terça-feira, 16 de abril de 2013

O Processo do Divórcio-Parte Um




O divórcio traz no seu percurso vários fatores emocionais, psicológicos, afetivos, cognitivos, sociais, religiosos...repercutindo de forma complexa na dinâmica do casal e da família.
Podemos dizer que as separações conjugais dão origem a uma extensa rede de dificuldades familiares. 
Peck e Manocherian( 1995- 1989) apresentam como estágios do divórcio as seguintes etapas:
-"Cognição individual"- A decisão de cada membro do casal em divorciar-se;
-"Meta cognição familiar"- O planejamento da separação e a comunicação às famílias;
-" A separação do sistema"- O divórcio propriamente dito, quando há o rompimento da família e rede social;
-"Reorganização do sistema"-O pós- divórcio em que novas fronteiras têm de ser definidas entre o casal, os pais, os filhos e suas respectivas famílias de origem;
- "Redefinição do sistema"- A família resolve as tarefas desenvolvimentais do momento do ciclo da vida.
Os assuntos que se relacionam com a parentalidade, questões financeiras, relacionamento com a família extensa, e, também novos relacionamentos afetivos por parte de um dos ex- cônjuges, são, no início do processo, na grande maioria das vezes, permeados por um clima conflituoso, o qual alimenta culpa, acusações, violência, retaliações...
A crise durante o o processo de separação tende a se agravar dependendo de mùltiplos fatores tais como: tempo de casamento, idade,sexo, ciclo de vida, motivos da separação, formas de abordagens, e principalmente, quando esse percurso é alimentado por mágoas, acusações, mentiras, provocações, mentiras,provocações, agressividade...

Um ponto significativo da dinâmica do divórcio é a forma pela qual os ex- cônjuges e os familiares elaboram suas perdas.
A separação faz surgir um sentimento de fracasso, perda  da família e do casamento sonhado, ansiedade e tristeza pela ruptura da rede afetiva e social.
Todos sofrem as consequências e precisam de apoio emocional para a realização das suas adaptações individuais, grupais, emocionais, financeiras, sociais, exigindo dos envolvidos  a ressignificação de modelos, valores e formas de viver. 

A vivência das etapas do divórcio, nas fases pré e pós, poderá ser mais difícil quando um dos ex- cônjuges não quer e/ou não consegue desenvolver condições psicológicas para administrar o "divórcio emocional"( soltar-se emocional e  afetivamente do ex- parceiro), ou seja, "trabalha contra", reforçando posturas de alimentação de ressentimento, vinganças...

Nesse casos presenciamos o agravamento da situação emocional dos ex-cônjuges e filhos, podendo acontecer o que chamamos de triângulos familiares entre pais, filhos, avós, netos, trazendo sofrimento, na maioria das vezes, aos filhos.. Esses desenvolvem conflitos de lealdade com os seus pais e familiares mais próximos afetivamente  envolvidos com a separação. Percebemos em muitos desses filhos  sentimentos de ansiedade, ambivalência em função de não querer ser contra nenhum dos seus pais, nem de seus familiares queridos..


     Continua no próximo texto

                                           Lígia Oliveira- Terapeuta de casal e família

Obs- Base para o texto: As mudanças no ciclo da vida familiar- Uma estrutura para a terapia familiar:
Monica MacGoldrick, Porto  Alegre, Artes Médicas, 1995

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