domingo, 17 de agosto de 2014

Avós, Pais e Netos- Parceria na Educação- Parte Dois









  
Voltando nosso olhar à convivência entre avós e netos, reproduzo no texto a seguinte afirmação, sobre o assunto, registrada no livro A Família e o Idoso, org. Deusivânia Falcão, pag. 39:
"São diversos os aspectos que influenciam as relações de avós e netos, tais como: idade, gênero, mediação dos pais, distância geográfica, trabalho e saúde dos avós, nível sócio emocional da família, ocorrência de eventos disruptivos, entre outros".
A ampliação do papel dos avós na vida dos netos, tanto em relação aos cuidadores diários como aos que são  responsáveis financeiramente, nem sempre são decorrência das escolhas desses avós. Grande parte dessa função de cuidado e de avós como pais substitutos, é imposta por fatores sociais emocionais e sociais tais como:
Gravidez na adolescência, separações, mortes dos filhos, dependência química, desemprego, problemas financeiros, abandono, negligência paterna...
O aprendizado cultural, entre as gerações, acontece através de uma variedade de significados e valores, onde se alternam o" tradicional" e o "moderno", o  "novo" e o "velho".
Percebemos, devagar, um movimento de redimensionamento desses valores  no que se refere aos papéis mais voltados à autoridade e hierarquia.
Nos casos em que os pais assumem a função de pais substitutos, os assuntos relativos às estratégias educacionais necessitam de um maior estudo e reflexão..
Importante, nesse movimento  um olhar no qual se tenha condições de se discutir sobre as diversas diferenças, de vivências e significados, onde avós, pais e netos, não queiram entender o processo educacional transgeracional como algo unilateral ( no meu tempo...)
O relacionamento entre os avós e os  netos acontece  de forma ativa, alternando-se afetos e atritos, principalmente,  quando  esses avós têm a responsabilidade na educação. O processo tornar-se ainda mais complicado se  não existe a presença da geração do meio ( pais). Sinalizamos nesse ítem a guarda delegada aos avós, morte ou mesmo abandono.
Pesquisa realizada em Brasília, recentemente, por Jaqueline Maragoni e Maria Cláudia de Oliveira ( A Família e o Idoso), que teve como objetivo analisar as relações entre avós( com idade que variaram de 50 a 69 anos) e netos ( adolescentes, entre 13 e 18 anos) nos apresenta principais vivências do contexto familiar:
Preocupações com a violência do contexto urbano;
Relação de co- dependência afetiva e financeira entre gerações no contexto familiar;
Dificuldades socioeconômicas entre as gerações avós e netos no contexto familiar;
Negociações entre valores tradicionais e modernos.
Na pesquisa referida, os avós e netos foram atendidos em grupos focais em encontros de quatro horas cada. As significações em relação aos avós foram descritas pelos netos como pessoas importantes nas suas vidas;
" As narrativas ofertadas pelos participantes permitiram reconhecer os avós da pesquisa como pessoas ativas no processo de desenvolvimento dos netos e que representam um importante esteio emocional e financeiro à família".

Observamos na prática clínica, que a postura da maioria dos avós, segue o exemplo da pesquisa referia acima.
                        Lígia Oliveira-  Terapeuta de família e casal

obs- O texto teve como base de leitura o livro A Família e o Idoso- Desafios da Contemporaneidade, org. Deusivânia Vieira da Silva Falcão- Campinas, SP, Papirus, 2010-  2- Relacionamento Intergeracionais: Avó e Netos na Família Contemporânea.

Nenhum comentário:

Postar um comentário