sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Relacionamento com Dinheiro - O Que Esse Comportamento Pode Revelar ?









A socióloga especializada em economia e marketing Glória Maria Pereira, de São Paulo, fez a seguinte afirmação em entrevista  à revista Bons Fluidos ( fevereiro, 2003) :"A saúde nem sempre está em nossas mãos, mas a felicidade e o sucesso financeiro sim. Esse último depende apenas de planejamento, não da sorte. Além disso, saber lidar com o dinheiro é saber lidar com as pessoas". Ok, vamos lá... Que tal observar como voce lida com as pessoas e fazer essa ponte   com  a forma como voce administra sua vida  financeira?
De acordo com os dados da socióloga apenas 20% das pessoas tem uma relação positiva de administração financeira, ou seja, utilizam o gastar e o poupar em momentos adequados, não ficando dependentes de dívidas constantes, mas também usando o dinheiro como forma de prazer, afeto, cooperação, ajuda etc... Os 80% restantes apresentam problemas em lidar com as finanças: exageram no gastar ou no poupar e utilizam o dinheiro com forma de poder, dominação, humilhação, mania...
Podemos parar agora e refletirmos sobre o significado desse tema tão instigante: O uso do dinheiro.

 Talvez seja bom nos perguntarmos: O que aprendi com minha família sobre o significado do dinheiro para a vida ?Quando esses significados traduziam para mim ansiedade, prazer, medo, possibilidade, controle, prazer, ajuda, crescimento, presente e futuro? O que é saudável continuar alimentando e o que me reforça o sofrimento?
Dizem os estudiosos em comportamento que o gasto excessivo pode denunciar carência afetiva. Enquanto a preocupação muito direcionada ao ato de poupar traduz um comportamento voltado ao constante adiamento da felicidade.
Quando focamos a  atenção no casal observamos como a questão financeira conjugal é um valioso termômetro da vida íntima a dois. É necessário compreender que o comportamento dos parceiros em relação à administração financeira, vai depender  também dos significados vivenciados na família de origem.
Na maioria dos casos, os novos casais iniciam sua vida, como par, com posturas baseadas no individualismo, tão presente na cultura atual. Percebemos como a construção do nós conjugal demanda tempo, passos e olhares voltados para uma conversa clara  que revele o que cada um pode  fazer, mudar ou aceitar para a melhoria da dinâmica afetiva.  É um cenário onde os parceiros se alternam nos papéis de diretor e ator ao mesmo tempo. E, em determinados casos essa disponibilidade ainda está sendo, vagarosamente, gestada e parece ser um "gestação" de alto risco.
O amadurecimento relacional terá condições de ser desenvolvido, aos poucos, a partir do querer pensar de forma cooperativa,  por parte de cada um dos cônjuges. Poderão, dessa forma, vivenciar postura de negociação conjugal, dentre as quais a questão financeira.
Podemos dizer que a construção conjugal de um compromisso financeiro positivo requer acordos possíveis, monitoramento desses e a firmeza de cumpri-los. É um aprendizado de idas e vindas, que exige disciplina, paciência e motivação para construir e seguir um plano de ação conjunto.Sem isso não avança.
Avalio que é também fundamental, nesse processo, ver o quanto de energia amorosa, respeito, razão, entrega e reciprocidade vem junto nessa caminhada. Afinal, a relação financeira do casal é apenas  um segmento da dinâmica conjugal que está respaldada, como outros segmentos, nos pilares acima descritos. A vontade de evoluir em negociações alternando a adequação entre mudanças e aceitação dos significados de cada um, possibilitará ao casal maior chance de  sucesso de um plano a dois.
Na Terapia Familiar e de Casal fazemos uso de um instrumento  técnico  chamado de Genograma
que através de perguntas sobre as famílias de origem dos parceiros ( valores, crenças, comportamentos, mitos, limites, relacionamentos, conflitos, alianças ...), auxiliam na compreensão das influências dos familiares na vida de cada cônjuge. Muitos significados, dentre esses a  maneira de lidar com o dinheiro, são relacionados à vivência atual do casamento, possibilitando mediante trabalho com esses fatores ajudar o casal a aprofundar seus conhecimentos familiares e poder escolher, para sua vida, tanto pessoal como conjugal e familiar, caminhos geradores de  uma vida mais funcional.
    Reflexão:

   Olhando para o seu relacionamento financeiro  casal/ família o que precisa ser melhor
   construído? Qual a sua parte? A parte do outro?

                   Lígia Oliveira - Terapeuta de Casal e Família

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