quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

PSICANÁLISE - RESENHA SOBRE A NEUROSE OBSSESSIVA COMPULSIVA PARTE II








Parte II

Descrevo,agora,de maneira geral as principais características clínicas do obsessivo compulsivo:

Sintomas de ordem, limpeza, regras, excesso de escrúpulos, podendo essa obsessividade ser expressa dentro de dois perfis distintos: a forma passiva( relacionada a fase retentiva anal) e a  forma ativa( fase anal expulsiva). No primeiro perfil estaria o neurótico passivo- submetido, ou seja: pessoas que têm uma necessidade imensa de agradar, medo de perder o amor das pessoas. Exagero de falas com gentilezas forçadas onde o, por favor, desculpa... são ampliados e aqueles  que desenvolvem atitudes masoquistas.
Estão no segundo perfil dos obsessivos os do tipo ativo- sub metedor, resultado de uma identificação com o agressor, muitas vezes reforçando atitudes de controle excessivo para com os outros que tem o objetivo de ser o dono absoluto da verdade, sendo todos esses pensamentos permeados por um sentimento constante de culpa.
Os neuróticos obsessivos se utilizam de mecanismos defensivos tais como:
Anulação (ação que desfaz o que já foi feito, sentido ou pensado), isolamento (que consiste em inibir o afeto do pensamento) formações reativas (comportamentos que procuram negar os sentimentos que trazem ansiedade), racionalização e intelectualização (muitas vezes utilizadas na análise através da resistência).
A escolha das suas relações objetais tem como foco  um olhar disjuntivo, separado por dois polos distintos ou seja pessoas que se caracterizam a complementação  dos tipos :sádico-masoquista,dominador- dominado...
Olham a sexualidade através da analidade, com excesso de cuidado com a higiene, desenvolvendo um sentimento de propriedade ou proprietário do parceiro. Tem também na sua relação sexual uma exagerada moralidade para a vivência da sexualidade anal e oral que a vida adulta aos casais pode propiciar.
Quando há uma obsessividade narcísica a pessoa demonstra, mesmo que sob a máscara da modéstia, uma superioridade, ou seja, ela é a pessoa mais honesta, mais certa, mais disciplinada...
Instalada a obsessão narcísica o neurótico desenvolve um medo crescente de um fracasso no orgasmo ou na potência o que o leva ao desenvolvimento de um ciclo vicioso de medo e evitação da intimidade sexual, o que pode resultar em comportamentos de isolamento e fobia.
Alguns dos sintomas mais comuns da neurose obsessivo- compulsiva se apresentam nas seguintes posturas: excesso de lavagem das mãos, mania de limpeza, rituais de higiene, preocupar-se acentuadamente com germes e contaminações, verificar repetitivamente o fechamento de portas, janelas, dar valor excessivo a números e contagens, pensamentos catastróficos, simetria neurótica, pensamentos voltados à punição e morte.
É interessante ressaltar uma característica forte no obsessivo: sua habilidade ao pensar. Ele cogita, pensa e desenvolve uma extensa ruminação mental, repleta de dúvidas, rituais e uma vivência sofrida de uma consciência de culpa constante.
Em relação ao trabalho analítico, é essencial que o psicanalista aprofunde o seu olhar e atenção, para que o obsessivo compulsivo não engendre mecanismos próprios que consiga prevalecer o seu controle, mediante a utilização dos seus múltiplos comportamentos defensivo.
“ O maior cuidado que o analista deve ter consiste na possibilidade de ele se deixar equivocar pela colaboração irretocável desse paciente que costuma ser obsessivamente correto, assíduo, bom pagador... porém existe a possibilidade de que esse analisando esteja cumprindo a tarefa de ser bom paciente, do que alguém disposto a fazer mudanças verdadeiras”. (Zimeman).
 Entendemos que a obsessividade é o resultado da atuação dos mecanismos de defesa contra a ansiedade, e que mediante um trabalho compartilhado, passo a passo, entre analista e analisando, poderão ser construídos caminhos que  trabalharão na busca da transformação dessas forças inimigas em forças aliadas. 
  
Ligia Oliveira- terapeuta de família e casal e psicanalista


Bibliografia:
Zirmeman,David,E.Psicanálise em perguntas e respostas: verdades,mitos e tabus/David E.  Zimerman- Porto Alegre:Artmed,2005

Fundamentos Psicananlíticos: teoria, técnica e clínica- uma abordagem didática- Porto Alegre: Artmed, 1999.


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