segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Recasando Também com os Filhos do Casamento Anterior: Estratégias Para a Melhoria da Convivência.







Estudando sobre recasamento percebemos que o tema traz no seu processo emocional de construção um misto de desafio e esperança.
Quando o novo casamento acontece com a presença de filhos de casamentos anteriores, esses filhos exercem um lugar significativo na nova dinâmica familiar,  tornando-se o relacionamento entre eles e o novo cônjuge um importante termômetro das possibilidades do casal .
A Terapia Familiar nesse processo, visa trabalhar para que os cônjuges, padrasto, madrasta, filhos, e demais familiares possam refletir sobre a compreensão de  que participam da construção de uma estrutura familiar com suas singularidades.

No recasamento,via de regra, vivenciam-se múltiplos conflitos relacionais em seus diversos subsistemas familiares. Nas famílias recasadas com filhos anteriores, é comum o desenvolvimento de um clima permeado por críticas, mágoas, silêncios, palavras mal colocadas, ou mal compreendidas...
Uma situação recorrente aos casais recasados diz respeito às fronteiras da autoridade entre o novo cônjuge e os filhos do par. Ou seja: o novo cônjuge reclamando da reduzida autoridade perante aos enteados e o progenitor considerando o novo parceiro pouco flexível,  implicante com ele, em relação ao item autoridade.

 É importante que façamos uma diferenciação entre autoridade e autoritarismo. Enquanto o primeiro tem como base o compartilhamento e a identificação de direitos e deveres, o segundo alimenta a imposição como pilar.


No trabalho com  famílias recasadas, percebemos uma insegurança quanto à delimitação das fronteiras, vivenciando-se  dificuldades em se estabelecer, quem, como e quando representa a autoridade. Essa incapacidade de solução poderá resultar no término do vínculo afetivo do novo casal.

É essencial compreendermos que o vínculo afetivo no recasamento acontece primeiro entre os novos parceiros e não entre padrasto, madrasta e enteados.  O clima do respeito a esse ponto é fundamental. Essa relação respeitosa passa primeiro, pelo  intermédio do progenitor,  o qual fica com a função inicial de canal entre os filhos e o novo parceiro. Caso essa função não seja desenvolvida, facilitará condições à ocorrência  de conflitos de autoridade.


O relacionamento entre padrasto/madrasta e enteados terá condições de sucesso se forem observados e bem compreendidos os seguintes fatores: residência principal dos enteados, contexto das separações, contexto do recasamento, papéis dos envolvidos, quais os espaços de cada um, quem no momento está no comando, hierarquia, ciclo de vida familiar, separação amadurecida dos papéis parentais e conjugais, regras acordadas e monitoradas.

A Terapia Familiar, dentro do ritmo e condições familiares, vai trabalhando cada um desses ítens , investindo na compreensão das suas influências na dinâmica do casal e familiar. Para tal é imprescindível uma cooperação compartilhada, onde o casal possa após o desabafo das mágoas e razões, explorar de forma aberta e menos reativa os fatores acima.


Destacamos ainda como significativo  ao novo par, um olhar mais efetivo às possíveis reações negativas e de resistência de muito dos envolvidos, havendo a necessidade do exercício da paciência, habilidade que facilitará o caminho para que não se entre no jogo improdutivo da insistência, da culpa e de acusações.

Construir estratégias de abertura e enfrentamento aos conflitos passa, fundamentalmente, pela postura  verdadeira do querer afetiva e efetivamente compartilhar alternativas conjuntas de convivência mais sadia e compreender que essa é uma estrada repleta de pontes, desvios , e cores.


                   Lígia Oliveira - Terapeuta familiar e de casal

obs- O texto acima teve como base o livro Terapia Familiar no Brasil na Última Década, Rosa Maria Macedo, 2008, capítulo 52.

               


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