentos precisos e intensos, chegando muitas vezes  a serem alucinatórios.

2-      Desta forma, sob o manto de uma recordação aparentemente, banal, parece ter outras experiências da vida psíquica anteriores ( infantis), ou posteriores, bastante significativas que encontram nessas memórias, base para se manifestarem através de símbolos;  essas partes esquecidas contém tudo que essas lembranças significativas forma omitidas antes de serem e esquecidas.

3-      O que é registrado como imagem mnêmica não é a experiência Relevante. Essas cenas forma  retidas.
4-      O processo psicanalítico investe na busca do estudo e da compreensão das relações e conexões que existem entre o conteúdo psíquico das neuroses e a vida infantil do seu paciente.

5-      As crianças de 3  a 4 anos apresentam uma significativa organização mental em relação a sua compreensão emocional e não encontram-se razões óbvias que se explique a amnésia infantil.
6-      Alguns pacientes não se recordam dos seus primeiros anos de infância; outros só tem recordações a partir dos seus 6 anos.

7-      Pesquisa realizada em1895, pelos Henri ouviram 123 pessoas acerca das suas lembranças infantis; 82 delas trouxeram lembranças a partir dos 2 a 4 anos. As outras 61 pessoas só tinham recordações a partir dos 6 anos.

8-      Por que se  suprime aquilo que é importante e se retém o que é indiferente?
9-      Duas forças psíquicas estão presentes em lembranças encobridoras: UMA que dá ao fato, ação ou sentimento significado importante e a OUTRA que é uma resistência à recordação desagradável.
10-  A Lembrança Encobridora é o resultado desse processo.

11-  A Lembrança Encobridora seria um caminho para se encontrar outras
experiências conexas.

12-A resistência acontece pela existência de um conflito e de uma ideia censurável. Essa ideia censurável pode ser associativamente DESLOCADA, emergindo sob a forma de outra lembrança.

 13-O processo analítico vai trabalhar no aprofundamento dos motivos originais da retenção da lembrança ( retida)procurando compreender acerca da relação mantida pelo paciente, entre o conteúdo aparente e manifesto da sua lembrança e aquilo que foi suprimido, latente; os elementos essenciais omitidos.

14- Resumo do caso de um paciente citado no artigo:

     Sonho “infantil”- símbolos, campo, flores, cores,o paciente enquanto 
     criança, brincadeiras infantis, agressividade, recompensas...

15- O analista vai junto com o paciente trabalhando cuidadosamente na análise dessas lembranças que encobriam significados antes não compreendidos. Buscam os significados dos símbolos, experiências, mediante a Associação Livre.

16- Perguntas chaves trazem aos poucos o olhar mais curioso e atento do par analítico: Quando começaram essas lembranças, seu contexto, seus significados, o quanto essas recordações afetaram a  vida do paciente, em  quais  momentos  as lembranças apareciam..

17- Importante observar que nesse caso estudado as lembranças do paciente aconteceram quando ele tinha 17 anos e depois aos 21 e dentro de contextos que aludiam ao passado, mas na vivência de experiências das idades mencionadas.

18- Todavia as lembranças falavam de uma vontade do paciente em melhorar o seu passado. Ex. Se tivesse ficado na terra natal, hoje poderia estar...

19- Trabalho de análise seguindo na exploração e aprofundamento dos vários símbolos reforçados pelo paciente nas suas lembranças, provocando abertura e insights, trazendo condições ao paciente de ver como suas lembranças encobridoras ocultaram seus desejos, e quais as relações que podem existir entre o conteúdo manifesto e o que foi suprimido: o latente.

20-É essencial o cuidado ao processo de interpretação das lembranças, imagens, para NÃO atribuir um sentido culturalmente aceito às imagens, mas antes de tudo saber que os pacientes podem ter significados mais profundos e subjetivos.

21- Na maior parte das cenas infantis o sujeito se ver como uma criança que se observa como um observador externo. Desta maneira é evidente que quando fala de uma cena pode não ser uma repetição EXATA da impressão original, podendo essa recordação ser superelaborada.

22- Muitas lembranças da infância, quando faladas por outras pessoas revelam não terem sido tão verdadeiras.

23-Essas modificações estão a serviço de objetivos de repressão, repulsas, deslocamentos. A lembrança falsificada é a primeira que tomamos consciência; o conteúdo pelo qual a forjamos continua inconsciente.

24- O artigo QUESTIONA: SE TEMOS MESMO ALGUMA LEMBRANÇA DA NOSSA INFÂNCIA- LEMBRANÇAS RELATIVAS À NOSSA INFÂNCIA PODEM SER TUDO QUE POSSUÍMOS.

25-Lembranças infantis mostram nossos anos NÃO como foram, mas como nos aparecem nos anos posteriores em que as lembranças foram despertadas.
26- Ao despertar as lembranças encobridoras, elas não emergiram elas foram FORMADAS NESSA ÉPOCA.

Lígia Maria Bezerra de Oliveira- Abril-2015