sábado, 12 de janeiro de 2013

Infidelidade e Terapia de Casal- Parte Um



David Baucon (2009), terapeuta de casal e pesquisador do tema Infidelidade, reforça a necessidade de compreensão aos clientes, quando em Terapia de Casal, trazendo como demanda a traição afetiva, que o processo terapêutico poderá acontecer dentro de um período mais amplo, vez que as diversas fases do tratamento precisam ser bem exploradas e compreendidas.


Segundo Baucon a terapia voltada à compreensão da infidelidade conjugal pode ser dividida em tres momentos:
 1- Fase na qual o casal precisa absorver o impacto da descoberta. 2- Fase onde se trabalha a elaboração da vivência traumática: Nesse ciclo o casal vai em busca de sentido para a infidelidade, estabelecendo novas responsabilidades e propósitos de vida. 3-  Fase  da vivência com o casal sobre o significado de levar a vida em frente, seja pela continuidade da vida conjugal, ou a separação.
  
                
Observamos, tanto na teoria quanto na prática clínica, que a fase da descoberta, caracteriza-se por ser de uma crise intensa, na qual estão presentes sentimentos e comportamentos que se alternam como: mágoa, raiva, culpa, surpresa, medo, desejo de vingança...
 
As emoções são muito fortes como também ambivalentes. Ao mesmo tempo que se sente raiva, mágoa, pode vir o medo  da separação, da destruição do vínculo afetivo.
Torna-se difícil ao terapeuta caminhar buscando menos reatividade, defesas, vez que as visões dos cônjuges estão tumultuadas pela intensa carga afetivo- emocional, pela qual essa primeira fase está passando.
 
 Prado no seu livro As Múltiplas Faces da Infidelidade Conjugal (2012), diz o seguinte:
 
" Em um primeiro  momento o terapeuta deve funcionar como um bombeiro que precisa apagar um incêndio... Tirar  de perto as pessoas que não estão ajudando e trabalhar para apagar o fogo rapidamente".
 
É importante que o terapeuta fique atento e administre bem as sessões, entendendo que muitas delas poderão ser mais longas e frequentes, por se tratar de um período crítico.
Assim sendo, investe para que as conversas sejam objetivas e claras como por exemplo: se os parceiro poderão ficar ou não morando juntos, trabalhar para que o terceiro participante fique fora da relação afetiva enquanto o processo terapêutico acontecer, serem acordadas regras de conviência possíveis, objetivando a recriação do clima de confiança relacional..
 
Outro fator essencial nessa primeira fase é a compreensão do desenvolvimento de uma escuta e de um falar respeitoso, atuando o terapeuta nesse estágio, de forma mais diretiva, fazendo intervenções para que o casal saia do padrão de falas e atitudes destrutivas, da reatividade e defensividade.
Poderá haver a necessidade de encaminhamento dos cônjuges, ou de algum deles, para especialista, quando é avaliada a necessidade de estratégia medicamentosa.
 
Existem casos( menos comuns) nos quais o cônjuge infiel não opta por abandonar a terceira pessoa. Pouquíssimos são os casais que aceitam essa situação. O terapeuta precisa trabalhar com o parceiro infiel no sentido de que esse resolva a situação, em um tempo mais breve possível, pois a situação do segredo será danosa e poderá comprometer a confiança do processo..
 
Na grande maioria do processo terapêutico, essa primeira fase da terapia é permeada por ondas de descontrole, que exigem do profissional postura acolhedora, mas também mais firme, um olhar mais atento  para aprender a administrar  atitudes de agressividade, silêncios, revolta...

     Continua no próximo texto.    Lígia Oliveira- Terapeuta de Casal e Família
 
 
 

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